Capítulo 79 - Refolgo

77 9 2
                                    

Abraço minhas pernas e sacudo a cabeça ainda me sentindo um pouco tonta e também desnorteada com tudo o que aconteceu.

Tento me acalmar olhando o por do sol, parcialmente coberto pelas árvores imponentes e nuvens cinzentas.

É difícil distinguir quais situações anteriores são piores de digerir: se minha dança patética ou o fato que terei que encarar meu problema todos os dias.

Sempre que fecho os olhos, me vejo ridiculamente de quatro no meio daquela cama do hotel, esperando uma noite de amor enquanto o diabo sussurrava em meu ouvido que me foderia como uma puta, para sua vingança.

Não sei como digerir isso. Fingir que Rafi não existe era a melhor opção.

Tenho arrepios em apenas imaginar como ele me via todo o tempo. Uma presa fácil. Uma tola. Provavelmente ria de mim e de minhas demonstrações de amor, às minhas costas. Posso me ver sendo o motivo de muitas gargalhadas em sua roda de amigos. E se em algum momento despertei seu interesse, certamente seria para alimentar sua luxúria, descartando-me em breve.

Sei que não fui a única. É assim com todas as mulheres que ele se envolve, mas, eu não estava preparada para isso. Acredito que nenhuma mulher esteja.

Isso vai contra nosso ego, e contra as histórias de conto de fadas que toda menina já ouviu.

Nunca sonhei com um "príncipe encantado", porém, também não esperava um lobo mal.

Abro os olhos quando uma dor fina começa a castigar meu coração. As emoções são tão fortes que não consigo definir com clareza os sentimentos ruins que me perturbam.

O sol sempre foi meu inimigo. Ele nunca me proporcionou um bronzeado dourado e sexy, mas sempre um queimado vermelho e intensificou minhas sardas. No entanto, agora anseio por seu calor. O clima úmido daqui não facilita que eu me sinta melhor. Meus ossos parecem gelados, meu estômago revira, e meus dedos tremem.

Nada me ajuda a desejar sair deste quarto, por isso, me encolho e escorrego novamente para baixo das cobertas. No entanto, três batidas na porta fazem uma batida do meu coração parar.

É ele! E eu não vou sair daqui, se não for arrancada!

As batidas se repetem, me obrigando a tapar os ouvidos, enquanto canto um "la la la" mentalmente, até que elas cessem.

- Tudo bem se não quiser sair, Anália. Estou deixando aqui frutas e pães a sua porta.

- Espera! - Grito quando salto da cama, reconhecendo a voz amigável.

Eu estou sonhando? É o Colin!?

Aproximo-me da porta, colando nela o meu ouvido, tentando certificar se alguém o acompanha.

- Colin, é você? - Pergunto incerta.

- Sim.

- Quem mais está com você?

- Para sua infelicidade, terá que se bastar apenas com minha companhia.

Solto um riso silencioso, porém, sem baixar minha guarda, abro a porta devagar e coloco minha cabeça por entre a brecha, para verificar a veracidade do que diz.

A minha frente, vejo apenas meu amigo segurando uma bandeja de alumínio, com alguns morangos, maçãs e um sanduíche.

- Olá, Doninha! Foi aqui que pediram entrega? - Diz parecendo se divertir com meu ar desconfiado e pronto para atacar.

Baixo a cabeça me sentindo sem graça, me dando por vencida.

- Obrigada por vir. Desculpe lhe fazer passar por isso.

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora