Capítulo 63 - Anália

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Rafi

Olhei seu rosto através da foto que me foi entregue. Seus olhos tão expressivos pareciam me ver, como se retesem um pedindo de ajuda silencioso.

Após tantos anos naquele sistema, sentia-me mortificado e impossibilitado de sentir aquilo novamente, mas, um resquício de minha antiga identidade parece ter reacendido alguma empatia em mim, ao ver seu riso fraco ofuscado por seu olhar perdido.

Assim como eu, ela também tinha um passado, e era muito além do que Henry procurava e aquilo me deixava intrigado.

- Como está avançando? - perguntou-me Henry, vendo-me analisar a fotografia ao entrar no quarto.

- Apenas informações irrelevantes. - Respondi, frustrado. - Mas, curiosamente, ela faz doações para uma instituição de caridade em apoio a Síria.

- Hum, ela disfarça bem. Está na hora de entrar em campo.

- É mesmo uma boa ideia?

- Sim. O irmão dela está bem protegido. Será mais rápido acessarmos as informações por ela, enquanto continuamos a espreita.

- Por que acredita que ela cederá isto a mim?

- Ora... - Riu dando alguns tapas em meu ombro - Bonito, forte e sedutor, como elas procuram. Sabe como as mulheres reagem a você.

Confirmei desconfortável. Estava ciente da vida de perversão e luxúria que levava e as mulheres na qual me envolvia. Elas procuravam por aquilo. Sedentas por mais, por força, selvageria. Não havia carinho ou qualquer envolvimento emocional. Era sexo brutal, apenas.

Aquilo não parecia se encaixar a ela, muito menos ela se encaixava no perfil que eu gostava, todavia, eu teria que mergulhar em um terreno completamente novo e hostil para mim.

- E se não der certo?

- Não venha dar um de inseguro agora. Você não é nenhum inocente, já a inexperiência dela consigo sentir daqui. Não dou alguns meses para a gazelinha estar em suas presas.

As palavras dele expressavam como, verdadeiramente, eu me sentia a respeito disto, um predador. Ri ao atentar-me que seu olhar assustado realmente assemelhava-se ao de um bichinho acuado, prestes a ser capturado.

Por hora, lembrava-me os olhinhos de minha irmã Layla, temendo sonhos ruins, e isto me deixava mais apático naquela situação, porém, não havia lugar para lisuras em meu caminho. Há muito tempo eu sabia no que me tornara e não estava disposto a recuar. Entreguei-me de cabeça a perversidade e por mais errado que perecesse, era um mal necessário.

- Meu filho, eu não confio em mais ninguém para isso. - Falou tocando meu ombro.

Confirmei com a cabeça antes que ele me desse as costas para se afastar.

Henry tinha razão, não fazia sentido eu me sentir inseguro, aquilo não combinava comigo.

Embora soe soberbo, eu sabia que boa parte das que se interessavam por mim não era apenas pelo luxo que me cercava, mas pela generosa genética que recebi.

Lembro quando em minha adolescência, uma fotógrafa Francesa me viu enquanto registrava os primeiros conflitos na Síria e insistia em me levar às passarelas de moda de seu país. Ela estava convicta de meu potencial e que mundo precisava me conhecer, mas aquilo não era bem visto no oriente médio e honestamente, isso nunca me pareceu interessante.

Desliguei-me de meu passado e suspirei ligando meu notebook para por em prática o plano.

Minhas solicitações de amizade enviadas por perfis falsos em seu Facebook foram ignoradas. Aliás, ela nem parecia usar aquilo e aceitar um desconhecido sem foto de identificação não seria algo muito prudente e esperado.

Mas, nem tudo estava perdido. Eu tinha seu endereço de IP e em um segundo computador podia acompanhar suas movimentações e por fim, encontrei uma brecha, ela entrou em um site de relacionamento.

Eu estava entediado. Pior que isso, enojado. Não sabia se aquele desconforto era devido ao que estava prestes a fazer, ou por ter tido a péssima ideia de tentar tirar alguma informação de suas primeiras conversas nesse site e ser obrigado a ver fotos de pênis alheio.

Que diabos de interação era aquela?

Nunca estive naquele tipo de ambiente. Quando adolescente eu estava proibido de me relacionar com qualquer garota que não fosse a noiva escolhida por meus pais e depois de ser adotado pelo Henry, eu nunca precisei procurar por elas pois tinha prostitutas a minha disposição quando queria.

Então é assim que pessoas normais se relacionam atualmente? Enviando e pedindo fotos íntimas em menos de cinco minutos de conversa? O contato carnal não era muito melhor?

Olhei para meu pau desfalecido sob as calças, depois de ter fodido com duas ao mesmo tempo, minutos atrás.

Ele não iria reviver por qualquer uma tão fácil, mas abri uma nova guia em um site adulto para me ajudar a ficar animado.

Aquilo não era um meio de sedução que eu estava habituado, mas se ela pedisse, que mal teria em ceder?

Até então eu não havia recebido nenhuma crítica sobre ele, pelo contrário sempre foi muito elogiado. Estava confiante que ela iria gostar também.

Bem, eu não podia perder mais tempo. Comecei a criar meu perfil com um nome falso e igualmente sem foto como seu.

Aliás, aquilo era algo suspeito que provavelmente apontava para seu medo de ser identificada.

Por fim, adiciono algumas informações poucos comprometedoras sobre mim, e me preparo para nosso primeiro contato.

Talvez por parecer desagradável aos meus olhos seduzir alguém sem deixar clara minhas intenções, ou por não saber conduzir uma conversa com uma mulher a não ser para falar sobre sexo, sentia-me apático naquela situação, mas eu sabia que devia aquilo ao Henry e tudo que eu fizesse não poderia quitar minha dívida como ele de ter me tirado daquele inferno e me ajudado a sobreviver.

- Olá! Como vai? - A suspeita enviou sua primeira mensagem que eu prontamente respondi forçando entusiasmo, repetindo as falas dos homens que eu havia observado conversas anteriores "Bem. Feliz em estar falando com você".

Alguém realmente acreditava naquilo?

Parecia tão falso, mas não era de todo mentira, eu estava parcialmente feliz por ter encontrado, sem muito esforço, um meio de lhe ter acesso.

Olhei mais uma vez a fotografia de seu rosto delicado, emoldurado por seus cachos ruivos que caíam sobre os ombros do corpo pequeno, parecendo engolida pelos os outros que estavam a seu redor na mesa da lanchonete, como um anjo prestes a desfalecer.

Mas, eu não seria seu socorro. Pelo contrário, seria sua perdição.

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Oi gente! Como estão?
O que acharam desse capítulo?
Eu sei que tá curtinho, tive que dividir em dois pois já estava atrasada na atualização e não tava com a mente muito boa pra escrever, tanto pelo resultado da prova que fiz, como por uma notícia triste que tive sobre uma amiga minha ☹️☹️
Perdoem uma autora cheia de problemas e crises existencias 🤦‍♀️
O capítulo ainda não tá corrigido, então me perdoem por qualquer erro grotesco, mas se gostou, curte e comenta pra ajudar na história 🙏
Até a próxima 😘😘

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Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora