Capítulo 56 - Passado

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⚠️ Atenção ⚠️ Este capítulo pode conter gatilhos por abordar perdas, morte e violência. Se for/estiver sensivel ao tema, por favor, não continue. Aos demais, boa leitura :)
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O cheiro de Rafi ainda está empregado em minha mente, quando sinto meu cabelo suado roçar no travesseiro.

Sento-me atordoada, passando a mão por meu corpo até perceber, pouco a pouco, que tudo foi apenas um sonho.

Que loucura foi essa, meu Deus!?

Apesar de uma parte de mim, desejar que aquilo fosse real, outra suspira aliviada por não ter passado pelo vexame de implorar por ele daquela forma.

Mas, espera... Quem me trouxe para o quarto!?

Olho em redor buscando em minha memória alguma lembrança que mostre como vim parar aqui, mas, não, não tem! Em meu último momento de olhos abertos, eu estava vendo filme no sofá da sala! Considerando que não ingeri uma gota de álcool, eu só posso ter sido carregada para cá!

Provavelmente, por Rafi... Merda!

Sinto uma gota de suor descer fria por meu pescoço imaginando o ocorrido.

Sonhar com ele é sempre muito intenso. Embora o ar-condicionado esteja cumprindo sua função eficientemente, minha pele queima, minha respiração ainda é ofegante e entre as minhas pernas... O ponto que ainda pulsa revela quão longe minha mente foi.

Droga!

Jogo-me de volta à cama, cobrindo o rosto com travesseiro.

Oh, deuses de todas as virgens não puritanas! Por favor, não permitam que eu tenha delirado e ele presenciado tudo!

Não! Não quero pensar isso! Onde eu iria recolher minha dignidade se tal humilhação fosse verdade?

Levanto-me na ponta dos pés e só após olhar em direção a sala e confirmar que ele dorme, tranco-me no banheiro.

Preciso de um banho frio e assim faço rapidamente. Logo depois, entro debaixo das cobertas e tentando não pensar nesse sonho perturbador, pego no sono.

***


Os primeiros raios solares já iluminam o céu quando desperto com o canto de pequenos pardais que se abrigam na janela do quarto.

Felizmente, minha noite se seguiu sem sonhos e tão rapidamente que sinto que dormi apenas trinta minutos.

Com preguiça, espreguiço-me na cama e salto para fora dela, sentindo minha bexiga que aperta.

Já aliviada e de rosto lavado, abandono o banheiro e vou em direção a cozinha, me deparando com as costas definidas e nuas de Rafi. Ele está sentado num dos bancos ao redor da bancada, debruçado sobre ela enquanto tecla algo no celular.

Penso em dar meia volta, mas minha presença já foi captada por ele que me lança uma olhadela por cima dos ombros, antes de voltar ao que fazia.

- Bom dia... - Sussurro um pouco sem jeito ao passar por ele, abraçada contra meu corpo para espantar o frio matutino, enquanto dou a volta pela bancada.

- Bom dia. - Resmunga, porém, sua voz parece menos rude que o habitual. Viro-me em sua direção e o pego me observando com uma expressão divertida.

Ele estava sorrindo?

Antes que eu o analise por mais tempo, ele volta sua atenção ao iPhone, enquanto dá um gole em seu copo com água.

Dou-lhe as costas, sem saber muito como agir. Por algum motivo, seu olhar parece mais invasivo e eu me sinto nervosa.

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora