Capítulo 50!

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Após realizar um brinde pelas alianças recém reforçadas com o Bosque Negro e fazer um pequeno discurso, o Rei convidou todos a se dirigirem para o salão de baile, onde uma pequena orquestra tocaria e os convidados poderiam dançar e conversar mais à vontade, até o fim da noite. Após aquilo, cada um tinha um aposento reservado para passar a noite, para os diplomatas e representantes do país aliado que viajaram longas horas naquele dia e a parte da família Aranlin que não morava no castelo.
O salão de baile fez Anastácio abrir a boca fascinada, lhe lembrando um museu renascentista, com o teto abobadado decorado com desenhos detalhados e esculturas complicadas de cenas épicas de deuses e criaturas de todas as espécies possíveis. Três enormes lustres de vidro e porcelana pendiam do teto ao longo do salão, e janelas gigantes iam de uma ponta do salão à outra nas paredes de cada lado. Na verdade mal sobravam paredes para descrever além da qual se abriam as portas e a do lado oposto, onde outras duas típicas escadas duplas se encontrava no corredor em seu topo.
-Você não vem muito nessa parte do castelo, vem? -a voz ao seu lado fez Anastácio se encolher assustada e se reprimir por não controlar suas emoções com mais cuidado, e o jovem de antes sorriu pra ela, passando o cabelo ruivo claro para trás da orelha ao dizer:
-Eu também me impressionaria toda vez, mesmo que morasse aqui.
-É-é incrível mesmo, né?.. -Anastácio respondeu, mexendo nervosa em um cachinho ruivo enquanto adentravam o salão de baile.
Shiro havia deixado os representantes do Bosque Negro com as tias de Anastácio, e Alharkia se juntara a ele e ao homem musculoso que tinha levado a garota de volta para o castelo quando aparecera naquela realidade. No momento em que Anastácio observava o Rei falando com os dois, de expressão séria, e ambos ouvindo-o atentamente, a Rainha voltou seu olhar para a "filha", fazendo-a admirar mais uma vez a beleza cativante da mulher. Alharkia lhe deu um sorriso suave e Anastácio retribuiu timidamente, mas logo voltou a olhar para seu acompanhante pálido quando este a cutucou perguntando inseguro:
-O que achas..? Devo convidar a diplomata para uma dança?
-O-o quê?- Anastácio perguntou chocada, agora totalmente confusa outra vez com identidades e suas relações e tudo o que deveria saber sendo a princesa que estava sendo.
-Ora, sabes que tenho uma queda por ela desde o último baile de inverno, e além disso, ela estava a me lançar olhares diga-se suspeitos na sala de jantar.
-E-eh, ahta.. Quer dizer-- Anastácio gaguejou sem saber o que dizer, enfim dando de ombros, - Vá em frente! Se joga, o não você já tem!
O rapaz soltou uma gargalhada surpresa que provavelmente não teria conseguido segurar, fazendo Anastácio lembrar que ali todos falavam no modo formal, mas não precisou se preocupar pois o rapaz não pareceu estranhar, e perguntou de repente:
-Não estás chateada por eu deixá-la só, estás? Crystal também irá vos chamar para dançar, aposto!
-Nãao, tudo bem! Pode ir dançar, eu.. Ficarei bem.
Ele pareceu mais tranquilo quando Anastácio lhe deu um joinha convincente, e momentos depois viu-o conduzir a mulher do Bosque Negro pela mão para a pista de dança, onde alguns casais já se divertiam à sua maneira clássica e formal.
Então quem caralhos é Crystal?? Anastácio se perguntou desnorteada depois que ele se foi, começando a cogitar cada homem naquele salão. Talvez fosse um dos representantes do Bosque Negro, e a garota os analisou do outro lado do salão, em frente à uma das enormes janelas de vidro, conversando com um dos jovens que estava na mesma mesa do garoto de antes: um parecia velho demais, deveria ter uns 40 anos apesar de parecer bem conservado; e o outro devia ter por volta dos vinte e poucos, mas Anastácio o vira lançar um olhar ciumento para o rapaz ruivo-loiro quando tirou a diplomata para dançar. E o terceiro estava já no centro do salão, dançando com a moça que provavelmente era Lora Aranlin.
Cogitou a possibilidade de perguntar seu pai, mas pensou duas vezes ao vê-lo tão concentrado na conversa com a Rainha e o enorme guerreiro ruivo; porém, não precisou ficar plantada sozinha e confusa por muito tempo - naquele momento viu alguém se aproximar de lado, e ao se virar, constatou com surpresa que era a garota negra ruiva andando em sua direção. Reparou que até mesmo seu jeito de andar era bonito e suave, e, com um sorriso, parou quando chegou perto o suficiente. E quando falou, Anastácio quase arregalou os olhos de surpresa, conseguindo se controlar por pouco com a explosão de informações e pensamentos que esclarecia e ao mesmo tempo confundia tudo o que pensava até aquele momento:
-Me concedes a honra desta dança, Alteza?

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Kenny entregou a mochila de Akira quando chegaram ao portão da pequena fazenda de arroz, que segurara para o irmão até aquele momento, e puxou-o mais uma vez para um abraço ao dizer:
-Se cuide, Akira. É o seu último ano, então não faça merda.
O irmão conseguiu dar um sorriso, mas segurou a mão de Kenny como se não quisesse nunca mais soltá-la. Suspirou trêmulo e disse:
-Me prometa de que não vai a lugar nenhum até eu voltar.
-Akira... -O sorriso de Kenny desapareceu e ela olhou-o nos olhos puxados, falando séria: -.. Eu não posso te prometer isso, e você sabe. Eu não sei, tanto quanto você, quando pode acontecer qualquer coisa relacionada à Terra da Geada. Pode ser que eu volte hoje ainda, ou só daqui a dias ou semanas.
Akira abaixou a cabeça, mas fez que sim compreensivo, e Kenny envolveu-o num abraço novamente, bagunçando seu cabelo negro e então se afastou.
-Para o caso de esta ser a última vez em que nos veremos...
-Eu amo vocês.. -o garoto disse, soltando a mão da irmã. -.. Então, seja lá onde estiver ou contra o quê esteja lutando, saiba que você e Jenny sempre terão um lar aqui.
Kenny sorriu, sentindo seus olhos se enxerem de lágrimas, e acenou positivamente com a cabeça cruzando os braços, e fungou ao vê-lo se virar o descer o sinuso caminho de terra que levava até a rua principal lá embaixo, de mochila nas costas.
A garota limpou o rosto, sentindo um peso no peito, mas ao mesmo uma leveza de que havia feito o que precisava, sua família estaria bem e podia se focar em seu próprio mundo. Como se todo esse tempo soubesse, Kenny se virou para a figura baixa e pálida, de cabelos curtos e roupas negras que se materializou atrás da garota naquele curto tempo, observando-a de seus olhos vazios ao dizer:
-Suponho que ambas sabemos o que vai acontecer agora. Certo?
-Não faço a menor ideia de quem é você, mas acho que tenho uma ideia. -Kenny retrucou sorrindo e deu de ombros.


Finalmente nesse belo domingo a inspiração veio e eis aí mais um capítulo <3 me desculpem pelo branco, mas estou feliz de ter conseguido voltar a escrever :)
Até o próximo capítulo!

Cavaleiros de Dragões II - A Joia PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora