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- Nova York 15 de novembro de 2017


Gerald me liga às sete, ele diz que devo estar na Goal records o mais rápido possível. Ele não questiona o meu desaparecimento por um dia inteiro.

Depois da festa, passei o dia trancada no meu apartamento. Acordei tarde, tomei sorvete, assisti um dos filmes em que atuei, liguei para os meus pais, verifiquei a última transferência bancária que fiz.

Trezentos e cinquenta mil dólares. Metade do valor. Ziggy poderia ter me matado. Evito pensar sobre ela, sobre nossa amizade, sobre quando descobri a verdade para qual seu envolvimento com a máfia de Zandhi.

Me visto como os motoqueiros que vi na festa. Prendo meu cabelo, calço meu coturno preto. Coloquei uma gargantilha para esconder a marca em meu pescoço.

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Entro na Goal records sorrindo. Me sinto calma, só preciso fazer o que está combinado. O que precisa ser feito de fato.

Julian faz uma careta quando me vê. Possivelmente nunca viu esse tipo de roupa em mim. Eu tento ignorar seu olhar, sorrio.

Gerald me oferece café, mas eu recuso. Quero me manter atenta, e até me distrair para beber um gole de café parece errado.

Duas pessoas estão na sala de reunião. Ficamos em cinco quando nos sentamos ao redor da mesa de vidro. Cada um recebe uma pasta de cor marrom, quatro páginas, mas dezenas de termos. Gerald assina todos sem ao menos ler. Eu os analiso com cuidado.

- Está me dizendo... - Começo, me volto para Julian e o encaro. - Que todos os direitos das músicas vão para vocês? Que eu não irei receber nem cinco por cento?

A posição calma de Gerald muda em um segundo. Ele arregala os olhos, se inclina para frente e, com as mãos trêmulas, tenta achar sua assinatura nessa parte do contrato.

- É o contrato da Goal records, Russel - Diz ele, com o mesmo sorriso. - Vejo que seu empresário já assinou... Agora a decisão cabe somente a você.

- E-eu... - Gerald tenta argumentar, mas eu levanto a mão para que ele pare.

- Mark Richards não fecharia um acordo nessa condições - Digo. - Então, me diga, quanto ele recebe.

- Setenta e cinco por cento. - Uma das pessoas que estavam na sala responde. Pela cara de Julian, poderia dizer que essa revelação não deveria acontecer.

- Setenta e cinco por cento... - Balanço a cabeça, batuco a mesa por um instante. - É o suficiente para mim.

- Você não entende - Ele começa. - Mark já é um talento descoberto. Sabemos que nos traz retorno. Não posso te dar tamanha confiança nesse momento.

Tento me manter firme. Inspiro profundamente e me viro para Gerald. Ele faz que não com a cabeça, mas então eu lembro o que aconteceu para minha presença ser confirmada aqui.

Pego a caneta, ponho uma força ao assinar, as folhas de trás ficam levemente marcadas.

Julian sorri, satisfeito.

- Está feito - Ele estende sua mão para Gerald. - Nossa parceria será um sucesso.

Sorrio mesmo que não queira. Sou a primeira a sair da sala, Gerald me acompanha.

- O que foi isso, Madison? - Ele pergunta, em choque.

- Você esperava o quê?

- Que a busca continuasse. Menos de cinco por cento é um absurdo, você está deixando que ele te pise.

- Você mesmo disse que eu deveria fechar o contrato.

Estamos andando apressados pelo corredor, mas consigo ver os sofás ao longo do caminho.

- Não nessas condições!

Cerro meus punhos, não posso rebobinar o tempo.

- E em que condições? Você... - Paro de falar instantaneamente. Vejo alguém de cabelos ruivos e longos sentado de uma forma despreocupada.

Meu rosto fica pálido, me sinto nervosa e minha respiração falha. Saio andando antes que tenha um vislumbre do seu rosto, mas consigo reconhecer o anel que estava usando.

Olho para trás, a voz de Gerald fica quase imperceptível.

Pisco lentamente, minha vista escureceu e perdi o equilíbrio. Minha última sensação foi meu corpo se chocando contra o chão frio.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora