Capítulo 81 - Inconciliação

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A ceda macia dos lençóis de cama, roçam em minha pele nua, como uma briza suave. Jogo-me para trás sentindo algo quente e úmido tocar minha nuca, estremecendo meu corpo da ponta do meu dedo do pé, ao topo de minha cabeça.

Um queimor pulsante se intensifica entre as minhas pernas, me fazendo soltar um suspiro de prazer, enquanto, duas mãos parecem dançar pelo meu corpo, de forma suave. Depois de tantos dias de estresse, eu não lembrava mais como esse toque era bom. É tão excitante, ao mesmo tempo que cuidadoso, que me sinto nas nuvens.

Mantenho minhas pálpebras cerradas, no entanto, quando sinto dois dedos deslizarem por meus lábios e começarem a traçar um caminho por meu pescoço, entre meus seios, chegando ao umbigo e descendo um pouco mais... Não consigo me conter. Abro meus olhos buscando controlar o turbilhão de emoções que parecem explodir dentro de mim, e mergulho no verde escuro e sombrio dos olhos de Rafi.

Abro a boca, mas não consigo emitir som algum. Estou paralisada, incapaz de qualquer ação.

Não consigo racionalizar o que sinto. Uma parte de mim, arde veemente, precisando que continue, embora outra deseje fugir daqui.

Minha confusão parece uma diversão para ele, e enquanto suas íris soltam faíscas de luxúria que correm por meu corpo de forma puramente carnal, seus lábios se contorcem em um meio sorriso.

Estou sem fôlego, e antes que consiga abrir meus lábios para encher meus pulmões de ar, seu rosto se aproxima do meu, sua respiração quente roça minha pele e seu dedo polegar e indicador apertam meu queixo, aproximando-me mais a ele, ao ponto de me dissolver no fogo de seu desejo explícito.

- Acontece, Anália... - Sussurra com o olhar pesado - Que ontem a noite você trepou comigo do seu jeito... Mas hoje é a minha vez de te foder como uma puta!

Recupero o controle do meu corpo e, finalmente, puxo o ar pela boca, enquanto salto para frente.

Sinto o calor da excitação evaporar, substituído pela fisgada da decepção e pavor.

Olho a água quente cobrindo meus pés, meus dedos dormentes cravados nas bordas da banheira, enquanto minha respiração escapa de forma ofegante.

Cubro meu rosto com as mãos deixando que um choro amargo se aproxime.

- Por que você não me deixa livre? Por que não tira seu feitiço de mim!? - Murmuro enquanto um soluço corta minha fala. Eu dormi no banho, e vejo que não posso ter paz nem em meus próprios pensamentos.

É estranho como eu me sinto, como as coisas mudaram em tão pouco tempo. Antes eu fechava os olhos esperando que ele visitasse meus sonhos e agora luto para o expulsar deles.

Não sei quanto tempo passo com a cabeça escondida entre os joelhos, tentando me livrar dessa memória. Mas, não posso. Não posso apagar o que já foi. Tenho que aprender a conviver com isso.

Levanto-me vendo no reflexo meu rosto inchado, e enrolo-me no roupão para deixar o banheiro.

Seria horrível ser vista assim, mas no fundo também desejo que o Colin viesse uma última vez me ver essa noite. Percebo que quando estou ao seu lado, são os únicos momentos que não passo a maior parte do tempo me culpando por ser tola. Ele parece ser igualmente tolo como eu, embora eu saiba que não.

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora