Capítulo 3

1.3K 156 11
                                    

Apesar de ter se passado quase um mês da batalha na planície, todos na Base e no castelo ainda se recuperavam do combate. Muitos dos soldados haviam voltado para suas casas após a batalha, se recuperando dos ferimentos na companhia de suas famílias e amigos. Luana retornara ao castelo alguns dias depois de conversar com o comandante dos Cavaleiros a respeito de Anastácio, pois montanhas de trabalho a esperavam com seus conselheiros no castelo.
Kady e Shilamir haviam oficializado seu relacionamento logo após voltarem para a Base e estavam noivos, fazendo Dina ter ataques de fofura e amor pelo casal de Cavaleiros, começando a shippar até mesmo seus dragões Blaze e Bizza e imaginar o nome de seus filhos.

As cidades que haviam sido atacadas por pequenas hordas de criaturas das trevas durante a batalha na planície, estavam recebendo mensageiros e rastreadores do castelo para resolver os problemas e relatar a situação à rainha e aos Cavaleiros de Dragões, em algumas ocasiões os próprios Cavaleiros foram até a cidade, tanto para caçar os monstros quanto para acalmar a população em choque, já que nunca acontecera antes de criaturas das trevas invadirem as fronteiras mágicas dos Quatro Reinos. A entrada dos dragões nas cidades sempre era recebida com gritos e aplausos empolgados e felizes, e  uma vez os aprendizes e seus dragões tiveram o prazer de acompanhar os Cavaleiros em uma de suas visitas.
O povo soltou sons de empolgação e surpresa ao ver os três jovens dragões e Zimäh pousarem ao lado dos dragões adultos, e Anastácio corou ao ver muitos rostos encarando-a, incrédulos ao ver uma garota montar o famoso dragão renegado, gritando e aplaudindo admirados. Ela olhou confusa para as pessoas na cidade ao ouvir muitas delas chamá-la de palavras na língua antiga que nunca tinha escutado antes, como "Hashiina" ou "Soya' shiina" e perguntou curiosa à Zimäh o que aquelas palavras significavam.
São expressões respeitosas para maga, ou feiticeira. Querem dizer "Paladina" ou "Guerreira dos deuses". Apenas acene e sorria.
Anastácio olhou envergonhada para o povo, chamando-a de guerreira e tudo o mais, mal sabiam eles o quanto ela era fraca em relação ao poder que possuía. Tentou sorrir o mais confiante possível para as pessoas que os rodeavam enquanto caminhavam cidade adentro, mas sentia que estava fracassando terrivelmente, então passou a apenas acenar por onde passavam.
Está ficando famosa hein, "Paladina"!
Anastácio mostrou a língua para Jack ao ouvir o garoto zoá-la, mas antes que pudesse responder a piada, ouviu a voz de Kenny dizendo em tom malicioso e divertido:
Digo o mesmo pra você, Jack! Acho melhor você defender seu território hein Anastácio, seu boy magia está ganhando muitas admiradoras aqui!
Ao ouvir as palavras de Kenny, Jack enrubesceu visivelmente e as gêmeas caíram na gargalhada, fazendo Anastácio perceber emburrada que realmente muitas garotas de sua idade da cidade lançavam olhares admiradores para o garoto em cima do dragão vermelho, algumas chegavam à ousadia de piscar e mandar beijos para o jovem cavaleiro. Anastácio olhou surpresa para o lado quando ouviu a voz de Patrick em sua mente, dizendo:
Ignore elas. São só garotas interesseiras tentando seduzir um cavaleiro.
Anastácio havia se acostumado às curtas frases do garoto quando ele se dava ao trabalho de abrir a boca, mas confortar os outros ou dar conselhos amigáveis era novidade, e ela sorriu agradecida para o garoto.
Anastácio reparou que o povo idolatrava bastante os Cavaleiros de Dragões, as pessoas sorriam e gritavam e muitas tentavam tocar em Edward e Shilamir, na ponta da formação, esticando os braços e passando as mãos nas escamas dos dragões. Edward passava uma sensação de segurança enquanto passavam pelas pessoas, uma expressão confiante e humilde no rosto, apertando as mãos das pessoas e inclinando a cabeça respeitosamente.
Logo os Cavaleios avançaram para o centro da cidade onde ficava a sede e grande parte do comércio, parando em frente ao prédio da sede da prefeitura, uma mansão de madeira com grandes janelas de vidro de cima à baixo e um telhado vermelho e pontudo. Anastácio reparou num homem baixo e gordinho parado perto à porta de entrada da mansão, olhando pálido para Garra de Prata e seu Cavaleiro. Anastácio se perguntou o que havia de errado com o homenzinho.
—S-senhor Co-comandante! —o homem fez uma profunda mesura quando Edward desceu da sela do dragão branco, gaguejando terrivelmente. —B-bem vindo senhor, o p-prefeito o aguarda. S-se me permite...
Ele fez um gesto em direção à porta, a cabeça ainda baixa, e entrou ao aceno de cabeça de Edward, guiando os Cavaleiros para dentro da mansão com passos apressados.
Os aprendizes se encararam sem entender e Jack deu de ombros, apenas seguindo Edward e os outros guiados pelo homenzinho para dentro da mansão.
O piso de mármore polido refletia os mínimos detalhes e Anastácio ouviu Jenny comentar baixo que podia usar aquele chão como espelho facilmente. Muitos quadros nas paredes dos corredores mostravam a evolução da cidadezinha ao longo dos anos, antes era apenas um vilarejo com poucas casas e alguns pastos para animais como vacas e bois, cavalos, cabras e uma espécie de animal que Anastácio não reconheceu, mas que parecia um grifo. Jack pareceu perceber o olhar curioso não só de Anastácio, mas também dos outros três do mundo mortal, em relação ao quadro que mostrava uma foto dos animais e respondeu à pergunta não feita:
—Esses animais parecem com os grifos das mitologias de vocês, né? O nome dessa raça é Rhaärion, eles são as únicas criaturas capazes de viajar entre os diferentes mundos sem precisar de portais mágicos. —Os quatro aprendizes o olhavam curiosos enquanto Jack falava. —Antigamente eles viviam selvagens por aí, mas eram muito procurados por pessoas em busca de poder que queriam dominar diferentes mundos. Eles começaram a ser caçados e obrigados a servir quem quer que conseguisse prendê-los então os governos dos Quatro Reinos criaram uma lei que condenava caçadores de Rhaärions à cinco anos de prisão.
Anastácio se surpreendeu com o tempo da pena de prisão, mas gostou de ouvir que os reinos protegiam a natureza com seus seres vivos. Enquanto passavam por um corredor que terminava numa escada larga que se dividia no topo formando dois grandes corredores, Jack continuou:
—Mas mesmo com a lei, muitos continuaram caçando ilegalmente e hoje os Rhaärions que ainda vivem estão em reservas do governo.
Kenny parecia prestes a dizer algo, mas naquele momento o homem que os guiava abriu uma porta dupla e os Cavaleiros entraram numa sala grande de teto alto, decorada com lustres luxuosos no teto e quadros abstratos nas paredes. Num lado da sala estava uma pequena mesa redonda rodeada por poltronas de veludo verde escuro, de frente para uma das grandes janelas que podiam ver do lado de fora da mansão. No outro lado estavam enormes estantes entupidas de livros e pergaminhos até o teto, com escadas encostadas em cada estante, alguns criados limpando e organizando os livros.
—Sejam bem-vindos Cavaleiros de Dragões. Estou honrada com sua visita.
Anastácio olhou surpresa para as poltronas novamente ao ouvir a voz de uma mulher, sentada em uma das poltronas que Anastácio jurava antes estar vazia.

Atrasei um pouco com a publicação, me desculpem, mas é que estive viajando e lá não tinha net, eu tbm n recarreguei meu celular 😅
Enfim.. Espero q gostem como sempre, não esqueçam d curtir e comentar, qualquer pergunta pode mandar que eu responderei ❤ até a próxima!

Cavaleiros de Dragões II - A Joia PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora