Uno

17.5K 1.2K 1K
                                    

Atrasada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Atrasada. Como sempre.

Estava pingando de suor, não importava quantos graus abaixo de zero estava fazendo na Itália, eu estava suando feito um porco.

Fui a última pessoa a embarcar no avião, faltavam dois minutos para o portão fechar e eu precisei correr todo aquele corredor para conseguir entrar e sentar antes dos avisos de fechamento de portas. Pelo menos tinha conseguido um lugar barato na primeira classe.

Meu assento era o 18 B, na janela e quase atropelei o cara sentado ao lado pra conseguir, finalmente, me jogar na poltrona. QUE CALOR! Eu precisava muito tirar a porcaria... desse moletom!

Joguei o moletom no chão sentindo o olhar de julgamento do cara.

—Puta que pariu, esqueci o caralho do carregador em casa — Gemi, em português. Estávamos na Itália... Né?

—Esse? — O cara ao lado falou, também em português. Meu carregador estava entre seus dedos — Você... derrubou quando passou.

Era só o que me faltava: viajar do lado de um brasileiro.

—Ai cara, desculpa — Puxei o carregador da mão dele — Quase perdi o voo.

—Tudo bem — Ele falou desviando o olhar do meu.

Ok então, ele não queria papo. E eu estava com um decote enorme por baixo do moletom, dei uma arrumada de qualquer jeito e puxei o celular pra avisar minha mãe que tinha conseguido chegar a tempo. Era isso: De volta ao Brasil.

12 horas de voo. 12 horas.

Na metade do tempo eu já estava entrevada, meu pé estava inchado e eu já tinha largado os tênis debaixo da poltrona da frente. O cara do meu lado parecia um anjo dormindo e caramba, ele era lindo. O cabelo e a barba me lembravam o Zayn  da One Direction. E sim DA ONE DIRECTION, pra mim ele ia ser da 1D pra sempre e só minha opinião importava e...

—AI MEU DEUS! — Gritei quando uma turbulência horrorosa assolou o avião, o cara ao meu lado deu um pulo, assustado com a situação.

—Senhores passageiros, afivelem seus cintos de segurança, estamos passando por uma zona de turbulência — Uma voz em italiano falou.

Isso foi a mesma coisa de me dizer que o avião ia cair. Comecei a passar mal, minha ansiedade atacou e eu não conseguia respirar. O cara até tentou ajudar, mas eu ia morrer, o avião ia cair, eu não ia conhecer meu pai, nem ver minha mãe mais e o último rosto que eu ia ver era desse cara que parecia o Zayn. Peguei minha bolsa e puxei o pequeno terço que tinha colocado ali mais cedo.

Comecei: Ave-Maria cheia de graça... Creio em Deus Pai todo poderoso, criador do céu e da terra..

Outra turbulência.

—Ah meu pai, nós vamos morrer — Olhei pra cara desesperada — Como você pode parecer tão tranquilo? O avião vai cair!

—Não vai — Ele falou sem modificar a expressão facial.

𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora