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- Nova York, 03 de dezembro de 2017

(Ziggy Berman)

Tão... Frio...

Sinto meu corpo tremendo, aqui está frio. Meus olhos parecem congelados, é a impressão que dá quando tento abrir.

- Mad... - Eu tento falar, mas parece que minha boca está dormente. A única coisa que consigo mexer de fato são minhas mãos.

- Ela está acordando! - Alguém diz, sua voz tem o tom parecido como quando estamos submersos na água.

Ouço um tiro, meu coração acelera e eu finalmente arregalo meus olhos. Engulo em seco, a garganta dói. Apoio os dois braços na maca e levanto de uma só vez. Fico sentada, abraçada comigo mesma por conta do frio e horrorizada pela cena que acabo de ver.

- Que... O que? - Pergunto ao ver uma enfermeira morta, seu sangue se espalhando pelos lençóis brancos.

- Vai pro inferno, Ziggy Berman! - Megan diz, ofegante. Ele está com raiva. Não, não raiva. Está furioso, e apontando uma arma para mim. - Você se meteu nisso porque quis. Escolheu participar daquela gangue, e prejudicou todo meu arsenal e as pessoas que eu confiava. Você vai para o inferno, e eu espero te encontrar lá para te atormentar até você implorar para que eu...

Megan é atingido no braço, mas não cai no chão. Ele só fica cambaleando, e sua arma sai escorregando pelo chão, só parando ao bater nos pés da maca.

- Você... - Madison diz, entrando no quarto. Eu não sei o que está acontecendo, mas ela está segurando uma arma. Suas mãos tremem sem parar, ela precisa de um tempo para recuperar sua voz, que está trêmula, fina e fraca, quase não tem som. - Fala demais.

Megan tenta correr para pegar a arma, mas eu saio da maca num pulo e pego primeiro.

- Solta isso, Madison. - Eu mando.

Sinto que meu corpo não vai aguentar por muito tempo.

- Solta, porra! - Eu repito, então ela faz isso.

- Vai morrer sem lutar? - Megan pergunta, os punhos cerrados.

- O único que vai morrer aqui é você. - Eu digo, colocando o dedo sobre o gatilho.

Madison poderia ter acertado o tiro, mas não conseguiu. Isso não aconteceu porque é fraca, mas sim pelo fato de que nunca precisou encostar em uma arma. Eu olho para ela de relance, parada perto da porta.

Respiro fundo, largo a arma.

- Você está hesitando? - Megan diz, em seguida se aproxima e me joga contra a parede. Eu caio no chão, sem forças, o que estava ao lado da cama também faz um barulho estrondoso.

Ele me dá um chute, eu solto um grunhido de dor.

- Ziggy, o que você está fazendo? - Madison diz. Ela começa a se aproximar, Megan logo percebe e vira para trás, acertando ela com um soco.

- Não encosta nela, caralho. - Eu grito para Megan, que joga Madison no chão.

- Então eu matarei você primeiro.

Ele me pega pelo colarinho da roupa hospitalar, eu não deixo que perceba a tesoura que estou nas mãos, e isso dá certo, porque Megan só percebe isso quando a ponta da tesoura está no seu pescoço.

Seus olhos se arregalam, ele me solta e eu observo o sangue se espalhando pela sua camisa.

- Você... - Ele começa, e eu retiro a tesoura lentamente do seu pescoço. - Você é o diabo, Ziggy Berman.

Megan cai no chão, eu encaro o corpo, e em seguida meu coração acelera mais uma vez. Minhas pernas tremem, eu caio de joelhos no chão.

- Ziggy! - Madison diz, segurando meu rosto com as suas mãos. - Ziggy, por favor.

Eu abraço ela. Sinto seu calor me tomando, o cheiro de sangue em sua roupa ofuscando o cheiro que era possível sentir antes.

- Madison... - Eu começo a passar meus dedos entre seus fios de cabelo.

- Ei! Ei, Ziggy, não desista, está bem?

Respiro fundo, meus olhos começam a lacrimejar, eu ignoro tudo que passamos até agora e abraço Madison como nunca fiz antes.

Gang • Madison and ZiggyOnde histórias criam vida. Descubra agora