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- Em algum lugar, 27 de novembro de acordo com o calendário do banco.

A chuva continua caindo forte, eu encaro as gotas se chocando contra a janela enquanto tento evitar o olhar de Ziggy. Ela disse a mesma frase depois da primeira vez que a beijei, e odeio relembrar de tudo que aconteceu pelo simples fato: preciso aceitar que ela mudou. Aquilo foi passado.

Ela suspira prepara a saída do carro, mas ele não funciona. Tenta outra vez, mas dá errado. Ziggy sai do carro e consigo ver pelo retrovisor que ela retira algo do pneu parecido com uma faca. Entrando no carro novamente, ela me mostra e bate com força no volante.

- Não entendi. - Digo.

- Enfiaram a porra de uma faca no pneu e agora ele está furado.

- E o estepe?

Ela sorriu como se eu fosse uma idiota.

- Esse carro é mais velho do que você imagina. Além de ser roubado, é claro.

A forma tranquila que ela fala isso me assusta.

- Enfim... - Ziggy pega o celular para verificar alguma coisa.

Fico sentada, esperando, mesmo que eu pudesse correr para qualquer lugar. A chuva não permite, mas eu deveria considerar que o dinheiro foi entregue, finalmente posso ser livre.

- Achei. - Diz ela saindo do carro.

Fico lá dentro, esperando. Encaro as poças que ela deixou no carro e então me assusto quando a porta que eu estava encostada se abre.

- Vem comigo. - Mandou.

Eu não estava querendo ir, mas me parece uma opção melhor do que um carro roubado com pneu furado.

Sou imediatamente molhada pela chuva, o que rende um grunhido. Continuo seguindo Ziggy, e só então percebo que ela embrulhou a mala e a protege como um bebê. Sorrio com a cena, eu gostaria de estar numa situação menos sangrenta ou ameaçada de morte.

Ela para em frente a um local que não consigo ler o nome por conta da chuva, mas a sigo. Lá estava quente, e acabamos molhando o saguão ao entrar. Um rapaz de dez anos, eu acho, estava atrás do balcão com um joguinho de pranchas e trens, mas corre quando nos vê, e em seguida uma mulher mais velha chega ao local.

- Hum... - Ziggy começa, olhando ao redor e espremendo a parte de baixo do seu terno molhado. - Você tem quartos?

- Tenho um - Diz a moça mostrando a chave com um pintinho verde. - São trezentos dólares por noite.

- Porra - Ziggy murmura. - Eu deveria ter escolhido um motel.

- O que disse? - A aparentemente dona do local pergunta.

- Não é nada - A ruiva força um sorriso. - O quarto é lá em cima?

- Precisa fazer o check-in antes.

Eu fico estática, perto da porta, esperando pelos próximos comandos. Me sinto uma criança esperando pela mãe.

Depois que Ziggy termina, ela pega a chave e impede a moça que faça um pequeno tour pelo quarto. Ela faz um sinal para que eu a acompanhe, e então subimos para o andar superior.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora