Capítulo 58

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🌪️ jade Picon

Não sei quantas horas se passaram em que eu estava ali mas já estava começando a fraquejar. Estava muito abafado e tudo estava fechado, eu estava sentindo muita sede e meu corpo estava doendo por estar naquele chão jogada de qualquer forma.

Desde que a Vitória saiu eu não vi nenhuma movimentação ou alguma pessoa aparecer novamente pra me falar alguma coisa. Eu não tinha nem forças pra chorar e eu quis muito desaparecer, querer arrancar toda essa dor de vez.

Eu queria fazer sumir esse problema da vida das pessoas que são próximas a mim e estão sofrendo por consequência de algo que é unicamente pra me atingir. Paulo André é o amor da minha vida, qualquer coisa que vier para o ferir, vai me atingir em uma proporção maior.

Um rapaz encapuzado abriu a porta de vez mas eu não consegui levantar, não tinha forças. Apenas abri meus olhos e o fitei.

- Você pode me dar um pouco de água? - Pedi com dificuldade sentindo a minha garganta completamente seca.

- Não posso. Não tem água. - Ele me falou grosseiro.

- Quando vão me tirar daqui ou falar o que realmente querem comigo?

Eles não me responderam, apenas ignoraram e minutos depois eles jogaram a Vitória no chão do porão e trancaram a porta. Ela chorava e manteve seu corpo encolhido. Eu fechei os meus olhos por não aguentar mais ficar sem saber o que está se passando e permanecer sem respostas.

Eu e Vitória passando horas ali sem trocar uma palavra com a outra mas já estava me incomodando. Toda essa pressão psicológica já estava sendo torturante.

- Vitória? - A chamei e ela olhou pra mim. - por que você está fazendo isso com você?

- Como assim comigo? - Ela perguntou baixinho.

- É que em um momento você estava sendo a pessoa por trás de tudo e agora de repente está sendo tratada exatamente como a pessoa que você quis ferir.

- É muito complicado, Jade. Você nunca entenderia.

- Acho que aqui dentro e trancadas você pode me explicar, nós temos tempo.

- Antes de ir morar no Espírito Santo, eu morava com a minha mãe. Ela engravidou aos 14 anos de um rapaz que até hoje não se sabe quem é. Ela era muito linda, linda de verdade, me lembro que quando criança eu queria ter a mesma beleza dela. Ela me criou com muito desgosto, sempre colocou na minha cabeça que eu era um peso, que eu estava ali para distrair a vida dela mas eu era pequena e não entendia muito. Até que com uns 8 anos as palavras dela já pesavam pra mim e uma dessas eu acabei debatendo, ela me bateu muito nesse dia e disse que não viveu pra criar alguém como eu, porque ela nunca se sentiria a minha mãe. - Ela falava tudo muito fria, como se tivesse se acostumando com aquele sentimento dentro dela.

- E nesse mesmo dia ela disse que estava indo embora pra tentar sua vida de modelo e que ela faria muito sucesso. Foi quando fui morar com os meus avós no Espírito Santo e quando eu conheci o Paulo André. Sei que muitas pessoas não entendem mas ele me salvou de mim inúmeras vezes. Eu tive problemas pesados comigo, sempre carreguei o pior e descontei o pior mas pessoas. Ele foi meu primeiro amigo e uma das primeiras pessoas que me estendeu a mão. - Ela falou e eu dei um sorriso leve lembrando dele e é do caráter e da personalidade dele ser empático e ter um coração de ouro.

- E disso eu coloquei na minha cabeça que ele seria o cara que eu casaria porque era o único que conseguia me ver de verdade e sem máscara. A minha vida se tornou fazer de tudo pra chamar a atenção dele, pra fazer com que ele me visse também como namorada. Todas as vezes ele me disse que só namoraria quando encontrasse o amor de alma dele e eu passei a minha vida tentando ser esse amor. Tanto que perdi a amizade dele e passei a ser só uma desconhecida. A verdade é que eu passei o tempo inteiro buscando ser amada por ele porque eu tinha a necessidade de ser aprovada por alguém e eu sempre achei que pra ser amada eu precisasse me humilhar, me rastejar e fazer de tudo pra que a pessoa fique comigo. - Eu posso ser maluca mas vi que ela realmente estava péssima por essa situação dela.

- Então você apareceu, eu não aguentei ver tudo que vocês estavam vivendo dentro do Big Brother, não quis acreditar que isso continuaria aqui fora mas continuou. Paulo André achou o amor de alma da vida dele e não sou eu. Pra tudo que sou acostumada a fazer me deixou transtornada e eu quis de todas as formas interferi no relacionamento de vocês mas você nunca me dava moral, nunca ligou para as minhas provocações e eu só via vocês mais juntos ainda. Não estou pedindo seu perdão, não quero que você olhe pra mim como alguém que deve ser perdoada, Jade. Mas eu sei que falhei com você. E quando a minha mãe me ligou pela primeira vez depois de anos, eu enlouqueci de vez.

- Como assim sua mãe? - Perguntei me perdendo um pouco na história.

- A minha mãe me ligou mas não era pra saber como eu estava, não era pra saber de nada relacionado a mim e ao meu bem estar. Ela me ligou querendo todas as informações do Paulo André e por um momento eu contei tudo pra ela, contei do meu amor platônico por ele e de toda a minha raiva por vocês estarem juntos. Então ela me propôs algo, ela queria que eu começasse ameaçar você e seu relacionamento com o PA porque ela queria chegar diretamente em você usando outras pessoas primeiro. Ela me usou pra isso, e eu quis a surpreender porque queria estar com ela e queria que ela visse como que eu era alguém que merecia estar com ela, mais uma vez fiz o impossível pra ser aprovada. E depois de tudo e te você ter chegado até aqui ela me descartou e me colocou nessa situação como se eu fosse um nada mais uma vez. - Me levantei do chão com dificuldade e a encarei com uma expressão séria.

- Vitória, por que sua mãe quer me destruir ? quem é a sua mãe?

- A minha mãe é a...

- Sou eu mesma, oi florzinha! Quanto tempo.

Olhei pra porta que foi aberta e não quis acreditar na pessoa que estava na minha frente. Minhas pernas começaram a tremer muito e meu coração disparava acelerado, minha boca secou e eu me apoiei pra não cair pra trás.

- Bárbara? Como você.. como você.. -Tentei falar e não consegui.

- Eu mesma, surpresa vadia!

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Eita mulinga

Eita mulinga

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Visual Connection - Jadré | Jade Picon e Paulo André Onde histórias criam vida. Descubra agora