Gang • Madison and Ziggy

- 23

- O mesmo galpão, 25 de novembro pelo que contei.

Consegui dormir por alguns minutos, e o resto do tempo eu passei tentando achar uma saída. Agora está perto de amanhecer, Ziggy se levanta e vai até o banheiro.

Seus cabelos estão bagunçados, seu rosto marcado por causa dos lençóis e ela se espreguiça. Sinto um pouco de inveja por ela parecer tão descansada. Quando se vira para o espelho, aperto os olhos e consigo ver que ela está usando um sutiã top que sumiu alguns anos atrás da minha cômoda.

- Foi você quem pegou a porra do sutiã a final de contas? - Pergunto tentando parecer indiferente, mas não deixo de notar o quanto fica bom nela.

Ziggy passa as mãos pela renda e depois me encara pelo espelho.

- Achei que não lembraria mais.

Olho de relance para suas costas, a renda vermelha contrastando com sua pele e algumas linhas se soltando por conta do tempo. Talvez ela usasse demais.

Dou ombros, me deito levemente na cadeira.

- Infelizmente ainda sou muito apegada ao que aconteceu na minha adolescência.

- Inclusive com o que aconteceu com a gente?

- Não fode, Ziggy. - Faço uma careta e balanço a cabeça.

- Você não discordou.

- Não discordei porque eu me lembro do que aconteceu. Não sou que nem você, que jogou tudo fora e agora tenta me matar.

- Você também não é não vítima nessa história - Ela veste uma regata branca e uma bermuda jeans enquanto provavelmente pensava no que falar agora. - Foi embora, não lembra?

Ziggy se senta na cadeira que está na minha frente e me encara.

- Mas que se foda essa merda. Eu quero que você ligue para o banco onde esses seus milhões estão depositados.

- E depois disso? Eu posso finalmente ir embora?

- Ir embora? Mas você acabou de chegar.

- Sua filha da puta, eu tenho uma vida, não posso ficar aqui sentada numa cadeira desconfortável sem ter noção de horário, dia, ou qualquer outra merda.

Quando Ziggy se levanta, eu sinto todo meu corpo tenso, não sei o que ela vai fazer comigo.

- Você vai ficar aqui até quando eu quiser, entendeu? Vai fazer o que eu disser para você fazer.

Começo a hiperventilar, ela percebe e sorri.

- Não precisa ter medo. Pelo menos, não se fizer tudo certo.

Eu estava com medo pra caralho, mas estava tentando ao máximo não deixar transparecer.