Capítulo 64 - Anália (parte II)

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Rafi

Com sorte, aparentemente aquela maldita conversa fluiu bem.

Se eu pudesse voltar no tempo... Isso jamais haveria começado e eu ainda teria um pouco de minha sanidade mental.

Tentei avançar aos poucos em minha investigação e verdadeiramente todas as respostas dela coincidiam com o que eu já sabia. Ela não parecia mentir, mas não possuir uma foto em seu perfil, diferentemente dos outros que vi, ainda me intrigava.

Quando a confrontei, alegou não querer ter sua aparência avaliada, mas aquilo era nada convincente.

Anália não era feia. Realmente, não se encaixava no padrão que esperei das mulheres brasileiras, porém, ainda podia ser considerada fofa ou até bonita.

No entanto, eu não poderia estar mais enganado sobre qualquer coisa em minha vida.

Ela não é bonita, é linda e pude comprovar isso quando a vi em nossa primeira vídeo-chamada de muitas.

Aceitei seu pedido relutantemente, mas o que eu poderia fazer? Fosse por curiosidade ou para poder ver meu pau em sua tela como os outros fizeram, eu estava disposto a qualquer coisa para pôr o plano de Henry adiante.

Bem, era o que pensava.

Diferentemente da fotografia, Anália tinha um ar gentil, sua boca pequena e carnuda era corada e sorria provocativamente, mesmo que ela não se desse conta daquilo, muito pouco parecida com aquela garota pálida e apática na roda de amigos, provavelmente, algo ali a incomodava.

Embora a minha frente ela parecesse de poucas palavras, aquilo não era importante. Seus olhos cor de âmbar eram tão expressivos que dispensava qualquer verbalização do que ela sentia. Eles brilhavam enquanto ela corria a língua pelos lábios agora mais úmidos e vibrantes, que casavam com o tom rubro de suas bochechas, o ruivo de seus cabelos e alcinhas de sua camiseta.

Sim, ela já estava afetada por mim e a tarefa seria mais rápida e fácil do que eu esperava. Julguei, erroneamente.

Sem me dar conta do porquê, pedi para que elevasse um pouco o celular, me dando a visão do seu corpo todo.

Por alguns segundos, sua roupa roubou a cena. Quem num primeiro contato com um homem que acabara de conhecer, apareceria com um pijama surrado, vermelho e de bolinhas brancas? Bem, essa era a Anália, mas eu não estava habituado àquilo.

Todas as mulheres que conheci, investiam em camisolas sensuais, com rendas e sedas elaboradas que realçavam suas curvas. No entanto, mesmo em sua despretensão, ela parecia tão atraente quanto.

A verdade era que seu corpo pequeno escondia muita coisa. Embora parecesse esguio a primeira vista, era possível notar suas coxas redondas e o quadril largo, mesmo que ela estivesse sentada.

Notei que seu nervosismo começava a aumentar, quando ela rapidamente voltou o celular para seu rosto.

Constei meu engano em pensar que ela ousaria tentar algo mais íntimo. A ruiva demonstrava ser tímida demais pra isso, embora seu jeito retraído parecesse uma capa que usava com frequência. Ela era quente como uma chaleira prestes a explodir, mas por algum motivo se continha. Eu ainda não sabia, mas iria descobrir.

De qualquer forma, esse seu lado oculto parecia ser muito mais interessante de conhecer, mas interiorizei esse desejo naquela momento. Eu teria tempo.

- Como eu esperava, você faz jus a seu nome. - Confessei, me dando conta apenas depois do que havia falado.

- O que quer dizer? - perguntou ela, obviamente intrigada.

- Sabe o que significa? - indaguei sem ter mais como disfarçar minha falha.

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora