Cinquanta

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NARRAÇÃO : ANDREAS

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NARRAÇÃO : ANDREAS

Pensei muito antes de tomar qualquer decisão. Pensei tanto que me senti afogado por meus próprios pensamentos. Foram duas semanas. Duas semanas que eu simplesmente não conseguia parar de pensar em como conseguiria sair disso e não importava quantas vezes eu analisasse, todas as respostas davam para o mesmo lugar.

—O problema do Flamengo com o Banco Central fez as negociações com o Manchester United serem paralisadas. Sabe o que isso significa? — Meu pai, que também era meu empresário, falou.

Eu sabia bem o que significava. Todo mundo sabia.

E na verdade acho que também sabíamos que o problema no Banco Central era só uma desculpa para paralisar a contratação depois do que tinha acontecido no jogo contra o Vasco. E eles não estavam errados.

—Acho que a gente pode esperar mais um pouco, ver o que vai acontecer entre o Flamengo e o Banco Central — Matheus, meu melhor amigo e meu assessor falou.

—E então o Flamengo vai arranjar outra desculpa — Meu pai interviu.

Eu fiquei calado, escutando os dois discutirem sobre o assunto. Já tinha discutido tudo isso com eles e comigo mesmo uma centena de vezes e não aguentava mais.

O problema é que o Flamengo esperava que eu mostrasse serviço, não que eu falhasse de novo como fiz contra o Vasco. Eu entendia o lado deles, afinal também estava puto comigo mesmo por conta do erro.

Meus ombros estavam pesados, desde a conversa com a Milena semanas atrás não venho conseguindo dormir direito. A cama parece grande demais, fria demais. E eu me sentia sozinho demais, não só nas noites, mas a todo momento. Eu sentia muita, muita falta dela.

Sem contar que a Patrícia não saia do meu pé desde o ocorrido, não parava de falar que era a oportunidade perfeita para reconstuirmos a família, dar uma nova chance ao que sentíamos... puff, por ela eu só sentia raiva e só estava piorando com esse papinho.

Olhei a hora no relógio de pulso que estava usando. 22h12min. A Milena tinha dito que o turno dela no CT terminava às sete, a essa altura ela nem estava me esperando mais. Ergui o olhar e encarei meu pai.

—Vamos fazer o que você achar melhor — Ele disse me encarando de volta e repetindo a frase que já tinha dito umas três vezes de ontem pra cá. O círculo estava se fechando e eu precisava escolher.

—Vocês já sabem o que eu acho, sabem o que escolhi — Levantei, pegando o aparelho celular de cima da mesa.

—Pra onde você vai uma hora dessas? — Matheus quis saber, seu cenho estava franzido.

—Vou começar a arrumar a bagunça — Respondi dando as costas e pegando a chave do carro no porta-chaves da parede.

Entrei no carro, mas ao invés de dar partida, liguei o rádio. Foi meu maior erro da noite. Estava passando "Só pro meu prazer" na rádio. Encostei a cabeça no estofado, deixando a letra da música me invadir.

𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora