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- Nova York, 03 de dezembro de 2017

- Acalme-se, Madison - Gerald diz. - Daqui a pouco você abrirá um buraco nesse chão.

Eu não consigo ficar tranquila igual a ele. Tudo que eu faço é andar de um lado para o outro. Estamos aqui nesse hospital há quatro horas, e desde então busco por informações de qualquer médico ou enfermeiro.

- Madison Russel? - Alguém falou atrás de mim, eu me virei rapidamente.

Não era um médico ou qualquer outra pessoa que me ajudasse.

- Sim. - Eu respondo, em seguida olho para Gerald, mas ele dá ombros.

- Eu acompanho seus trabalhos desde que começou. Lembro de quando você fazia aqueles vídeos engraçados - A desconhecida fala, parece envergonhada. - Então... Será que você poderia assinar essa camisa para mim?

Eu pego o piloto e em seguida assino a camisa. Ela parece radiante, e depois me abraça.

Eu não esboço reação. Tudo que quero agora são notícias de Ziggy. Qualquer coisa, eu só preciso saber dela.

- Gerald Gauthier? - Uma enfermeira diz, dessa vez tenho certeza porque ela esta vindo da direção que estou olhando.

Praticamente corro até o lado de Gerald, espero ansiosa por notícias.

- O quadro dela não é grave - Ela diz, olhando apenas para gerald. - Ziggy está consciente, mas vamos precisar administrar sedativos para fazer uma cirurgia - A enfermeira olhou para mim, nesse momento eu congelei. - Ziggy pediu para falar com você antes.

- Falar... Comigo?

Ela assentiu.

- Está bem. - Eu digo.

A enfermeira caminha até onde os quartos estão, eu sigo atrás dela.

- Não se preocupe - Fala num tom mais baixo que o normal. - É uma cirurgia delicada, mas Ziggy ficará bem. Ela é forte.

A enfermeira abre a porta para mim, e assim que eu entro posso ver Ziggy imóvel, olhando para cima sem ao menos piscar.

- Ziggy? - Eu a chamo.

Ela vira sua cabeça em minha direção, eu caminho até a maca.

- Como você está? - Pergunto, colocando a mão sobre o colchão.

- Eu tive a oportunidade de morrer novamente - Ela diz, olhando para cima de novo. - Mas eu não queria fazer isso antes de te ver, porque se eu pudesse ver seu rosto mais uma vez, eu poderia morrer feliz, tenho certeza.

- O que... O que quer dizer? Por favor, não diga que vai desistir agora.

- Já que estou aqui tão patética... - Ziggy começa, e mostra os acessos em seu braço e aponta com a cabeça para os aparelhos ao nosso redor. - Eu queria te falar que quando você disse seu último adeus, eu morri um pouco por dentro. Não me julgo por isso, mas eu deitava e chorava durante a noite inteira. Estava sozinha, sem você ao meu lado.

Me afastei da maca e sentei numa poltrona ao seu lado.

- Não se culpe, eu só quero perguntar uma coisa que venho pensando por todos esses anos... - Ela suspira. - se você me amava, por que você me deixou?

- Eu nunca quis deixar você.

- Eu quis ficar - Ziggy diz, percebo que estava prestes a chorar. - Você trouxe à tona o melhor de mim. Era uma parte de mim que eu nunca tinha visto, mas mesmo assim, descobri graças a você. - Ela se senta na maca, eu me levanto no mesmo instante para impedí-la, e então Ziggy me dá um abraço. Fazia tempo que eu não recebia um abraço, principalmente dela. Então retribuí, talvez mais forte, porque ela estava sem forças. - Obrigada.

- Ziggy, me desculpa - Eu digo. - Nunca percebi o quanto tinha sido importante para você, mas mesmo assim coloquei minhas necessidades acima de tudo.

- Nunca saberemos o que é de fato o amor, Madison. - Ela começa. - Principalmente se estivermos na companhia uma da outra.

- O que você está dizendo? - Pergunto. Ziggy se afasta e olha para meu rosto.

- Somos assim, Madison. Opostas. Escolhemos caminhos diferentes, e por mais que eu sentisse sua falta, sabia que jamais a teria novamente. Não é certo ou errado nessa história. Somos apenas duas pessoas. Eu sou uma desajustada e você pode ter tudo pela frente.

- Não diga isso. Você ainda pode ter tudo pela frente.

- Eu não me vejo com um futuro. Não consigo me imaginar trabalhando normalmente, nem fazendo coisas que pessoas normais fazem. Eu matei pessoas, e por isso eu não devo mais estar aqui.

- Não precisa ser normal. Só precisa ser você.

A porta se abre, eu desvio meu olhar para a enfermeira e depois me afasto de Ziggy.

- Eu volto, está bem? - Sussurro para ela, em seguida lhe dou um abraço. - Não vou me despedir dessa vez.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora