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- Nova York, 4 de abril de 2012

Sai correndo pelas ruas de Nova York numa madrugada quente, fugindo mais uma vez. Não me atrevi a olhar para trás, tive medo de não continuar correndo e o meu ex-namorado maluco atirar em mim. Mori ficou bravo quando eu disse que queria terminar, e ficou com tanta raiva que quis me matar.

Eu chorava enquanto corria, porque sentia uma culpa dentro de mim por ter fugido de Zandhi. Não sei o que estava acontecendo por lá, mas eu não parava de pensar na minha Ziggy, e como ela ficou quando fugi. Imagino que tenha sentido falta por algum tempo, mas depois ficou com raiva. Eu queria encontrá-la nessa cidade gigante, queria que nesse momento ela colocasse um cobertor sobre mim e dissesse que ia ficar tudo bem. Parei de correr quando senti minhas pernas fracas, parecendo que iriam se partir. Eu odiava meu corpo, odiava mais que tudo.

Me agachei ao lado de um poste e fiquei ali, encolhida e desesperada. Fugi com o meu dinheiro e celular, mas ainda assim, me sentia sem rumo nenhum.

- Oi, você está bem? - Um garoto perguntou, e depois franziu o cenho. - Desculpa, foi uma pergunta idiota pra cacete.

Olhei para ele, acompanhado do que pareciam ser seus amigos. Eu estava tão idiota naquele momento que só tive vontade de me esconder, mas eu não fiz isso porque ao invés de me encararem como uma estranha, eles pararam para perguntar.

- Dêem espaço. - Uma garota diz, e mesmo que a noite estivesse quente, ela usava uma jaqueta de couro longa marrom. Ela colocou em meus ombros, mas eu vesti quase que no mesmo instante.

Eu tinha diminuído quatro números desde que fui morar com Mori, então a jaqueta se fechou e só aí eu me senti menos constrangida.

- Obrigada. - Sussurrei.

- Ei, cara - Uma outra pessoa que estava no grupo diz. - Quer beber com a gente?

Eu estava no meu pior estado. Não só quando se tratava de aparência, mas porque eu me sentia tão fracassada aos dezesseis anos.

O meu aniversário nesse ano foi um dos piores da minha vida. Mori comprou um bolo e me levou para jantar, mas do que adiantava isso tudo se eu odiava a pessoa que estava ali comigo? Depois ele me levou para um motel e disse que seria meu presente naquele noite. Eu me senti uma imbecil, e a pior parte foi quando descobri que estava grávida. Precisei interromper a gravidez de não quisesse dar uma vida de merda para aquela criança, e fiz isso sem Mori saber, mas quando ele descobriu, me bateu sem nenhuma pena, dizendo que eu merecia isso por matar um inocente.

Neguei com a cabeça. Eu os tinha conhecido cerca de dez minutos atrás, não sabia se podia confiar tanto assim.

- Você vai ficar bem? - A garota perguntou, e aquele primeiro amigo dela que se aproximou de mim me entregou uma nota de vinte dólares.

- Se precisar - Ele diz. - Foi um presente, não quero nada em troca disso.

Depois de Lena, esse desconhecido foi a primeira pessoa que não quis nada em troca de me fazer um favor.

- Obrigada. De novo. - Eu disse.

Quem me chamou para beber deixou uma lata de cerveja ao meu lado, olhei confusa para a pessoa.

- Me ajuda. Sempre que estou triste, consigo esquecer por um instante.

Eles foram embora depois disso, e saíram acenando como se eu não fosse uma completa desconhecida com aparência péssima.

Depois daquele dia, entendi que deveria seguir meu caminho sozinha. Mori havia sido a última pessoa que iria me usar.

Bem, como vocês já sabem, ele não foi o único depois daquilo.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora