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- Nova York, 10 de outubro de 2011

Medo. Tudo que eu sentia naquele momento era medo. Sozinha numa cidade grande, levando apenas dez dólares.

Há três dias eu tinha deixado Zandhi, meus pais, Nathan e minha Ziggy para trás. Deixei tudo para trás pois tive medo, e agora não é diferente. Eu sentia frio se ficasse parada, então preferi andar sem rumo nenhum pela cidade. Foi uma burrice ter trazido só isso de dinheiro, considerando que os únicos lugares decentes para descansar custam no mínimo cinquenta dólares. Então eu estava dormindo na rua.

Parei em um supermercado para comprar comida, já que a minha tinha acabado. Dez dólares não serviriam para muita coisa, então eu escondi alguns pacotes na bolsa. Ou pelo menos tentei. A dona do local viu o que eu estava fazendo e chamou a polícia, mas para minha sorte, ela me acompanhou até a delegacia. Tive que mentir sobre meus pais e de onde eu vim, mas fui sincera ao dizer que estava sozinha, com fome, e dormindo na rua. Aquela mulher não tinha filhos ou netos, e depois que descobriu a verdade (que eu não tinha feito por mal, só queria comer alguma coisa) ela me deixou algum tempo na sua casa.

Eu tinha roupas lavadas, um sofá quente para dormir, e não corria tanto risco de sequer acordar no outro dia. Foi bom por um tempo, mas eu sabia que precisava sair dali.

No dia trinta de outubro, eu falei para lena que iria arrumar um emprego. Ela disse que eu poderia continuar morando ali se quisesse, mas eu não me achava a melhor companhia. Juntei os quatrocentos dólares que Lena me deu pelo tempo que ajudei a organizar prateleiras e varrer o chão, e então comecei uma busca pela cidade. As roupas limpas estavam ajudando, e pela primeira vez não me senti tão deslocada.

Consegui um emprego numa loja de roupas depois de ter concordado em ser a namorada do gerente, mas depois senti uma culpa terrível quando a outra funcionária foi demitida por minha causa. E pior ainda, eu estava tão desesperada que sequer percebi o que tinha feito quando aceitei aquele namoro. Eu parecia mais velha quando usava salto, maquiagem e uma roupa formal, mas na realidade eu tinha só quinze anos, e mesmo assim aceitei ser a namorada de alguém que tinha vinte e sete. Não tive amigos durante esse tempo, e, embora sempre visitasse Lena e quisesse desesperadamente voltar a morar com ela, o meu suposto namorado mal me deixava sair. As vezes, ele me deixava até tarde no trabalho, e eu odiava esses dias, porque ele ficava também, e então nós dois íamos até uma sala escura nos fundos da loja, era a parte do dia que ele mais gostava, mas eu odiava tanto aquilo que as vezes só tinha vontade de gritar com ele e dizer que não queria mais emprego ou qualquer merda que ele me oferecesse.

Foi assim por seis meses.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora