Capítulo 15 - Sedução

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Um de novembro de dois mil e dezenove. Fito essa data escrita no quadro branco a minha frente, sentindo um nó em meu estômago. É hoje, o aniversário de Rafi. Apesar de ter fingindo esquecimento a ele pela manhã, não houve um momento que esse dia abandonou meus pensamentos, e por diversas vezes pensei em desistir da minha decisão de presenteá-lo, mas ao lembrar de todo empenho dos últimos dois meses, meu desejo retoma.

— Ei! — Carolina sibila, cutucando meu braço direito. — Porque essa cara? Você tirou 10 numa prova que a média da turma foi 3! Eu estaria comemorando com direito a champanhe.

— Pode comemorar. Um 8,7 nesta prova feita pessoalmente por Lúcifer e xerocada no inferno, não fica atrás. Sente o cheirinho de enxofre?

— Então, por que você está... É hoje!?

— Sim.

— Ai meu Deus! Como você está se sentindo?

— Não dá pra perceber?

— Pare! Precisa acreditar mais em você! Se você conseguiu uma nota dez na prova do capeta, consegue qualquer coisa.

— Obrigada. — Sorrio revigorada com suas palavras, além de feliz com meu desempenho. Mesmo com minha dedicação árdua em melhorar minhas notas para conseguir o estágio extracurricular, não esperava um resultado tão bom. Talvez a Carolina tenha razão e eu precise de mais confiança em mim.

— Você tirou 10!? — Émile quase grita, sentada a minha esquerda.

— Sim, e você? — Rapidamente, ela dobra papel do exame nas mãos, porém, minha visão já havia captado sua nota. — 1,2... — Sussurro, aflita por ela. Será difícil recuperar isto na última prova, temo que ela tenha que pagar novamente esta disciplina. — Eu sinto muito.

— Esta não é minha nota!

— Émile, podemos fazer um grupo de estudo e te ajudarmos depois da aula revisando os assuntos. — Carolina sugere, comovida com a situação.

— Ah, Carolina! Vai se...

— Émile! — A repreendo antes que conclua — Carol estava tentando ajudar, se não quer aceitar, não precisa ser grosseira.

Concluo com um tom de voz mais brando temendo irritá-la, porém, seu rosto já ferve de ira.

— Ei! — Daniel a chama, prevendo um de seus ataques histéricos. — Se acalme, você vai conseguir superar isso. Eu estou aqui, não precisa ficar nervosa.

— Cala a boca, quem precisa de você? Vou resolver isso, agora!

Levanta-se indo para frente da sala, parecendo desfilar em direção ao professor Tadeu, um belo retinto, alto e forte, que apesar de ser um doutor renomado com inúmeros títulos, possui apenas trinta e um anos. Não preciso falar o quanto sua presença arranca suspiros desejosos durante a aula, mas para o desgosto de muitos, ele mantém sua postura profissional e reservada.

Observo os movimentos de minha amiga, que se debruça sobre a mesa dele, com o decote direcionado para seu rosto. Até mesmo o inalcançável, demonstra-se hipnotizado com o olhar firme que lhe é lançado, parecendo ter dificuldade em concentrar-se no que ela fala, enquanto seu lacaio a observa desolado.

Se eu fosse destacar o que há mais de admirável na Émile, com certeza seria o seu poder de sedução. Não há receio ou intimidação em sua abordagem, como se já soubesse que nenhum resistirá a sua investida. Não sei qual a porção de atração e autoconfiança lhe foi dada, mas confesso que gostaria de obter ao menos um dia, e desfrutar da sensação de ter o homem de meu desejo atraído por mim.

Com um sorriso confiante, ela retorna a seu acento a meu lado.

— Então? Resolveu? — Pergunto-a ansiosa.

Desejo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora