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- Hill City, 8 de outubro de 2010

O novo prefeito estava dando uma festa. Todos os cidadãos da pequena cidade estavam lá, incluindo Lilia. Estava ficando escuro, mas isso não era importante. Não quando eu estava beijando Lilia atrás da minha casa.

Jason, seu irmão mais novo, foi nos procurar, mas ele era uma daquelas crianças chatas que não calavam a boca. Ele nos viu. Viu sua irmã com o corpo encaixado entre as pernas de uma garota que estava beijando num quintal escuro. Lilia não tentou parar a próxima atitude dele. Tudo que ela fez foi parar o beijo, se sentar ao meu lado e segurar minha mão mais forte. Jason esboçou um daqueles sorrisos demoníacos de garotos de nove anos ao saber um segredo e correu para dentro, chamando atenção da minha avó e dos pais de Lilia.

Naquele dia, Lilia confessou que me amava, e falou isso em alto e bom som na frente dos nossos familiares. Naquele dia também, mais tarde, recebi a notícia de que sua família decidiu ir para um outro lugar. Imaginei Lilia num convento, mas estamos no século vinte e um, então, como pais modernos, eles marcaram as costas de Lilia quando a bateram com o cinto, não se importando em machucá-la conforme a fivela acertava.

Mas ela nunca ficou com raiva de mim por causa disso. Tínhamos o e-mail uma da outra, então era possível manter algum contato pelo menos uma vez na semana. Eu costumava perguntar como ela estava, se seu novo lar era bom. Um dia, no seu último e-mail, Lilia me avisou que estava namorando um garoto da igreja. Ela disse que não gostava dele, nem do seu cheiro, e nem dos ternos que ele usava. Lilia disse que eu ficava melhor de terno, mesmo que fossem um pouco folgados.

Lembro que chorei por cerca de duas semanas após a notícia. E chorei ainda mais pelo fato de que aquele realmente foi seu último e-mail.

Minha avó não entendia, então ela contou para meus pais e eles acertaram em achar que o motivo era Lilia. Mesmo eles sendo ocupados, decidiram que eu iria para a cidade grande com eles. Conhecer garotos e estudar numa nova escola.

Eu só tinha quatorze anos.

- Não quero ir. Não quero sair daqui. Gosto de Hill City. - Falei com a voz embargada, já com minha mala em mãos.

Era madrugada. Os cachorros latiam sem parar, uma chuva forte estava caindo, me molhando e escorrendo pelos meus braços, até chegar na bolsa de pano que eu carregava.

Fui agarrada pela parte de trás da minha blusa, e empurrada para o banco, jogada ali como um lixo, a água se misturando com minhas lágrimas. Me encolhi, escutando cada palavra de ódio dita contra mim.

- Não seja idiota, Madison Russel. - Ela dizia, impaciente. - Vai começar uma vida nova. Poderá conhecer novas pessoas, ninguém vai te reconhecer, será um molde.

Cale a boca, Emma Williams.

Tive vontade de dizer. Mas fiquei em silêncio, me perguntando por que era necessário sofrer tanto por amor.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora