Quarantotto

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Quando parece que tudo vai começar a melhorar, um floco de neve desliza do topo de uma montanha e uma bola de neve começa a despencar

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Quando parece que tudo vai começar a melhorar, um floco de neve desliza do topo de uma montanha e uma bola de neve começa a despencar. Em cima das nossas cabeças.

Agora que o Campeonato Carioca estava a todo vapor a torcida tinha voltado a pegar no pé. Principalmente do Andreas.

Eu até entendia a cobrança depois da Final da Libertadores, mas vendo ele se matar a cada treinamento e a cada jogo, achava muito errado ficarem xingando.

Tinha um nó enorme na minha garganta, eu não conseguia nem me enturmar com as meninas.

—Tá tudo bem, Mi? — Alice perguntou.

—Na verdade, não — Mostrei um sorriso triste pra ela.

Eu estava sentindo que ele estava tristinho a dias, desde que o Marcos Braz e o Bruno Spindel tinham viajado para entrar em negociação com o Manchester United. Era pra ser um momento feliz, mas acordei de madrugada ontem e vi ele lendo alguns comentários maldosos na internet.

A Alice abriu a boca pra me falar alguma coisa, mas fomos atrapalhadas por um torcedor, ele tinha descido do setor de cadeiras da arquibancada e enfiado a cabeça no meio das grades que nos separavam do gramado.

—ANDREAS, VAI TOMAR NO CU! SAI DO FLAMENGO FILHO DA PUTA, SEU ENTREGADOR DO CARALHO. VAI TOMAR NO CU! VAI PRA INGLATERRA, FILHO DA PUTA! — O cara gritava a plenos pulmões.

Algumas pessoas ao redor filmavam e outras riam, enquanto isso o Andreas estava claramente desconfortável ouvindo as ofensas no gramado.

E eu? Nossa, não conseguiria descrever em palavras o ódio que senti.

—Ei, calma — Alice segurou meu braço quando percebeu que eu estava prestes a fazer uma loucura.

—ENTREGADOR DE PAÇOCA DO CARALHO! SEU ARROMBADO! FILHO DA PUTA! — O cara continuava berrando a plenos pulmões até se virar e me pegar encarando.

Eu não aguentei, se a Alice não tivesse segurando meu braço eu provavelmente teria voado pra cima dele sem nem pensar duas vezes.

Uma coisa era aguentar a ex mulher dele falando água, outra coisa era aguentar um filho da mãe desses xingando sem saber o que realmente estava acontecendo.

—Porque não xinga sua mãe ao invés de xingar a dos outros? — Perguntei pra ele.

—Como é que é? — O cara riu, dando alguns passos na nossa direção.

—Você deve adorar ser xingado pra tá xingando os outros desse jeito — Falei sem conseguir me conter.

—E você é quem, garota? Torcedora modinha do caralho, deve ser daquelas que trazem cartaz "Tá tudo bem, Andreas" tá tudo bem uma porra, esse filho da puta ta me devendo uma Libertadores, caralho! — O cara xingou.

—Sou a mulher dele, e aí?

—Eita rapaz, vamo todo mundo ficar calmo — John falou, entrando na minha frente.

𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora