Ventuno

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Em algum momento da noite, começou a chover

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Em algum momento da noite, começou a chover.

Era uma chuvinha fina, mas eu estava escutando as gotas caírem na lona da barraca e isso me acordou. Com o sono leve que tinha, era perigoso uma formiga passar por cima de uma folha seca e eu escutar.

Eu estava tremendo de tanto frio, devia ter entrado pra colocar uma roupa mais quente antes de entrar na barraca, mas agora era tarde demais.

Do meu lado Andreas dormia profundamente. A respiração pesada dele batia no meu pescoço. Senti um arrepio percorrer meu corpo. Frio. Era só frio. Não tinha nada a ver com o corpo grande e musculoso deitado do meu lado, nadica de nada.

—Hum? — Ele murmurou percebendo que eu tinha acordado, eu fiquei quieta porque não queria dar uma de Paty frescurenta, embora ele já deva achar isso depois do surto com a minhoca.

Ele se remexeu, mas dessa vez me levou junto, me puxou pela cintura e juntou nossos corpos. Bateu um vento gelado na barraca e eu tremi.

Foda-se o bom senso, eu queria ficar quente.

Tentei chegar mais perto. Me remexi, e ele mesmo dormindo pareceu entender meu recado, passando o braço pela minha cintura, me trazendo mais pra perto.

Era impressionante a maneira como meu corpo encaixava perfeitamente no dele.

Eu precisava de um pouco mais de calor, tinha a sensação que ia congelar a qualquer momento então me remexi mais uma vez. Estava prestes a levantar pra ir colocar uma roupa mais quente quando ele pareceu acordar.

—Qual o problema? — Perguntou sem me largar, mexendo o rosto exatamente como tinha feito no dia da festa do Gabriel. A barba passou pelo meu pescoço e eu quase morri.

—Frio — Murmurei como resposta.

—Frio? — Repetiu tirando a mão da minha cintura.

Eu não devia ter deixado, mas deixei. O frio veio com tudo depois que ele se afastou e eu bati o queixo.

—Tá chovendo — Me ouvi dizer. Eu era meio retardada, só pode.

—Tá? — Questionou parecendo sonolento demais pra perceber por si.

Fiquei quieta e em silêncio, eu precisava me esquentar. Estava pra ter um treco, odiava sentir frio. Ele se ajeitou e se aconchegou perto de mim de novo, fazendo exatamente a mesma coisa que tinha feito antes de dormirmos... Moveu a mão e tirou o cabelo do meu pescoço devagar.

Mas não foi isso que me fez prender a respiração e sim sentir a barba dele roçando por lá... Depois a boca, deixando um beijinho. Apenas um.

O ar dentro da barraca mudou. Ele passou a ponta dos dedos pelo meu braço, subindo pelo meu colo até chegar na minha bochecha e levantar meu rosto. Eu olhei pra ele meio que de lado.

Não estava cem por cento escuro, alguma luz do lado de fora estava ligada, porque eu conseguia ver os olhos dele descer dos meus para a minha boca.

𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora