Capítulo 43

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Azzy 💙

Cara, eu tô agradecida pra caralho a força que as meninas estão me dando depois de tudo que aconteceu comigo, tô tentando esquecer, apagar aquelas memórias ruins do meu pensamento mas é impossível.

Eu tô em uma constante luta diária com os meus pensamentos pra tentar ficar bem. Tô tentando ouvir a voz da razão e não a voz maldosa da minha mente que só tá querendo me destruir, e tá conseguindo.

"Você mereceu ser estuprada por causa do seu jeito, do seu comportamento e das roupas que você veste."

"Você vai ser uma péssima mãe pra essa menina, ela vai te odiar quando crescer"

"Ninguém nunca vai gostar de você, Isabela."

"Você não passa de uma puta, rodada que não tem valor pra ninguém"

Coloquei as mãos no ouvido pra não escutar mas aquela voz me dizendo todas aquelas besteiras.

Era 2h45 da madrugada e eu estava igual a um zumbi acordada, sendo maltratada pela minha própria mente. Eu estava sozinha nesse quarto escuro e me vi tão fraca a ponto de só querer um colo pra chorar, ou um abraço forte pra me consolar.

Eu precisava esquecer da minha dor emocional nem que seja por alguns minutos, abrir uma caixinha que eu guardava umas coisas minhas e fiquei olhando pra lâmina.

"Vem, você precisa de mim"

Parecia que eu estava ouvindo ela me chamar mas logo fechei a caixa quando lembrei da promessa que fiz pra minha coroa de nunca mais me cortar na vida.

Estava me sentindo sufocada dentro de casa, então peguei a maconha e o isqueiro e subir pra laje da boca principal.

Acendi o cigarro e fiquei fumando enquanto olhava os vapores do turno da noite andando pra cima e pra baixo com os fuzis nas costas.

Sentei em um caixote e olhei pra minha barriga que já estava grandinha.

Azzy: Me perdoa minha filha, eu fui uma fraca, me perdoa. - Falei com a consciência pesada por estar fumando e deixei as lágrimas descerem enquanto alisava a barriga.

Ouvir alguém subindo as escadas e me assustei me levantando, Neguinho apareceu com uma camisa nas costas e com a cara de sono.

Azzy: Se veio aqui pra reclamar comigo pode dar meia volta, tô sem cabeça pra isso Jonathan. - Falei me sentando novamente.

Neguinho: Eu vim pra conversar com você, Isabela. - Sentou no outro caixote. - O que tá acontecendo pô? Desabafa comigo. - Falou me olhando enquanto eu estava de cabeça baixa.

Azzy: Eu odeio ter que admitir isso pra alguém, mas eu tô com muito medo...

Neguinho: Medo de que?

Azzy: De não ser uma boa mãe pra nossa filha, olha o meu exemplo, o que eu tenho de bom pra oferecer a essa menina?

Neguinho: Vou te dar vários exemplos, o que eu vejo na minha frente é uma mulher forte, determinada, decidida, humilde, dedicada, linda e as vezes de bom coração. - Eu ri. - Ninguém é perfeito não, Isa. Mas a gente tem sempre que tá buscando nossas melhorias, tu é boa em tudo que faz e vai ser uma mãezona do caralho pra essa cria.

Azzy: Se eu conseguir ser metade do que a minha coroa foi pra mim eu já me dou por satisfeita.

Neguinho: Já decidiu como vai ser o nome dela? - Olhei pro céu que estava lindo, cheio de estrelas.

Azzy: O nome dela vai ser, Lua.

Neguinho: Em homenagem a paisagem que tu mais gosta e é um nome bonito do caralho.

Azzy: Posso dormir com você hoje?

Neguinho: É melhor tu ir dormir na tua casa pô, tu sabe que na minha goma é meio embasado.

Azzy: E você sabe que eu não me importo com isso, mas já que tu fica com tuas frescuras, dorme lá em casa hoje, não quero dormir sozinha.

Neguinho: Tenho duas horas pra dormir antes de ir pra boca, então vamos logo. - Levantei e descemos da laje de mãos dadas.

𝐅𝐚𝐢𝐱𝐚 𝐑𝐨𝐬𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora