||48|| passado ||

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Elizabeth Cooper

— Acordar contigo do meu lado é a melhor coisa do mundo — ouço Jughead dizer enquanto acaricia meu cabelo. Me viro para ele e abro os olhos tentando me acostumar com a claridade. — Bom dia.

— Bom dia. — sorrio e Gabe se mexe entre nós dois.

— Pronta pra hoje?

— Definitivamente não — me sento na cama. — Eu to muito nervosa. E se eu fizer alguma coisa errada?

Hoje vai acontecer a sessão de fotos para a capa do álbum e para as fotos de divulgação da turnê. É a minha primeira sessão de fotos com profissionais e confesso que estou super nervosa.

— Babe, sentir nervosismo fazendo algo novo é normal. No começo eu não conseguia tirar fotos sério nos ensaios, Jellybean brigava comigo por conta disso, mas depois tu se acostuma. Vai dar tudo certo. — Beija minha cabeça e vai para o banheiro.

Ouço batidas na porta e mando Jellybean entrar. — Bom dia Betty. Eu só vim falar o que você precisa levar pra sessão de fotos.

— Pode falar.

— Você só precisa levar as roupas. Eu contratei cabeleireira e maquiadora pra você. Vamos tomar café e ir!

Concordo e ela desce. Enquanto Jughead não sai do banheiro, separo as roupas que vou usar para tirar as fotos e coloco em uma mochila que comprei aqui.

— Gabe. Filho, hora de acordar. — faço carinho em seu cabelo e ele abre os olhos. Troco a roupa de Gabe e assim ele desperta.

No banheiro, faço minhas higienes pessoais e também ajudo meu filho a escovar os dentes. Descemos, tomamos café da manhã e saímos.

A sessão de fotos foi um tanto quanto interessante. Como nunca tinha feito uma antes, o que aconteceu com Jughead, aconteceu comigo. Eu não consegui ficar séria nas primeiras fotos, e por conta disso Jellybean acabou ficando sem paciência, mas não chamou minha atenção por conta disso. No final deu tudo certo e as fotos ficaram incríveis, a fotógrafa de Jughead fez um ótimo trabalho.

Já de volta na casa deles, deixo Gabe dormindo no quarto de Jug e desço para assistir série com ele. Jellybean saiu com Rick e disse que voltaria na manhã seguinte.

Depois de assistirmos duas temporadas inteiras de Brooklyn 99, pedimos comida e almoçamos na sala de jantar.

— Preciso conversar contigo... — começo e ele me encara confuso. — Eu acho que tô pronta.

— Betty, sabe que eu não tenho pressa pra isso certo?

— Eu sei, mas se não te contar agora, sinto que tu nunca vai saber. — ele se ajeita na cadeira e cruza os braços.

— Se sentir que precisa parar é só falar. — concordo e me preparo para começar a contar.

— Eu comecei a namorar com ele no segundo ano do ensino médio e olhando pra trás dá pra dizer que começou do jeito errado. Ele me proibia de sair com o meu grupo de amigos, mas ele podia conversar com quem bem entendesse. Eu era adolescente, estava apaixonada demais pra ver que era tóxico. Em janeiro do ano seguinte, ele me obrigou... — sinto meus olhos lacrimejarem, me seguro para não chorar e respiro fundo. Jughead pega em minha mão para me confortar. — Eu não estava pronta e ele me obrigou, o Gabe foi fruto de um... — sinto uma lágrima rolar por meu rosto. — estupro. — sussurro e Jughead me abraça.

— Chega. Eu já ouvi o suficiente — diz sério.

— Tem mais coisa.

— Betty...

— Quando eu contei que estava grávida, ele me ameaçou caso eu não abortasse com a desculpa de que não tinha tempo pra um bebê — reviro os olhos ao lembrar das palavras dele. — Não deu tempo de ele fazer alguma coisa porque ele foi pego no banheiro usando drogas e acabou sendo expulso. Na época também descobri que ele me traia com a abelha rainha das líderes de torcida. Pelo o que falaram, ele se mudou e depois, nunca mais ouvi falar dele. Ou seja, fui abusada e corna — tento amenizar a situação mas Jughead não ri, pelo contrário, continua sério. — Desculpa.

— Eu sinto muito. Nunca imaginaria que você teria passado por isso.

— Eu sou podre... — murmuro e ele nos afasta.

— Não diga isso. Eu não tenho o que falar pra te confortar, eu só... sinto muito!

— No começo foi muito difícil aceitar a gravidez, eu me sentia culpada, me culpava por ter cedido e não ter feito nada pra impedir, me culpava por não ter abortado, mas ao mesmo tempo me culpava por querer ter o Gabe. Hoje eu não me imagino sem ele apesar de tudo, o Gabe faz parte de mim e eu não consigo imaginar onde eu estaria ou o que eu estaria fazendo se não fosse por ele.

— Eu entendo.

— Eu precisava te contar, não aguentava mais guardar essa história toda só pra mim.

— Sua mãe não sabe?

— Ela sabe, mas eu omiti a parte do estupro. Até hoje ela só sabe que eu engravidei por acidente. Nem as meninas sabem. Eu me sentia mal por lembrar, e me culpava sempre que lembrava. Eu não dormia a noite. Não sei como consegui terminar o ensino médio.

— Na época, você deve ter pensando no Gabe pra ter terminado o ensino médio. — afirma e concordo.

— Se quiser contar pra Jellybean...

— Não acho que eu tenha o direita de contar isso pra ela. Você passou por isso, e ela tem que saber dessa história por você, se tu quiser. — assinto.

singers •bughead• Onde histórias criam vida. Descubra agora