—Primeiro as damas — Ele falou tirando os braços da mesa e jogando o corpo na poltrona, muito confortável.
—Tá... — Me coloquei pra pensar, ele já sabia que eu não sabia nadar, que eu tinha uma vida amorosa desastrosa, que não sabia fazer embaixadinha, que não tinha pai... O que mais eu ia contar? — Vamos começar pelos mais leves, ok? — Falei, ele assentiu — O menino que me deu o primeiro beijo, só me beijou porque foi uma aposta.
—Como assim uma aposta? — Ele riu, eu fiquei vermelha.
—Eu não era a criança mais bonitinha do mundo — Falei sem graça — Sua vez.
—Mas uma aposta? Que tipo de criança maldosa é essa? — Perguntou.
—Olha – Suspirei — Eu era gordinha, não que isso explique a maldade, porque não explica, mas era o que eles usavam pra me zoar — Confidenciei.
—E depois? Você descobriu que era uma aposta e bateu nele? — Quis saber.
—Não — Soltei uma risada — Faltei a escola uma semana, chorei como uma desgraçada e fiquei aguentando o restante do ano letivo todo mundo rindo da minha cara.
—Mas... — Fez uma pausa — Porque?
—Porque não tinha muito o que fazer — Lhe mostrei um sorriso triste — Ninguém ia acreditar em mim — Dei de ombros — Mas agora é sua vez.
—Tá, é... Também não era uma criança muito normal — Apertou os lábios — Sempre fui meio anti social, nunca tive muitos amigos e... Só tive uma namorada até hoje.
—Sério? — Apertei os olhos em sua direção, sem acreditar muito.
—Eu nasci na Bélgica, mas fui cedo pra Inglaterra, não conhecia muitas pessoas e ela era minha vizinha. Foi a primeira e única que beijei na vida.
Eu estava mesmo surpresa. Ele era jovem, bonito, atraente e tudo bem que parecia mesmo ser fechado, mas só ter beijado uma pessoa na vida? Fiquei tentada a perguntar se era casado com essa mulher até hoje, mas não tinha visto nenhuma aliança em seu dedo...
—Você ainda tem contato com ela? — Não me contive e perguntei, ele ficou desconfortável, se remexeu na cadeira e me encarou, em completo silêncio — Beleza. Hum... Quando eu tinha oito anos fui obrigada a participar de uma homenagem de dia dos pais. Mesmo não tendo um. Eu subi no palco com uma plaquinha dizendo "te amo papai", mas não tinha ninguém lá pra me assistir. Chorei durante a apresentação e minha mãe precisou vir me tirar do banheiro da escola.
—Caramba, sua infância parece ter sido barra pesada. Achei que iríamos começar pelos mais leves — Um vinco se formou em sua testa.
—Você já sabe todos os meus segredos mais leves — Mordi o lábio — Quer me contar mais algum?
—Tá, deixa eu ver... — Passou o indicador algumas vezes nos lábios, olhando pro nada — Eu não sei andar de bicicleta.
—Mentira — Soltei uma risada — Porque?!
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𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀
FanfictionMilena Esposito não sabia quem era seu pai até ouvir uma conversa entre sua mãe a sua avó atrás da porta e descobrir que ele era ninguém mais ninguém menos que Renato Gaúcho, o novo técnico do Flamengo. Após a descoberta um teste de DNA é marcado, m...