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- Nova York, 13 de novembro de 2017


- Gerald me falou sobre o contrato que Linn ofereceu - Começo, me sentando elegantemente em uma das poltronas acolchoadas. - Sei que vocês não são exatamente parceiros, mas acredito que posso me oferecer uma proposta melhor.

Ele balança a cabeça.

- Linn domina o mercado da música.

- Você também pode dominar - Digo, procurando as palavras certas. - Sou modelo. Já tirei fotos para a marca da sua esposa. Não gostaria de ter uma pessoa tão influente na sua gravadora?

- Sou produtor há dez anos. Cerca de dois talentos dos Estados Unidos passaram por mim, apenas dois.

- Posso ser a terceira se me der uma chance.

- A sunset é gigante.

- E você pensa pequeno - Não me controlo. Preciso fechar esse contrato. - Julian, a sunset me perdeu.

- Madison, você é jovem, mas é uma das socialites mais faladas do momento, e falada de um jeito bom - Ele argumenta. - Sei da sua influência, as páginas de notícias são loucas por você, mas...

- Então o que está esperando? - O interrompo. - Não choramingue por que a sunset supostamente rouba seus jovens talentos. Reaja. Faça melhor.

- Qual é a sua experiência com música?

Não adianta mentir, ele iria até o fim para saber se é tudo verdade. Se precisar, vou até o outro lado do mundo para conseguir o que quero, e não será diferente agora.

- Absolutamente nada - Respondo, tranquilamente. - Minha experiência com instrumentos é pouca; Apenas piano, flauta e... guitarra. Mas já cantei em entrevistas algumas vezes, não sou a pior cantora que você vai ver.

O garçom se aproxima com as bebidas, Julian pega uma e se recosta na poltrona. Não quero começar a chorar, então não bebo.

- Ainda não estou convencido.

Tenho vontade de quebrar essa taça, e depois que ela estivesse com os vidros totalmente pontiagudos, cortar a garganta de Julian e arrancar esse sorriso presunçoso. É a vez da poltrona sentir minhas unhas cravando nela, eu respiro fundo e continuo:

- Está ofendido - Digo, com uma certeza que não tenho. - Procurei a sunset antes de vir atrás de você... Foi uma segunda opção.

- Não diga isso - Ele sorri. - Não me ofendo tão facilmente.

- Da mesma forma que não toma a frente das próprias decisões da sua gravadora.

- Madison, honestamente - Julian coloca a taça no parapeito, se aproxima como se fosse contar um segredo. - Posso ser maior que a sunset. É verdade, vários talentos já passaram por lá, mas pense em quantos milhares de jovens vieram antes. Enquanto eu manter a minha Goal records tendo um número reduzido, todos irão achar que apenas os melhores passam por lá. Que não tem espaço para perdedores.

Ele acaba de insinuar que sou uma perdedora. Minha respiração acelera, mas não posso me dar o luxo de levantar e sair andando.

- Essa é a sua resposta final? - Pergunto, tentando relaxar.

Ele segura minha mão, se aproxima e me olha atentamente.

- Ainda não dei minha resposta final.

Reconheço esse olhar, idêntico ao de Nathan. Observo a maneira que seu olhar desce até a fenda do vestido, me sinto enjoada. Argumentos válidos não valeram de nada, para eles tudo aquilo foi apenas um monte de palavras que cuspi.

- Me faça mudar de ideia. - Ele sussurra, sinto seu hálito alcoólico.

- O contrato primeiro. - Tento dar o máximo de credibilidade para minha voz, mesmo me sentindo uma imbecil fraca.

- Meu escritório não fica aqui - Ele deixa seus lábios perto dos meus. - Minha palavra não é o suficiente para você?

-

Não me permiti chorar quando meu vestido caro foi rasgado. Não me permiti chorar quando ele me chamou de tantas maneiras ofensivas. Não me permiti chorar quando me senti tão vulnerável.

Tento arrumar meu cabelo o máximo que consigo, passo um batom deixado ali na pia.

- Fique mais um pouco comigo, Madison.

Não olho em sua direção, não quero ver seu corpo desnudo.

Meus saltos não foram retirados, mas sinto que ele não combina nem um pouco com o vestido que achei no chão. Ele tem uma cor bege, é mais curto e muito mais fechado que o que eu estava usando.

- Fique aqui, Madison. - Ele repete.

Ignoro, igual fazia com Nathan.

- O contrato está feito - Digo. - Vou comunicar para Gerald que fechei um contrato esta noite. Sua palavra foi suficiente para mim, então espero que cumpra o que disse.

Abro a porta, o quarto fica nos fundos, então vejo vários garçons passando por ali. Sigo tranquilamente pela multidão, subindo até onde Gerald está.

Ele me analisa. O cabelo bagunçado e a roupa diferente podem revelar facilmente o que fiz, mas Gerald não diz nada.

- Você conseguiu? - Ele pergunta.

Assenti, sentindo minha garganta doer pela forma que Julian apertou.

Não me dou o luxo de sair dali depois do que aconteceu. Eu fico, e por mais que tente comemorar pelo contrato, nunca vou conseguir gravar nenhuma música sem pensar nessa noite. Sem pensar em como consegui chegar ali. Me sinto devastada, mas não choro.

Tento não sentir absolutamente nada.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora