Capítulo 27 - Castigo

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Remexo-me no chão já sentindo o desconforto do mármore frio, após estar sentada sobre ele durante horas. Minhas nádegas doem. Levanto-me aliviada, quando ruídos atravessam a porta revelando que Rafi está de volta. Graças a Deus! Acabou meu martírio. Respiro fundo pondo às mãos trêmulas na maçaneta, o medo ainda corre em minhas veias. Mesmo eu tendo atacado a Madeline, ainda sinto o arrepio de sua voz felina ameaçadoramente próxima a mim e sua resposta violenta contra a mesa. Não sei o que teria acontecido se eu não tivesse sido rápida.

Guiada pelo som dos sussurros baixos, vou em direção à entrada buscando por Rafi. Ele precisa entender que o interesse dela é muito além que uma simples atração sexual, é uma obsessão insana e perigosa. Não podemos estar a sós novamente.

Assustada, sem compreender porque ele ainda não veio a minha procura se nem ao menos meu xixi teve sua privacidade, atento-me aos soluços abafados em meio a palavras incompreensíveis que ouço enquanto corro olhos em sua procura, até que perco momentaneamente minha estabilidade e quase tombo para frente enquanto meu corpo torna-se gélido.

A minha frente, próximos à porta, avisto Madeline que repousa a cabeça sobre o ombro de Rafi, entrelaçando os braços em sua cintura com força. Meu tropeço parece ser notado por ambos, que a faz soltar um grito fino de pavor, enquanto Rafi me fita com um ar ressentido nos olhos.

— Foi horrível... Eu tive tanto medo. — Diz cravando o rosto na curva de seu pescoço. Ele, no entanto, corre os dedos por seu ombro, descendo para sua mão.

— O que está acontecendo aqui? — Minha voz sai mais estridente do que eu gostaria devido ao nó doloroso que se forma em minha garganta, dando espaço para uma nova agitação na famigerada, que agarra a camisa dele parecendo frágil e desprotegida.

— Anália, pare! — Rafi ordena estendendo umas das mãos em minha direção, como se eu fosse um perigo eminente.

— Por favor! Não deixe que ela se aproxime, não deixe que ela me machuque! — Ela o pede.

— Se acalme, Madeline, eu irei cuidar disso. — Diz avaliando o hematoma vermelho em seu ombro, assim como os cortes em sua mão, causados pelos utensílios agora estraçalhados no chão. — Não permitirei isso novamente. — Tranquiliza-lhe enquanto me encara duramente.

— Eu... Eu não fiz isso! — Protesto nervosamente temendo as consequências.

— Como ousa mentir dessa forma!? — Esbraveja me fazendo recuar com a ira estampada em seus olhos vermelhos, mas logo retoma a postura vulnerável.

Não tenho resposta. Sinto-me como um animal preso numa armadilha, encurralada por seus olhares intimidadores e apenas corro abrindo violentamente as pesadas portas de vidro que dão acesso à varanda, buscando um pouco de ar fresco e evitar o contato visual.

— Madeline, volte para seu quarto. Eu preciso conversar com ela a sós. — Rafi a pede enquanto vem até mim.

— Não. Eu não quero sair de perto de você... — Meus olhos quase saltam da órbita ouvindo sua encenação. — Ela é perigosa, Rafi. Precisa acabar logo com isso.

Viro-me atordoada para encará-la. Seu jogo é baixo e eu mordi a isca. Cedi às suas provocações insistentes que me colocaram como uma ameaça, para persuadi-lo a fazer o que quer: livrar-se de mim. Tremo quando os olhos de Rafi se voltam até mim enquanto aguardo sua resposta.

— Não me diga o que fazer. Agora vá, eu irei até você depois.

— Por quê!? Depois do que ela fez, a deixará sair impune!?

— Não estou aberto a discussões, Madeline.

— Está cedendo para ela mais uma vez! É por isso que ainda mantém a aqui! — Seu rosto treme enquanto me fita. Apesar do medo que sinto pelo ódio que emana, sua suposição não me passa despercebida e me aquece internamente.

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora