Capítulo 18

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O "descanso" na clareira com os dragões não durou muito mais que alguns minutos depois da história de Persiana, pois Edward mandara chamá-los para começarem um treinamento especial. Que tipo de treinamento era esse ficou por conta da imaginação dos aprendizes até que voltassem para a Base.
Quando avistaram Garra de Prata no céu acima da clareira, automaticamente se levantaram já imaginando algum tipo de problema, ainda mais ao perceberem que Edward não estava na sela, mas o grande dragão branco os tranquilizou dizendo que apenas estavam sendo chamados para voltarem, pois começariam um novo treinamento.

Edward, Shilamir, Kady, Dina, John e Sam os aguardavam na arena de combate, porém sem a presença de seus dragões, e logo os dragões jovens também foram dispensados dali, para se juntarem aos dragões mais velhos com seu próprio treinamento.
—Bem, —começou Edward, cumprimentando os aprendizes quando chegaram na arena, logo depois se separando de seus dragões. —Como vocês já sabem, o mago sacerdote foi encontrado morto a algum tempo atrás e com ele achamos alguns objetos interessantes. Um deles foi o livro com a profecia que vocês mesmos puderam ler, e eu discuti a questão com a rainha, chegando à resposta mais provável que se pode concluir a partir da profecia e das anotações do mago: os cinco fragmentos da Joia estão espalhados pelo reino em pontos específicos com maiores concentrações de energias mágicas e energias da natureza, as quais a Joia da Lua encontrou e usou para criar uma proteção contra qualquer coisa que possa usufruir dela ou danificá-la. Porém, com certeza alguns dos fragmentos já foram encontrados por outras criaturas das quais ainda não sabemos muito, e estas estão tentando achar uma forma de se apossar dos fragmentos para benefício próprio.
—Então enquanto nenhum dos fragmentos for usado por algum outro ser a gente tem tempo de achar e pegar antes que aconteça algo mais grave? —perguntou Kenny, ao mesmo tempo concluindo a fala de Edward e o Cavaleiro assentiu, prosseguindo:
—Por isso estamos iniviando uma nova etapa no treinamento de vocês, que lhes ajudará a enfrentar qualquer tipo de criatura. —o Cavaleiro apontou para Shilamir e depois para si mesmo e para os outros Cavaleiros enquanto falava: —Shilamir e eu treinaremos vocês na esgrima e no combate corpo a corpo. Kady treinará vocês na parte da magia, Dina e Sam treinarão vocês na parte da estratégia de luta e John e Persiana na luta desarmada. Entendido?
Os aprendizes fizeram que sim com a cabeça, se espalhando então ao comando dos Cavaleiros, cada um seguindo um Cavaleiro para seu treinamento e permaneceram na arena apenas Edward, Shilamir e Patrick. Anastácio acompanhou Dina e Sam na estratégia, Jack acompanhou Kady na magia e as gêmeas acompanharam Persiana e John no combate desarmado.

Depois de quatro longas horas treinando alternadamente com os Cavaleiros, os cinco aprendizes se reuniram novamente na arena com Edward, suados e exaustos, e o comandante deu um sorriso satisfeito, parabenizando-os pelo progresso e disse:
—Vocês estão indo todos muito bem, amanhã repetiremos o treino e veremos o que vocês aprenderam hoje. Porém, há algo que notei em todos vocês hoje...
Já prevendo o pior, os jovens olharam com cuidado para a expressão pensativa e séria de Edward, mas o Cavaleiro apenas disse:
—Como vocês já devem saber, um bom guerreiro precisa de uma boa arma, geralmente uma que seja quase parte dele, e se encaixe perfeitamente com seu estilo de luta. Não sei se vocês já notaram, mas cada um de nós possui uma arma própria que só nós podemos manusear com facilidade, quase como se fosse parte do nosso corpo, como eu já disse. E o que eu notei hoje foi que, apesar de vocês estarem indo bem com as armas que possuem, há um certo desequilíbrio entre vocês e sua espada, não há sintonia na luta, estão apenas guiando a arma para se defender e atacar, e não tornando-a parte de si..
Kenny se iluminou de repente e agarrou o braço de Anastácio, fazendo com que a garota ruiva a olhasse assustada quando disse exasperada:
—Isso quer dizer que vamos ganhar armas próprias?!
—Bem... —Edward alisou a barba, sempre por fazer, acenando de leve com a cabeça. —Não é tão fácil encontrar uma arma que se encaixe perfeitamente com você. Mas, sim, mais cedo ou mais tarde vocês terão suas próprias armas. Por ora vamos fazer uma "visita técnica".
Anastácio levantou uma sobrancelha ao ouvir Edward mencionar uma visita técnica, se lembrando do tempo no mundo mortal no ensino médio, em que faziam excursões com a escola, para museus, fazendas e grandes empresas, excursões essas que chamavam de visita técnica. A garota franziu as sobrancelhas ao sentir uma sensação estranha por um momento, como se lhe voltasse uma lembrança esquecida, uma saudade de algo, mas logo a sensação desapareceu, ficando apenas a memória da fazenda de sua mãe e uma pequena dor ao lembrar dela.
Estranho... Parece que eu tinha me esquecido completamente do meu mundo.. Pensou, confusa por um momento. Mas foi arrancada dos pensamentos ao sentir a mão metálica de Jack envolver a sua e ouvi-lo perguntar se estava se sentindo bem, fazendo-a balançar a cabeça para afastar os pensamentos e sorrir.
—Tudo bem, só tava pensando aqui..

Após serem liberados e saírem da arena, Persiana lhes avisou que os dragões demorariam mais algum tempo, então os cinco aprendizes se reuniram em uma das varandas do prédio que tinha vista para as montanhas e para o pôr do sol, tentando se recuperar dps músculos doloridos e hematomas do treino.
—Mas e aí, —Anastácio começou, olhando para os amigos. —Vocês descobriram alguma coisa na missão?
Os quatro balançaram a cabeça negativamente, mas as gêmeas contaram como foi sua parte da missão, do pequeno sequestro de Jenny e o sumiço do soldado, David, com os homens de Saguhr. Segundo Edward, já havia sido mandado um grupo de homens para procurar David, mas ainda não havia notícias.
—Eu to achando uma coisa muita estranha... —disse Patrick após um curto silêncio, fazendo os outros olharem-no curiosos. — antes de encontrar Jenny e Kenny na missão, uma mulher de uma barraca de feira me agarrou e falou alguma coisa do tipo "não siga esse caminho, meu jovem! O reinado de Luana e dos Cavaleiros é nossa ruína", ou algo assim.. Admito que fiquei com medo.
—Eu já ouvi isso antes.. —comentou Kenny agora, olhando em volta com olhar confuso e Jack franziu as sobrancelhas.
—Sinceramente, eu não entendo esse povo, eu vivo desde criança com os Cavaleiros, eu sempre sabia do que tava acontecendo e nunca eles fizeram algo que prejudicasse o povo..
Antes que Jack terminasse de falar o que queria, ouviram o grito assustado de uma empregada lá embaixo e se levantaram num salto, se aproximando em alerta do murinho da varanda. O portão de trás dos muros da Base havia sido aberto e um grupo de soldados entrou apressados, carregando uma maca com uma forma escura deitada imóvel em cima dela e os aprendizes estreitaram os olhos quando se aproximaram, até que ouviram Jenny dizer assustada:
—Espera... Aquilo não é o David...?
O corpo do soldado estava totalmente queimado, quanto mais os guardas se aproximavam da entrada do prédio da Base, mais claramente podiam ver, e Jenny tampou a boca com as mãos ao olhar para o corpo esfolado e queimado de David em cima da maca.
Um longo silêncio se fez depois que os guardas desapareceram e Anastácio olhou confusa e horrorizada para os outros quatro.
—Tem alguma coisa muito cabulosa acontecendo aqui que a gente não deveria saber.. —Kenny murmurou, e se deixou escorregar para o chão novamente.

Agora estou livre das recuperações tbm, finalmente, e voltarei a postar toda quinta-feira :3
Espero como sempre que estejam gostando, comentem, deixem críticas, compartilhem e até o próximo capítulo  <3

Cavaleiros de Dragões II - A Joia PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora