Capítulo 57

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Aska soltava rosnados e barulhos ameaçadores por todo o caminho que o grupo de bandidos os levou, depois de prenderem-na debaixo da rede de aço, ameaçaram matar Kenny quando ela lançou fogo para todos os lados possíveis, e o dragão teve de se render.
Prenderam seus dois pescoços um ao outro e seus pés e a colocaram em cima de uma carroça que veio com o grupo do outro lado do rio, e os aprendizes tiveram que andar, presos com correntes às mesmas que prendiam Aska, para não tentarem derrubar os homens que os levassem.
O que a gente vai fazer?? Kenny perguntou desesperada, e Patrick se encolheu com o toque repentino de sua mente.
Eu não sei, mas só vamos poder decidir isso mesmo quando chegarmos.. Pra onde quer que estejam nos levando.
Já haviam percebido que aquelas correntes estavam com algum encanto que impedia que usassem magia, fazendo com que começassem a se preocupar com seus inimigos. Um simples grupo esfarrapado de bandidos não teria um mago ou outra pessoa que usasse magia no grupo, e a rede de aço que prendera Aska também provava que eram mais preocupantes do que pareciam.
Um dos homens que escoltava a carroça e os aprendizes, constantemente lançava olhares indiscretos e desagradáveis para Kenny, e Patrick o fuzilou com o olhar, sentindo o desgosto por ele aumentar a cada passo que davam. Quando o homem começou a chegar perto da aprendiz, o garoto cogitou seriamente a possibilidade de agredi-lo, afinal suas pernas ainda estavam livres, mas antes que fizesse algo, a própria Kenny agiu.
-Tá olhando o quê, maluco? Perdeu o c# em mim?
O homem sorriu irônico, mas Patrick viu-o cerrar o maxilar, e se aproximou ainda mais da garota, colocando a mão em seu pescoço ameaçador e rosnou:
-Olha como fala comigo, garota. Alguém precisa lhe ensinar boas maneiras? Eu até tava gostando de você de boca fechada--
O homem berrou raivoso de repente e seus colegas tiveram que segurá-lo para não esfaquear a garota quando ela enxeu os pulmões e lhe cuspiu no rosto, e os outros que estavam em volta a agarraram agressivamente e a prenderam em cima da carroça depois de ela nocautear o primeiro com um chute.
Patrick cerrou os punhos tomado pela raiva quando, antes de prendê-la totalmente, um dos homens levantou o punho para acertar as costelas de Kenny, e com um puxão em suas correntes, o garoto fez-o cair da carroça e bater de costas no chão. Imediatamente mais homens se lançaram em cima de Patrick, e ele se apoiou com as costas na carroça já parada por causa da confusão, defendendo-se e afastando com chutes e todos os golpes possíveis com as mãos presas os bandidos agressivos.
Kenny gritou para que parassem quando um bastão atingiu violentamente a barriga de Patrick e o garoto caiu de joelhos, arquejando e tossindo, e com um chute no rosto deixaram-no inconsciente.
Aska rosnou quando o homem que chutou Patrick jogou-o ao lado de Kenny como um objeto, e aproximou o rosto do dela ao murmurar:
-Mais um movimento e eu mando meus homens jogarem o dragão pra se afogar no rio, pirralha.

O barulho irritante de uma chaleira gritando tirou Jenny do sono, junto ao barulho de pessoas e o clop clop de cascos de cavalos no calçamento, e a garota puxou a coberta por cima da cabeça, apertando os olhos sonolenta.
Que saco.. Pensou, desejando dormir mais, e se ergueu de repente, procurando a janela aberta que deixava todo aquele barulho entrar. Só então se deu conta de que ouvia barulhos de ruas movimentadas, como se estivesse numa cidade, e quando seus olhos se acostumaram à claridade e olhou em volta, estava num quarto não empoeirado, com móveis novos e limpos e ao lado de sua cama uma grande janela de vidro aberta para a rua, um andar abaixo.
Numa mesinha de cabeceira estava um jarro de flores e numa cadeira no pé da cama estava uma pequena pilha cuidadosamente dobrada de roupas, aparentemente deixadas lá para Jenny. A aprendiz ficou olhando aquele quarto arrumado, agradável e desconhecido desnorteada, sem saber o que fazer e percebeu estar vestindo uma camisola leve e branca, que cheirava aos produtos de lavanda que sua mãe costumava usar no Japão, fazendo-a se perguntar como a trouxeram para aquele lugar e lhe trocaram de roupa sem que acordasse.
Se levantou sem opção, e pegou a pilha de roupas, vendo um pequeno bilhete cair do meio delas, e sorriu nervosa ao ler: Não ouse fugir por essa janela, mas as roupas são pra você. Certamente fora Mielnë quem escrevera o bilhete, e Jenny o enfiou no bolso depoos de se vestir. A blusa de linho branco era um pouco larga para o seu tamanho, parecia uma espécie de blusa social mais grossa, mas a calça coube perfeitamente. No final não pode deixar de pensar naquilo como um outfit de elfo - uma calça preta de algo parecido com jeans, a blusa de mangas longas soltinha e um coletinho de couro por cima - mas afinal gostou.
Perto da porta estava um par de botas de cano médio e um par de meias enfiadas nelas de qualquer jeito, e após se vestir por completo e calçá-las, Jenny abriu a porta com cuidado, espiando para fora. Uma pequena sala de estar se estendia à sua frente, separada de uma cozinha confortável por uma porta aberta, e uma escada de madeira levava para o andar de baixo, tudo tinha uma aparência confortável e delicada, como se estivesse numa casa de boneca. Um tapete azul e verde decorava a sala, um sofá amarelo e uma mesinha redonda com alguns livros e uma caneca de café ou chá, e uma porta de vidro do lado direito levava para uma pequena varanda, e cautelosamente Jenny se ousou para fora do quarto, fechando a porta atrás de si.
Uma estante cheia de livros estava na parede oposta à varanda, ao lado de outra estante com algumas coisas aleatórias, alguns cactus e pertences pessoais como fotos e abajures. Jenny andou em silêncio para a porta da varanda, abrindo-a uma fresta e espiou para a rua, onde pessoas e carrocinhas trafegavam pacificamente, e do lado oposto prédios do estilo Europa medieval se enfileiravam com varandas e janelas decoradas com flores.
Se lembrando das pessoas diferentes que vira no outro dia, saiu para a varanda tomada de curiosidade, se apoiando na mureta encaracolada para olhar para a rua lá em baixo discretamente.
Jenny abriu a boca surpresa, apesar de já ter visto uma vez a diversidade de pessoas, ver de perto era diferente. Havia humanos, comprando ou vendendo nas pequenas lojas pela rua, anões guiando carrocinhas ou até um levando uma cabra para algum lugar, e as fascinantes pessoinhas pequenas e brilhantes que Jenny vira no outro dia, e que agora constatou surpresa que andavam por aí flutuando alguns centímetros acima do chão. Até então, do pouco que vira da cidade, reparou poucas delas, e o restante das pessoas pareciam vê-las com respeito, ainda que Mielnë tivesse dito que ali todos se tratavam com igualdade.
-Então está aí. -Jenny se encolheu de susto, entrando em desespero interno ao ouvir a voz atrás de si, já imaginando a elfa negra surgir raivosamente e enfiá-la num lugar empoeirado novamente, mas era apenas Lavin, e o elfo lhe deu um sorriso simpático. Ele parecia ter acabado de voltar das compras, pois segurava uma sacola de papel
em uma das mãos onde algumas ervas verdes estavam pra fora, e um chapéu redondo cobria seu cabelo.
-E-eu só t-tava.. E-eh-- Jenny gaguejou e o elfo riu, tirando o chapéu e cumprimentou-a com uma leve reverência que a garota respondeu intensamente.
-Não se preocupe, Mielnë não está comugo. -o elfo riu, vendo a garota relaxar um pouco, e acenou para que ela o seguisse para dentro novamente. -Aceita um chá? -perguntou já indo para a cozinha, e alguns instantes depois a chaleira parou de chiar e o elfo voltou com dois copos fumegantes. Jenny se sentou calada e confusa quando o elfo lhe entregou uma das canecas e gesticulou para o pequeno sofá, e se sentou ao seu lado, balançando as pernas ao começar:
-Tem muita coisa que você precisa saber.. Mielnë usou um encanto ontem à noite pra fazer com que você apagasse, e ela pudesse entrar na sua mente com facilidade, e eu peço desculpas por essa parte, mas precisávamos ter certeza de quem você é. E quando descobriu preciso admitir que ambos ficamos... Chocados.
Jenny franziu as sobrancelhas, se perguntando o que havia de chocante descobrir o que ela havia acabado de lhes contar sob as ameaças de Mielnë. Tudo bem, invadiram sua mente e provavelmente haviam descoberto tudo o mais sobre sua vida, mas era apenas a confirmação do que jogara pra fora no dia anterior. Porém, Jenny quase engasgou com o próprio chá quando o elfo voltou a falar, em tom mais sério do que antes:
-Tem a ver com sua família. A verdadeira.

Tô emocionada com minha eficiência nesses dias T-T espero que também estejam gostando de vários capítulos de uma vez hehe acho que é porque o trimestre acabou e eu não tô mais com o tão amado estresse escolar :3 pelo menos por enquanto.
Fui, e até o próximo capítulo <3


Cavaleiros de Dragões II - A Joia PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora