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- Nova York, 03 de dezembro de 2017

- Parece que ela não vem.

- O que fazemos agora? - Uma das pessoas pergunta, o cara armado dá ombros.

- Levem ela para os fundos. O barulho de tiro é abafado lá.

Arregalo meus olhos, meu coração acelera. Então eu vou realmente... Morrer. Não tento lutar contra, mas ao mesmo tempo é tão maluco saber que vou de fato morrer. Nós somos realmente todos descartáveis. Podemos morrer, mas uns dez de nós estariam nascendo no mesmo momento.

Uma mulher baixa e aparentemente forte também — considerando que ela me levantou apenas com uma mão — Começa a me guiar até os fundos. Eu penso que Ziggy talvez soubesse de tudo, mas apenas desistiu de mim. Não fico com raiva dela por causa disso, mas a verdade é que eu não deveria me importar, Ziggy vai viver mais um pouco se evitar vir até aqui.

A mulher segura meu pescoço e faz questão de me empurrar com tudo contra a parede. Eu faço uma careta, sentindo minha cabeça doer e meu ar faltar.

- Leigh não disse nada sobre não poder me divertir com você antes. - Ela fala, sorrindo. Eu paro de tentar me soltar. Está acontecendo de novo, e nesses momentos, onde a única coisa que parece importar é o meu corpo, tudo que tenho é uma vontade talvez estúpida, mas muito verdadeira de apenas morrer para não precisar sentir nada e nem me culpar pelo corpo que tenho.

De repente, barulhos de tiros foram ouvidos da direção onde os outros estavam. A mulher continua me segurando, mas dessa vez aponta a arma para o corredor. Alguém atira contra ela, mas infelizmente ela consegue desviar.

- Se você encostar um dedo na Madison eu te mato! - Ziggy diz, surgindo do corredor. O barulho de tiro deve ter sido provocado por ela.

A mulher realmente me solta, mas agora parece pronta para brigar.

- Então é você, pirralha - Ela diz. - Você é a inimiga de Megan. A pirralha que invadiu nossa parte da cidade e colocou fogo no arsenal. E matou cinco dos nossos.

Ziggy sorri, em seguida guarda a arma e coloca uma das mãos no bolso. A outra ela usa para segurar um cigarro apagado.

- Eu só estava fumando perto daquele arsenal de merda - a ruiva diz. - Talvez não tenha apagado direito...

Passos surgem pelo corredor, Ziggy olha para trás, o que deu uma oportunidade para a mulher atirar nela, mas eu envolvi seu pescoço com o antebraço, praticamente fazendo ela de escudo. Suas tentativas de se soltar começaram conforme ela me arranhava, e depois com os chutes contra minhas pernas.

Todos nós ficamos em silêncio quando começamos a ouvir barulho de sirene. A polícia estava aqui. A sirene cessou o barulho, por um instante aquela gangue achou que conseguiria escapar, mas então vários tiros começaram a surgir pela parede. Não sei quantos tiros estão vindo para cá, mas aquele cara armado foi atingido logo a princípio. Eu solto a mulher, que quando pareceu pesada, entendi o que aconteceu.

- Se... - Ziggy começou, e ao tentar correr até mim, foi atingida também. A bala acertou seu quadril, ela caiu no chão, gritando.

- Ziggy! - Eu digo, me arrastando no chão para chegar até ela.

- Sai daqui, porra. Você precisa sair do galpão ou vai morrer - Ela diz, pressionando forte onde a bala atingiu. - Eu vou sobreviver, mas isso só vai acontecer se eles pararem com os tiros.

- Você está mentindo. - Eu digo, sentindo os olhos marejados.

- Não é um tiro que vai me parar, sua idiota. Eu... Eu prometo que não vou morrer.

- Mas...

- Escuta! - Ziggy diz, irritada. - Você precisa sair daqui agora. Eu já vi Mirten ser morto minutos atrás, então por favor, não deixa eu ver a única pessoa que eu ainda amo morrer bem aqui na minha frente.

- Por que está dizendo que me ama? Você vai morrer, não vai? - Eu digo, cerrando os punhos. - Vou cumprir minha garantia, você não vai ficar aqui.

- Você me pagou. Não precisa mais de garantia nenhuma!

Me levanto e começo a correr até a saída. Há corpos durante todo o caminho, eu tento evitá-los, mas correr com os olhos fechados é difícil.

- Uma ambulância! - Eu grito assim que alcanço a porta. - Preciso de uma ambulância, tem uma pessoa ferida lá dentro.

- Madison! - Gerald grita, vindo até mim.

- Gerald, precisamos de uma ambulância. Agora.

Quando os policiais começam a entrar correndo no galpão, Gerald entra também, mas congela quando vê os corpos expostos logo na entrada. Ele fica paralisado, e depois de um curto período de tempo, coloca a mão na frente da boca.

- Eles estão... Todos... - Gerald não consegue completar. Ele se apoia na parede, e depois vomita.

- Mãos para cima! - Ouço um dos policiais dizer, a ordem vem do corredor onde Ziggy está.

Caminho com cuidado até lá, e então vejo ela ajoelhada, as mãos atrás da cabeça. Não sei como ela consegue fazer isso, Ziggy acabou de levar um tiro, e mesmo assim consegue se sustentar.

- Você está presa, Ziggy Berman. - Ele diz.

Não sei se foi impressão minha, ou ela realmente respirou fundo e assentiu. Acho que Ziggy esperava por isso há algum tempo.

Antes de conseguir se levantar, Ziggy cai para trás, eu paro de "espionar" e corro até ela.

- Chamem uma ambulância! - Eu digo mais uma vez.

Fico encarando Ziggy desacordada.

- Você prometeu que vai ficar viva - Segurei a sua mão. - Não se esqueça disso. Não dessa vez.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora