Capítulo 27

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Oliver

Me despeço de Saulo e encaro a casa de Hugo e Emily. A casa deles tem dois andares, as janelas são brancas, de madeira, dando um ar antigo para a casa. O portão de ferro protege o quintal, que é cheio de plantas e a própria casa em si.

Empurro o portão de ferro, que está aberto, assim como a porta de madeira da casa. Dou uma batidinha nela antes de entrar, só para anunciar minha chegada.

Sou recebido pelo cheiro de pizza no forno, encontro Caio e os três irmãos na cozinha. Cumprimento os quatro, e me remexo desconfortável com o olhar que Scott lança pra mim e pela cara divertida de Hugo.

— Onde ela tá? – Pergunto, me referindo a Emily

— Lá em cima, o quarto dela é o primeiro do corredor, tem um desenho de janela na porta dela – Hugo diz e eu assinto.

— Quem convidou esse menino, hein? – escuto Scott dizer quando saio da cozinha.

Escuto uma risada, que presumo ser do irmão do meio, Brian.

— A Emy convidou — Caio diz.

— Estou chocado – o mais velho diz e sinto um tom de diversão em sua voz.

Sorrio e subo as escadas. Como Hugo disse, a porta de Emily tem um desenho pintado no meio dela. O desenho consiste em uma janela branca aberta, que dá para uma praia, com um mar revolto, pintado com um azul bem escuro, a areia é de um amarelo tão claro que parece branco. O sol brilha no canto da janela, e as nuvens parecem estar carregando uma tempestade.

Olhar para esse desenho te dá a sensação de que algo não está certo, mas ainda sim é belo.

Bato na porta e Emily grita "entre". Ela com certeza não sabe que sou eu que estou batendo, penso, querendo rir. Abro a porta e não consigo deixar de escancarar a boca.

O quarto dela não é tão grande quanto o meu, tem um tamanho médio. Mas o surpreendente não é isso. Todas as paredes do quarto, todas mesmo, estão lotadas de post-its amarelos, azuis, verdes e rosas. Acho que não tem nem mais espaço para colar coisa alguma. O espelho do armário também tem coisas coladas, incluindo um desenho, mas não consigo visualizar de onde estou. O único lugar que escapou foi o teto, pelo menos isso.

— Já acabou? – Emily pergunta e eu me viro para ela, que está parada ao lado da grande janela do quarto.

— Seu quarto é... – tento encontrar palavras para descrever o que vejo.

Não chega a ser sufocante, porque o meu próprio quarto é um pouco assim, mas ainda sim... É um pouco intimidante.

— Eu sei, dá vontade de sair correndo – ela diz.

Aponto para o puff dela, perguntando se posso sentar e ela assente, ainda sem se descolar da janela.

— Foi você quem pintou o desenho na porta? – pergunto

— Aham, não é um dos meus melhores, mas eu gosto.

— É lindo – digo, sincero.

Emily me olha com as sobrancelhas franzidas e os lábios apertados.

— Achei que você não viria.

— E eu não vinha, mas é seu aniversário. Eu não poderia recusar.

O dia de hoje não tinha começado da forma que eu gostaria. Minha mãe saiu mais tarde para o trabalho, fazendo com que tivéssemos que aguentá-la um pouco mais. As mesmas reclamações e ofensas foram proferidas, irritando a todos com sucesso, acabando com qualquer chance de felicidade durante o dia.

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