Capítulo 25 - Dores

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O sol já está alto no céu quando sou acordada por ruídos de vozes desconhecidas que sussurram próximo a mim.

— Não sei por que ele a mantém aqui. Ela deveria estar morta! Está chamando ainda mais a atenção deles para nós! — Ouço atentamente imobilizada na cama.

Eles falam de mim!?

Levando-me cuidadosamente e aproximo-me na ponta dos pés de onde vem os sussurros, tentando captar melhor suas falas em espanhol.

Rafi não parece está aqui, apenas dois homens surpreendentemente idênticos estão em pé, próximos a porta de saída. Avaliando seus traços de pele morena e olhos estreitos, suponho serem paraguaios, assim como gêmeos.  A única coisa que os difere é o longo rabo de cavalo usado por um deles.

— Ele não sabe o que faz! Ainda teremos muitos problemas por isso. — prosseguem ríspido.

Pensei estar sendo discreta, mas logo minha presença é notada, e o de cabelo comprido volta sua atenção para mim.

— Ora... — Avalia-me com olhos brilhando, vindo em minha direção. — Agora entendo porque insiste em não matá-la...

Reprimo um tremor causado pelo arrepio que sobe por minha espinha.

— Fernán — O segundo o impede pelo braço. — Sr. Burton não gostaria disto.

— Ele é um asno! — Protesta, mas, para meu alívio, ele pausa se desvinculando do outro.

Tento não transmitir medo quando recuo segurando firme meu roupão, mas, para meu alívio seu celular toca retirando sua atenção de mim, assim como a do seu irmão.

— Não é possível! Todos me querem morta! — Sussurro sentando-me na cama atemorizada com o que ouvi.

Corro os olhos pelo quarto, atentando-me ao telefone sobre o criado mudo. Observo-os mais uma vez ainda imersos na ligação, é a primeira vez que tenho uma breve privacidade e não estou sob vigia de alguém, eu preciso ser rápida.

Aproveito-me da distração de ambos e digito apressadamente o número da polícia. O suor corre por meus dedos quando aproximo o telefone do ouvido, então noto para meu desgosto que não há um som sequer...

Droga! Eu deveria ter previsto. Rafi não cometeria esse deslize, o fio foi cortado. Ponho o aparelho de volta no gancho, quando uma mão grande envolve a minha.

—  Eu pensaria duas vezes antes de chamar a polícia. — Tenho um sobressalto e paraliso assustada ao ouvi-lo.  — A não ser que queira responder por homicídio, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e associação ao terrorismo.

Engulo seco enquanto o ouço, assimilando o tamanho de meu problema.

— Não sou seu pior inimigo, Anália. Não sabe o que a espera se sair daqui. — Prossegue baixo, próximo a meu ouvido.

— Eles me querem morta. — Sussurro em desespero, virando-me para o encarar, temendo que os homens ainda na porta me ouçam. — Eles irão me matar!

— Não estão aqui para decidirem isso, apenas para fazer o que quero.

— Eles não se importam! Deveria tentar entender o que eles falam. Não sabe o que eles te consideram.

— Sei muito bem. Nunca aceitaram, que Henry perdesse lucros ventando o fornecimento das armas para certos compradores. Acreditaram que eu agiria diferente. Vamos? — Indica para que eu siga até a pequena mesa na sala, onde uma variedade de grandes porções de comida me aguardam. Ele parece captar meu minha aversão. — Já passou do meio-dia dia. — Diz calmo, aguardando que eu comece a me alimentar.
Seu humor hoje parece melhor, opostamente ao meu que a cada minuto que passa, dou-me conta de quão enrascada estou.

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora