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Foram mais seis horas de viagem de onde o avião tinha feito um pouso de emergência para o Rio de Janeiro

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Foram mais seis horas de viagem de onde o avião tinha feito um pouso de emergência para o Rio de Janeiro. Dessa vez, apesar das turbulências, nada foi tão grave quanto o voo anterior e eu consegui manter minha boca fechada.

Do meu lado o tal do Andreas estava vestido num terno que deixava ele um puta de um gostoso  não parava de mexer no celular, como se fosse um homem de negócios. Talvez se não fosse modelo, fosse um empresário ou algo assim. Só sei que ele tinha dinheiro, enquanto eu ostentava as malas que tinha comprado no feirão, as dele eram da Gucci. E eram imensas. Se as pequenas custavam o olho da cara, não queria nem saber o preço das grandes.

Quando o avião finalmente pousou em solo brasileiro, ele me olhou.

—Quer ajuda pra descer suas malas? — Perguntou.

—Por favor.

Descemos juntos pelo corredor, mas o fluxo de pessoas fez com que parássemos. Eleparecia inquieto e nervoso à essa altura.

—Vou por aqui — Apontou com o queixo para o outro lado.

—Andreas? — Um homem com uns dois metros de altura se aproximou e perguntou, os dois trocaram um aperto de mão. Eles falaram alguma coisa que eu nem consegui entender e o cara se virou pra mim.

—Boa sorte com seu teste — Falou apertando as sobrancelhas — De DNA — Completou começando a se afastar — Sobre as  embaixadinhas... Tenta manter os joelhos sempre flexionados. O segredo é conseguir chutar a bola até a altura do seu peito — Piscou um dos olhos.

—Valeu — Respondi franzindo o cenho, a fila já tinha voltado a andar, mas eu parei, olhando ele virar a esquina da saída de emergência.

Fiquei esperando acabar esbarrando com ele no desembarque, mas isso não aconteceu, alguns minutos depois encontrei minha vó com uma plaquinha dizendo "Milena, minha flor".

—Faz mais de duas horas que estou te esperando aqui — Ela disse me ajudando a carregar as malas até a kombi toda florida dela — E como você cresceu garota! — Me abraçou de lado, Soltei uma risadinha.

Faziam uns dez anos que eu não a via. Da última vez era uma criança, ela tinha ido passar o Natal conosco em Milão, foram só dois dias e foram o suficiente pra que eu me apaixonasse por essa senhorinha.

Vovó morava sozinha desde a partida do vovô, cinco anos atrás, ela tinha uma chácara e cultivava legumes e verduras, que vendia na feirinha da cidade às sextas-feiras.

Vovô, que era o italiano da família, quando ainda vivo, tinha seu próprio restaurante. Era o melhor restaurante italiano do Rio de Janeiro tendo como prato principal seu spaghetti de ragú com especiarias que ele nunca tinha revelado a ninguém além de seu filho, o tio Marco.

Era exatamente o tio Marco que mantinha o Ristorante Esposito funcionando.

Mamãe tinha sido a única a se aventurar na Itália, logo após descobrir a gravidez, comprou passagens e se aproveitou da dupla nacionalidade, apostando  em outro restaurante, dessa vez com pratos brasileiros.

𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora