Capítulo 23

722 58 95
                                    

Maratona 3/4

Azzy 💙

Ret: Já soube que a Jhenniffer tá grávida?

Azzy: Misericórdia, a cobra vai dar filhotes? Que horror! - Soltei a fumaça e ele ficou calado. - Esse filho não é teu não né, Filipe?

Ret: Ela disse que sim, mas como ninguém confia nela eu não acreditei. Mas todas as evidências apontam que sim.

Azzy: Puta que pariu Filipe, tu é burro ou tu se faz? - Me levantei gritando. - Usa camisinha, desgraça!

Ret: Eu sempre usei, carai. Mas teve uma vez que ela chegou aqui e eu esqueci, aí deu no que deu.

Azzy: A Anna já sabe? - Ele negou. - Quero nem ver quando ela souber e ainda mais pela boca dos outros, cuida de contar logo pra não se foder depois.

Ret: Deixa esse b.o e vai fazer um bagulho pra mim. - Me joguei no sofá.

Azzy: Sem tempo irmão.

Ret: Namoral porra, vai lá na casa do Neguinho e diz que eu tô chamando ele aqui.

Azzy: Sei aonde ele mora não.

Ret: No beco do lixão. - Abri o olho assustada.

Azzy: Ele mora naquele lugar? - Ele assentiu. - Puta que pariu.

Ret: Deixa de enrolar e vai logo antes que eu mande comerem teu cu! - Me levantei.

Azzy: Eu ia era gostar. - Sair rindo ouvindo ele me xingar.

Subir na moto e dei partida pro beco do lixão, nunca gostei de ir lá, eu via sempre cenas tão tristes que me deixava mal por vários dias.

Cheguei e já me deparei com a cena de crianças brincando dentro do esgoto, um fedor infernal, só tinha lama na rua, era quase impossível passar sem se sujar.

As meninas coçando a cabeça, provavelmente com piolho e as mães nem ligam de cuidar, uma cena horrível.

Perguntei a um pirra aonde o Neguinho morava e fui lá na casa dele, bati palma chamando e ele apareceu chorando.

Abrir a porta e entrei.

Azzy: O que aconteceu? - Me aproximei dele.

Neguinho: Minha mãe... - Disse com a voz falha.

Olhei pra o quarto ao lado e tinha uma mulher em cima da cama, fui até lá vendo a mesma bem pálida e sem cabelo.

Chequei o pulso e ela tava morta.

O Ret já tinha me falado que ele tinha entrado no tráfico pra ajudar a mãe doente.

Azzy: Eu sinto muito. - Falei saindo do quarto.

Neguinho: Ela era a única pessoa que eu tinha nesse mundo, sei o que vai ser da minha vida sem a minha coroa não.

Sinceramente eu não sabia o que falar naquela hora, eu sei como ele tá se sentindo por que eu sentir o mesmo quando perdi o meu pai.

As vezes nessas horas a gente não precisa de palavras, apenas um gesto pode nos dar conforto.

Dei um abraço forte nele que desabou mais ainda.

Azzy: A gente mal se fala mas se precisar de alguma coisa eu sempre vou tá aqui, tá ligado? Pode me chamar que eu venho.

Neguinho: Valeu, Azzy. - Falou se separando do abraço. - O mais foda é que todo dinheiro que eu tinha eu usei pra comprar esses remédios pra ela e eu não tenho mas nada pra fazer o enterro dela. - Respirou fundo.

Azzy: Se preocupa com isso não, eu vou resolver essa parada pra tu.

Neguinho: Não pô, isso é um problema meu, eu não quero tá incomodando ninguém.

Azzy: Tá incomodando ninguém. Eu não conheci a sua mãe mas já ouvir falar muito que ela era uma mulher incrível e ela merece sim ter um enterro digno. - Ele abaixou a cabeça. - Não precisa ter veegonha, somos uma família, somos filhos da Rocinha e aqui um ajuda o outro. - Ele assentiu e sorriu fraco.

Neguinho: Veio fazer o que aqui?

Azzy: Meu irmão mandou te chamar mas eu vou lá agora dizer a ele o que aconteceu e que tu não tá com condições nenhuma de trabalhar hoje.

Neguinho: Valeu aí, mas se precisar eu broto.

Azzy: Relaxa. - Falei e sair.

𝐅𝐚𝐢𝐱𝐚 𝐑𝐨𝐬𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora