Milena Esposito não sabia quem era seu pai até ouvir uma conversa entre sua mãe a sua avó atrás da porta e descobrir que ele era ninguém mais ninguém menos que Renato Gaúcho, o novo técnico do Flamengo.
Após a descoberta um teste de DNA é marcado, m...
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—Tá, mas o que aconteceu? — Alice perguntou quando sentamos na recepção do salão.
—Minha vó convidou ele pro aniversário dela, então nós fomos. Só que ela esqueceu de avisar que tinha chamado meu ex namorado também — Contei.
—Daí o Andreas ficou com ciúmes? — Tentou adivinhar a história, eu soltei uma risada.
—Pior. Meu ex apareceu com a namorada nova. Ela era minha melhor amiga — Fiquei sem ar, não gostava de lembrar dessa história — Ele namorava comigo e com ela ao mesmo tempo.
—Que cafajeste — Alice murmurou — Mas não entendi o que o salão tem a ver com isso.
Eu gemi e deslizei na cadeira de espera.
—Ela é loira. Em toda minha vida sempre sou trocada por loiras. Sempre. Desde o maternal quando o namorinho era aqueles por cartinhas — Choraminguei, ela me olhou de um jeito sério.
Eu e ela não éramos tão próximas assim, fiz amizade primeiro com a Hope e como ela já fazia parte do círculo social dos jogadores, parecia um pouco mais difícil de se aproximar, mas olhando agora, dá pra perceber que tínhamos muito em comum.
Pelo que o Gabriel falava nas consultas, ela também tinha inseguranças. A diferença era que as dela eram plantadas em sua cabeça pelos seus próprios irmãos. Machistas, preconceituosos e que acreditavam que ela deveria servir eles pra sempre. Ela parecia muito triste. Queria poder ajudar.
Fiquei esperando ela rir de mim, afinal esse tipo de trauma era tão idiota quanto ter medo de agulha por causa do Zé gotinha e não chegava nem perto do que ela estava passando com sua família, mas ela não riu. Só me encarou como se dissesse "sei bem como é isso".
—Você não vai mexer no cabelo — Falou ainda me encarando.
—Eu preciso fazer isso — Falei choramingando e me levantando da cadeira — Talvez se eu pintar de loiro...
—Não dá pra você fazer isso só pra tentar agradar alguém, Milena — Ela me interrompeu, soltando um suspiro e me jogando de volta na cadeira — Vai se arrepender depois.
—E não dá pra você ficar aguentando certas coisas dentro de casa. Você já é grandinha o suficiente, convenhamos — A encarei.
—Nada de mudar o cabelo — Apontou o dedo em minha direção — Eu sei que dá vontade, nós somos cheias de traumas, mas... Vamos conseguir sair dessa sem ter que mudar o que somos — Falou, apertou minha mão contra a dela.
—Você tem razão, as pessoas deveriam gostar de mim como eu sou, não pelo que elas gostariam que eu fosse — Fiz careta.
—E meus irmãos deviam entender que ser mulher não me torna um brinquedo — Ela fez uma careta também.
—Isso! — Dei um pulo — Sabe o que vamos fazer? Vamos aproveitar que estamos no salão, ficar lindas e ir pro Baile do Dennis mais tarde.
—Ahn... Só tem um probleminha... — Ela levantou e me olhou — Tô falida, miga.
