Quarantuno

10.4K 992 439
                                    

O Renato foi demitido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O Renato foi demitido.

Quando as coisas começaram a voltar ao normal, o clube ficou sem técnico, sem alguns profissionais do departamento médico e o principal: sem clima pra continuar o restante da temporada.

Era por volta das seis da manhã de uma segunda-feira quando o Renato me ligou contando que não ia voltar a trabalhar. O anúncio tinha saído em plena madrugada, mas eu estava muito plena dormindo enquanto o caos acontecia no CT.

Eu também estava sem clima pra trabalhar. A sensação de inutilidade estava me dominando e isso fez com que eu começasse a pensar em outras coisas, talvez abrir meu próprio consultório... Ou voltar para a Itália e trabalhar num dos hospitais que tinha sido chamada antes de vir embora pro Brasil. Minha cabeça estava doendo e eu só queria minha cama, mas o dia estava cheio.

Se eu estava me sentindo inútil, não queria nem saber como andava a cabeça desses jogadores.

Eu não tinha marcado uma consulta com o Andreas, tinha deixado claro depois do jogo que ele poderia vir falar comigo sobre isso se quisesse. Ele sabia onde ficava minha sala —— e minha casa —— e vinha faltando consultas demais pra mim ficar perdendo tempo, tempo esse que eu poderia estar usando com outro jogador.

A maratona tinha começado.

Léo Pereira tinha conseguido se abrir um pouco comigo, Vitinho também a recuperação do camisa 11 era a que mais me impressionava, quando cheguei ele estava mal, não jogava e quando jogava ia mal, agora parecia outra pessoa, até o semblante tinha mudado.

O Gabriel trouxe mais problemas de casa, a Alice tinha contado sobre as fanfics e ele tinha falado sobre o problema que teve com a Rafaella. Parece que a Alice não ficou nada feliz por se sentir "comparada" a ela e eu adicionei uma nota mental pra falar sobre isso com minha amiga depois.

Alice e Gabriel eram um casal que eu protegeria com unhas e dentes. Eu que era amiga dos dois e via tudo de fora sabia muito bem que eles tinham sido feitos um pro outro.

A Hope e o Arrascaeta eram outra longa história. Arrasca se sentou na minha cadeira e me contou tudo o que tinha rolado no Uruguai, os dois estavam brigados e ele não entendia o porquê dela estar chateada, levando em consideração que a escolha deles não terem nada sério foi dela e não dele.

E eu?

Sinceramente... Eu só queria minha cama.

O clima estava maluco, fazia dias que não se via sol no Rio de Janeiro e eu ia ter que pegar um ônibus porque vovó precisou da Máquina de Mistérios.

Estava tirando a capa de chuva da bolsa quando alguém bateu na porta. A essa altura do campeonato quase ninguém estava mais por aqui, provavelmente o técnico no sub-20 que comandaria o time titular até o final da temporada, os funcionários e alguns jogadores que ficavam treinando depois do horário.

𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora