Capítulo 18 - Uma Prece

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Não sei por quanto tempo estou inerte no movimentar das ondas que avançam pacificamente em direção ao horizonte, mergulhando no seu delicioso som ao tocar as pedras onde um majestoso azul infinito se forma ao fundir-se com o céu; mas, de alguma forma esta paisagem parece acalmar minha mente. Fecho os olhos desfrutando do calor suave que me acaricia e aquece meu corpo tão apático que sua frieza parecia alcançar-me até os ossos. Apesar de minha falta de ânimo, aceitei sair de meu clausulo e ceder ao insistente convite da Émile em passar o fim de semana neste resort.

— Obrigada. — Agradeço-a. Ela sorri tão ternamente para mim de sua espreguiçadeira ao meu lado, que sinto minha antiga amiga de volta. Não entendo porque não pode ser da mesma forma quando estamos com os outros. Gostaria tanto que Carolina e até mesmo seu lacaio pudessem desfrutar deste momento, com a verdadeira Émile que conheço. Sinto uma pontada de remorso pela forma que a tratei nos últimos meses; seu comportamento oscilante e meu humor deprimido levaram-me à atitudes rudes com ela, porém, ainda não me arrependo de ter defendido a Carolina. — Você sabe como é importante para mim?

— Eu sei. E lhe ajudarei sempre que precisar, ainda que você não saiba reconhecer isto.

— Não fale assim, Émile. Não é porque fui contra algumas atitudes suas que desconheço tudo que fez por mim. Não falo isto por que quero sua ajuda, mas, por nossos anos juntas. Preso muito por nossa amizade. — Digo emocionada, segurando sua mão que corresponde meu aperto.

Nosso momento de reconciliação é interrompido pelo homem que vem lançando flertes a Émile, desde que estamos aqui na praia. Sinto-me acanhada com o olhar descarado entre eles, enquanto ele permanece parado em nossa frente com os dois coquetéis para nós, conforme ela havia pedido.

— Pode me emprestar sua amiga agora? — Pergunta-me sem tirar dela os olhos, enquanto nos entrega a bebida. — Tenho um lugar bem confortável para nós dois. — Pisca para ela.

— Não vai dar — Ela o responde, desfazendo imediatamente o entusiasmo em seu rosto. Ainda desnorteado, ele abre a boca parecendo querer protestar algo, porém, ela o interrompe — Vamos ao SPA agora, mas, quem sabe em outra hora. — Levanta-se acenando para que eu a siga, que a obedeço enquanto prendo minha canga na cintura.

— Ok. — Responde amenizando seu rosto desgostoso. — Me dê seu telefone que marcaremos isto para depois.

— Claro. — Percebo-a dando uma discreta revirada de olhos, em seguida passa-lhe o número errado.

— Estou te ligando. — Diz desconfiado.

— Desculpe, meu celular ficou no quarto. Obrigada. — Indica-lhe a bebida, o deixando com um ar ainda mais desapontado, que me faz querer devolver-lhe meu coquetel para que se sinta melhor, mas receio que isto não melhore a situação. — Sempre o mantenha no modo silencioso. — Fala-me indicando seu celular dentro de sua bolsa, ao nos afastarmos dele.

— Por que faz isto, Émile?

— O que?

— Ele deixou claro quais eram as intenções dele desde o começo e você alimentou as esperanças, o pediu os coquetéis...

— E quer que eu transe com ele por dois copos de bebida? Achei que sexo para você envolvia toda aquela coisa de sentimentos que me falou.

— Você me entendeu errado. Não tenho nada contra o sexo feito sem compromisso ou sentimentos. Só não acho certo que seja usado como moeda de troca sem que ambas as partes estejam cientes.

— Homens, Anália. Ou você os usa, ou é usada, e eles apaixonados podem ser muito úteis.

— É isto que faz com Daniel?

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora