Diciannove

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A noite da fazenda tinha começado daquele jeito

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A noite da fazenda tinha começado daquele jeito.

Primeiro que a gasolina da kombi acabou no meio de uma ladeira, eu precisei encher o pneu traseiro de pedra, puxar o freio de mão e deixar a primeira engatada pra não correr o risco dela descer tudo sozinha — ou com a gente dentro. Segundo que pra chegar até lá, tivemos que largar a Kombi no meio do caminho e subir a pé e agora eu tinha um calo no meu dedo mindinho. Terceiro e último: o que era pra ser uma noite das meninas, se tornou num pandemônio.

Eu não me importava dos meninos estarem lá, embora estivesse com uma pulga atrás da orelha sobre a conversa do Andreas com o Arrascaeta...

Já a Hope não parecia nada feliz. Eu queria conseguir entender o rolo dela com o Arrasca, uma hora estavam bêbados no quarto, outra hora querendo se matar.

E eu tinha pra mim que o pé machucado dela tinha algo a ver com ele... Mas minhas investigações precisaram ser adiadas por conta da kombi da vovó.

Era nisso que dava andar com carro do século passado. Já tinha dado a ideia dela comprar uma Van maneira, mas quem disse que ela me escutava?!

—Tudo bem aí? — Andreas perguntou enquanto desviamos a ladeira em direção a Kombi.

—Eu tô com um calo no dedo mindinho — Choraminguei — Quer me levar nas costas não?

—Sobe aí — Parou na minha frente, de costas pra mim.

—Sai fora — Lhe dei um tapinha — Pra gente sair rolando isso daqui é dois segundos.

—Você não olhou como o tanque tava antes de sair de casa? — Perguntou enfiando a lanterna do celular na minha cara, protegi meus olhos com as mãos.

—A contagem dos litros mudou, né? A gasolina aumentou e os caralhos — Falei dando de ombros.

—"E os caralhos" super formal para uma terapeuta — Disse com um indício de sorriso na voz.

—Terapeuta só dentro do CT, Belga. Aqui eu sou só a Milena — Falei pra ele.

—É mesmo? Bom saber — Respondeu, na lata — Da próxima vez me pede uma carona, acho que vai ser mais saudável.

—Não sei pra quem — Soltei uma risada de nervoso, o tanto que esse homem mexia comigo não tava escrito.

—Pra você eu não sei, mas pra mim é saudável pra caralho — Falou um pouco mais baixo.

—"Pra caralho" palavreado de jogador de futebol mesmo — Comentei, engolindo em seco pelo comentário dele.

—Não — Soltou uma risada rouca — Palavreado de gente sincera.

—Então porque você não se abre comigo? Não é tão sincero assim, Belga — Alfinetei.

—Achei que quem estivesse conversando comigo era a Milena e não a Terapeuta — Falou com um ar de divertimento.

𝐕𝐈𝐓𝐀 • 𝐀𝐍𝐃𝐑𝐄𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐑𝐄𝐈𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora