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- No galpão, perdi as contas de quanto tipo estou aqui

Não consigo tocar no meu cabelo, mas sei que ele está mais curto agora. O dia mal começou, mas Ziggy já está se arrumando para sair. Ela coloca uma calça social e uma blusa branca de botões que fica muito bem nela. Balanço a cabeça depois de pensar nisso.

Olho para meu vestido sujo e meus saltos apertados. Odeio meu cheiro e a roupa que estou vestindo. Agora também odeio meu cabelo.

Ziggy se aproxima da cadeira e finalmente sinto meus pulsos livres. Ela segura a corda com força e fica de frente para mim.

- Você vai pegar esse dinheiro e não vai fazer gracinha nenhuma.

Assenti olhando para a arma em sua cintura.

Ela segura meus braços atrás do corpo e me tranca dentro do banheiro, onde tem uma roupa pendurada.

- Dez minutos. Espero que consiga tirar esse cheiro horrível de você.

Giro no cômodo a procura de um espelho, e quando finalmente acho, tenho vontade de quebrar. Meu rosto está péssimo, ainda há resquícios de maquiagem e agora meu cabelo está mal cortado. Pareço uma criança tentando fazer isso sozinha. As pontas não estão proporcionais, e agora ele está na altura dos ombros. Respiro fundo, agora tenho menos de dez minutos. Tiro meu vestido marcado de sangue e algo parecido com graxa.

A água estava morna, o que me ajuda. Esfrego minhas mãos e passo sabonete, em seguida lavo tanto meu rosto que penso como a pele não caiu. Meu cabelo molha, não o sinto mais grudando em minhas costas. Tento ficar a mais limpa possível, não sei quando terei outra oportunidade de tomar banho aqui. Mas espero que em breve.

Analiso a calça preta e uma blusa estampada ombro a ombro. Me sinto uma idiota quando a visto. Acabo percebendo que há luvas sobre a pia, mas não as coloco.

Bato na porta para que Ziggy saiba que acabei, ela olha minhas mãos.

- As luvas, Madison.

- Não preciso de luvas.

- Coloca a porra da luva.

Olho para a arma, e então coloco a luva.

Ziggy sorri convencida, eu me limito a ficar quieta para não acabar fazendo besteira. Saio do banheiro e ela segura meus braços mais uma vez. Sou guiada até a saída do galpão, onde uma grande porta dos fundos é aberta e eu sinto a chuva forte caindo em meu corpo.

Sigo em silêncio até o carro, ela me coloca no banco de carona, o que é uma surpresa. Os muros não me permitem conhecer o local, mas ainda assim eu olho atenta para as janelas. As portas parecem bloqueadas, eu não tento forçar, mas as observo conforme o carro se move.

A chuva cai forte e faz um barulho irritante ao se chocar contra o teto do carro, isso irrita Ziggy, então eu fico feliz.

Na estrada quase alagada, percebo que o local é totalmente deserto. Me sinto ilhada, percebo que não há como fugir sem ser pega, e sequer há lugares para se esconder. Um raio me assusta enquanto olho para a janela, eu grito.

- Idiota. - Ziggy diz, abrindo uma lata de cerveja.

Eu olho para seu rosto, desacreditada.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora