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- Na hospedaria.

O alarme toca, eu xingo e me pergunto quem o ativou. É a primeira vez que consigo dormir de verdade, e já basta para mim. Encaro o teto e depois começo a achar tudo muito silencioso.

Me sento na cama, as roupas e a arma de Ziggy sumiram. Fico despreocupada, considerando que ela só deve ter ir tomar o café da manhã. Eu não costumo ter fome, então bebo apenas água.

Me sento num banco de madeira extremamente desconfortável. Estou sozinha, então não me importo quando o lençol escorrega dos meus ombros e me deixa sem coberta nenhuma. Estou sozinha. É estranho.

Começo a procurar por qualquer bilhete, mas não há nada. Ziggy sumiu. Mesmo desorientada, consigo me lembrar da nossa conversa ontem. Julian. Por que ela queria tanto saber sobre ele? Começo a girar pelo quarto, impaciente. E se Ziggy fez alguma loucura? E se ela...

Sim, ela seria capaz, mas não acho que faria isso.

Ou seria.

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Quando o que suponho que seja a noite finalmente chega, Ziggy abre a porta do quarto. Sua roupa está molhada, mas não é apenas isso que percebo. Noto as gotas de sangue na blusa branca, no seu rosto, nas suas mãos, nos seus saltos.

- Onde você estava? - Pergunto a empurrando. - O que você fez, Ziggy?

- Você não deveria me ver assim. - Diz ela balançando a cabeça.

- Me diz, Ziggy, que porra você fez.

- Eu não fiz nada. - Respondeu dando ombros.

- Então por quê está cheia de sangue?

A sua arma é colocada sobre a mesinha de canto, eu continuo a encarando.

- Para de me ignorar.

Ela faz exatamente o que pedi para não fazer. Me afasta e entra no banheiro. Eu bato na porta várias vezes.

- Ziggy, onde você estava?

Ela não ia abrir, então eu mesma fiz isso. Girei a maçaneta, ela estava tomando banho, e havia mais sangue escorrendo pelo seu corpo.

- Que porra você fez? - Entro no espaço do chuveiro, seguro seus pulsos com força, estou com raiva. - Fale de uma vez.

Ela encara os pulsos presos, eu olho para o seu rosto, esperando pela minha resposta.

- Eu o matei - Ela disse. - matei o Julian.

- Não, você não... - Balanço a cabeça e engulo em seco.

Ziggy assentiu, eu solto seus pulsos e começo a me afastar lentamente.

- Porra! - Grito. - Porra, porra. Que merda você está pensando?

- O que você queria, Madison? - Ela pergunta, eu olho de relance para o sangue no chão. - Me diz. Deixar ele continuando a fazer essas merdas?

- Eu concordei, porra. - Falo, o nervosismo começa a me tomar. - Me arrependo pra caralho, mas agora ele está morto. Isso é uma merda. É uma merda, Ziggy, você só faz merda. Sua idiota do caralho. - Grito contra seu rosto e em seguida saio do banheiro.

Minha roupa úmida me faz ter frio quando abro a porta, mas não desisto de sair dali. Não tenho dinheiro e nem documentos, nem sei onde estou. Não há outra opção de não ficar, mas farei isso longe de Ziggy.

Sento na beira da piscina e coloco minhas pernas dentro da água. É estranho porque não consigo derramar nenhuma lágrima ou ficar triste por ele. Toco meu pescoço, e ao mesmo tempo que sinto um alívio, fico enjoada por conta da proporção que isso tomou.

Olho para os quartos, penso que na verdade eu deveria agradecer o que Ziggy fez. Mas a forma que ela trata isso é de um jeito frio. Não há arrependimento, esse é seu novo eu. É algo que não consigo lidar.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora