Capítulo 28

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A sala do trono estava vazia e silenciosa, e a presença dos guardas ali não ajudava a confortar a rainha. Luana se mexeu desconfortável no trono, pensando a respeito da Joia da Lua. Os Cavaleiros e dragões provavelmente se preparavam para a missão do dia seguinte naquele momento, e treinavam os aprendizes para o que os aguardava, e apesar de ainda ser contra a participação dos jovens naquela tarefa, Luana admitiu para si mesma que eles eram uma pequena vantagem. Há décadas os Quatro Reinos viveram sob a proteção de tão poucos dragões, e os ovos guardados não davam filhotes desde o governo da família Aranlin. Luana pensou com amargura na situação atual do reino, comparada ao governo Aranlin, próspero, rico e poderoso, contando com a força de mais de 15 dragões e Cavaleiros, além das poderosas guerreiras ruivas da família. 
O governo deles provavelmente fora o melhor da história, mas também o mais odiado pelos reinos restantes, tanto que os últimos herdeiros haviam sido assassinados; por ordem de quem, ainda era uma dúvida. A própria Luana nunca pensara bem a respeito dos Aranlin, apesar do amor da população pela primeira família real da Terra da Geada e a prosperidade em que o reino viveu por séculos, a rainha sempre tivera uma convicção de que os Aranlin haviam conquistado todo aquele poder por meio de manipulação.
Porém.. Luana passou a mão nos cabelos levemente ondulados, preocupada. Há essa lenda desde algum tempo. A Herdeira... Tantos problemas pra lidar e ela tem que surgir logo agora. Tanta coisa que eu preciso decidir, que não posso errar nem sequer por um segundo, tantas coisas que precisam ser mantidas em segredo até que os novos aprendizes se tornem Cavaleiros formados...

Anastácio não conseguia dormir de nervosismo. Rolava de um lado ao outro de olhos totalmente abertos e suando frio, enquanto Zimäh descansava tranquilo ao seu lado. O dragão prateado conversara com ela um dia antes e lhe dissera que passaria as próximas horas dormindo quase em coma, uma forma que os dragões usavam para recuperarem todas as suas energias até o 100% para terem toda sua força para uma provável batalha no dia seguinte. Anastácio acordaria e faria suas tarefas do dia, treinaria, se prepararia para a missão e então, só quando faltasse pouco tempo para partirem, Zimäh acordaria, e se fosse necessário poderia lutar sem descanso pelas próximas 24 horas.
Anastácio se rolou frustrada, tampou a cabeça com o travesseiro, afastou o cobertor ao sentir calor e pegou-o de volta ao sentir frio. De repente sentiu uma súbita vontade de abraçar Jack e sentir a presença do garoto perto de si, se levantando sem hesitar ao finalmente ter uma desculpa para si mesma para levantar da cama.
Andou decidida para a porta e abriu-a em silêncio para não atrapalhar Zimäh, fechou e parou por um segundo no corredor escuro, sorrindo satisfeita ao pensar:
Edward, eu não ligo pras suas regras de "não saia da cama após a meia noite". Eu tenho direito de dormir agarradinha com meu namorado.
A garota ruiva casualmente deu boa noite aos guardas que faziam sua ronda no corredor ao abrir a porta de Jack, e conseguiu arrancar um sorriso divertido dos homens, logo em seguida fechando a porta atrás de si. Por um momento seu coração acelerou quando os olhos amarelos de Syla apareceram de repente na escuridão, e um rosnado baixo e assustador escapou do fundo de sua garganta, mas logo a dragonesa percebeu quem havia entrado, e voltou a cochilar depois de cumprimentá-la naturalmente:
Boa noite, Anastácio.
Boa noite, Sylinha.
Anastácio sorriu ao passar pelo dragão vermelho e se aproximar da cama de Jack; o garoto havia chutado longe o cobertor e dormia esparramado na cama, sem camisa e com os cabelos bagunçados em todas as direções possíveis. A garota recuperou o cobertor jogado no chão e se deitou devagar ao seu lado após cobri-lo, se enfiou debaixo do cobertor aconchegante e envolveu a cintura magra de Jack com os braços, descansando a cabeça em seu peito. Imediatamente começou a se sentir sonolenta, e como se tivesse tomado um litro de calmante adormeceu, antes mesmo de perceber o abraço de Jack ao seu redor.

Os seis Cavaleiros e dragões estavam reunidos numa sala que Anastácio nunca vira antes, mas que de alguma forma lhe parecia familiar. O teto não era tão alto quanto o do salão de reuniões, as paredes eram forradas com veludo púrpura e lâmpadas simples e amarelas pendiam do teto. O chão de mármore estava coberto com um único tapete de desenhos abstratos que um dia foram bonitos e coloridos, mas estava desbotado pelo tempo. Longas cortinas de tecido fino tampavam grandes janelas de vidro por onde transpareciam as milhares de luzes da cidade, e meia dúzia de poltronas estavam postas num círculo no centro da sala, onde os guerreiros se sentaram.
Naquele momento, Edward perguntava a nenhum Cavaleiro específico:
-E então? Qual deles foi que fugiu? Por favor não me digam que foi Anastácio.
-Não foi ela. -Shilamir lhe respondeu, e Anastácio encarou o Cavaleiro com ódio, não acreditando no que ele faria. -Foi o garoto, Patrick.
Anastácio teve vontade de esmurrar o Cavaleiro, a afeição que criara por ele desapareceu por completo, só de imaginar que ele seria capaz de revelar o segredo de Patrick daquela forma, depois de prometer que não faria aquilo. O que valia uma promessa se fosse daquele jeito?
-Certo. -Edward voltou a falar, alisando a barba por fazer. -Não temos tempo para lidar com isso agora, a missão é o mais importante. Mas quero que fiquem de olho nele até resolvermos o problema. Dina e Seth acompanharão o garoto na missão.
-Sim, senhor. -Dina respondeu imediatamente, mas Seth permaneceu calado. Os Cavaleiros se levantaram depois de dispensados por Edward, e se dirigiram na direção da saída, de onde Anastácio observara a cena. Seu coração disparou quando o líder se voltou para ela e olhou-a diretamente nos olhos, sorrindo ao dizer:
-E eu irei acompanhar você, jovem maga.

Anastácio acordou com um salto, suando frio e olhou à sua volta assustada ao perceber que não estava em seu quarto, mas se deixou cair novamente nos travesseiros ao se lembrar da noite passada. Jack ainda dormia profundamente ao seu lado, e o sol nem começara a nascer ainda, das enormes janelas do quarto se via a floresta escura na fraca luz da madrugada, coberta por geada e neblina.
A garota esfregou os olhos, recordando o que vira no sonho e se perguntando se era real. Nunca tivera sonhos que mostrassem o futuro ou algo que estaca acontecendo naquele momento, mas aquele sonho parecia real demais. Se fosse verdade que os Cavaleiros descobriram o segredo de Patrick, o garoto estaria com sérios problemas na mão de Edward. Mesmo que não soubessem o motivo da fugida do garoto, logo o fariam falar, e Anastácio não gostaria de estar na pele de Patrick quando isso acontecesse.
Acho que vou falar com Kenny... Se acontecer alguma coisa pelo menos ela vai saber por quê..
Antes que pudesse pensar mais no assunto, a porta do quarto se abriu e Kady apareceu, gritando-os para acordarem e irem para a arena. Em pouco tempo a missão se iniciaria.

Dessa vez é capítulo de verdade hahah..
Gente desculpa pela brincadeira do capítulo q nao era capítulo, parece q mt gnt não gostou :( eu só tava tentando descontrair um pouco, mas desculpa mesmo, não vou fzr de novo.
Espero que estejam gostando, comentem, comentem muito, se tiverem perguntas, façam, perguntem tuudo! E não esqueçam da estrelinha que me ajuda tanto <3 Fui

Cavaleiros de Dragões II - A Joia PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora