Cavaleiros de Dragões II - A Joia Perdida

Capítulo 106

O caos havia explodido na pequena colina, os nobres haviam se espalhado em pânico, enquanto guardas tentavam a todo custo manter a ordem e ao mesmo tempo lutar contra os rebeldes.

As gêmeas haviam cortado a frente de seus vestidos para que pudessem se mexer livremente, e agora Aska sobrevoava a luxuosa construção de vidro com as três aprendizes em suas costas, para a frente onde acontecia a maior parte da batalha.

Não havia sinal dos Cavaleiros, e Anastácio franziu as sobrancelhas, se perguntando se realmente haviam se esquivado de uma batalha contra os rebeldes. Estava prestes a comentar com Kenny, sentada a sua frente entre ela e Jenny, quando sua irmã soltou um grito estrangulado e Aska rugiu surpresa, sua asa esquerda se dobrando pra dentro quando uma corrente luminosa se prendeu ao seu redor, espremendo sua cavaleira contra seu corpo.

Anastácio agarrou Kenny quando o dragão despencou, a sombra de Bizza cobrindo sua visão por um segundo, e a garota internamente amaldiçoou Kady com todas as palavras feias que conhecia, de cujas mãos saía a corrente de energia, o mesmo encanto que já usara contra as gêmeas na batalha contra Saguhr.

Aska aterrissou estrondosamente no meio do campo de batalha, o encanto se desfez seguido no mesmo segundo do outro dragão, garras alaranjadas se enterrando nos ombros de Aska e um rugido furioso estourando seus ouvidos.

Seguindo o primeiro impulso que lhe ocorreu, Anastácio rolou para longe dos dragões levando Kenny consigo, que gritou o nome de Jenny quando uma coluna de fogo explodiu no lugar onde estiveram um segundo antes, engolindo a visão dos dragões embolados e tudo que estivesse no meio; o coração de Anastácio falhou uma batida e se ergueu desesperada, quando o fogo se dissipou era Kady quem estava de pé a sua frente.

-Kady, por fav-- Anastácio exclamou suplicando, mas a Cavaleira não a deixou terminar, puxando sua espada lustrosa num movimento agressivo, e quase imediatamente o impacto da lâmina contra sua pequena adaga fazendo o ombro de Anastácio gritar de dor. 

Viu brevemente o vulto de Kenny se levantar com dificuldade atrás de si, recolhendo algo do chão que supôs ser uma arma, mas Kady a forçou a voltar toda sua atenção a ela, atacando-a com movimentos cada vez mais violentos, forçando seus joelhos para o chão e a fazendo se perguntar se realmente pretendia matá-la.

Anastácio ergueu sua adaga mais uma vez, apoiando a lâmina com ambas as mãos e os joelhos trêmulos enterrados no chão, esperando o golpe poderoso de Kady, mas arquejou quando a mão metálica da mulher agarrou seu maxilar agressivamente e a puxou para cima, forçando-a a se por de pé mais uma vez.

A Cavaleira aproximou seu rosto, apertando dolorosamente as mandíbulas de Anastácio, e rosnou:

-Você não é nada sem seu dragão. Estão selando sua derrota com essa traição ridícula.

-Eu não estou sozinha..! - Anastácio conseguiu grasnar, e Kady riu, uma risada sarcástica e fria que nunca ouvira antes da Cavaleira, soltando seu rosto de repente e lançando-a de volta ao chão.

-Oh, é mesmo? Então onde estão seus amigos? Onde está seu dragão?

Anastácio sentiu seu rosto começar a esquentar onde Kady enterrara a armadura de seus dedos, se perguntando a mesma coisa quando o sangue desceu quente sua bochecha. Onde estava Zimäh? Olhou em volta, a visão embaçada de Aska derrotada embaixo das garras de Bizza, reconhecendo o corpo de Jenny espremido entre as costas de seu dragão e o chão, inconsciente, Kenny ainda parada instável a alguns passos de si, uma espada pendurada fracamente em sua mão.