Capítulo 11 :

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Arthur: Chegou na hora certa. — ele se levantou olhando para o relógio em seu pulso, o que fez com que minha pulsação acelerasse — Precisamos conversar antes de eu te liberar para o treinamento com Olivia.

Arthur deu a volta na mesa parando cerca de um metro de distância de mim. O perfume masculino invadiu minhas narinas e eu inspirei profundamente, me deixando envolver pelo aroma amadeirado. Aquele homem era viril, exalava poder e o fato de colocar as mãos nos bolsos da calça social o deixava com uma pose ainda mais firme mostrando-se o dono daquela situação.

Eu preferi não dizer nada, fiquei parada no mesmo lugar sentindo o coração acelerar por conta da proximidade. Arthur me olhava fixamente, senti seu olhar passear por mim devagar e foi a primeira vez que o vi me analisando dessa forma, sem reprovação e meu coração acelerou ainda mais que tive medo de que as batidas pudessem ser ouvidas.

Arthur: Fiquei satisfeito com a pontualidade, Charles sempre estará te esperando no horário certo, portanto não atrase se arrumando. — sua voz era calma, porém firme.

Carla: Eu não vou me atrasar, gosto de cumprir com minhas responsabilidades. — respondi tentando deixar de lado meu nervosismo, eu precisava com urgência me acostumar com a presença dele.

Arthur: Então vamos nos entender nesse ponto. Outra coisa que quero deixar claro, Carla, é que apesar de você ter uma parte da empresa, você ficará no momento como minha secretária e eu vou exigir de você da mesma maneira que exijo de Olivia, inclusive que me chame de "Sr. Picoli".

Carla: Posso fazer isso. — levantei um pouco mais o queixo, eu tentava ignorar o perfume dele e me focar no que tinha de fazer — Mais alguma coisa?

Arthur: Como combinamos, você ficaria até o horário do almoço nesses primeiros dias, mas depois quero que fique até o final do expediente.

Carla: Eu sei. — balancei a cabeça concordando.

Arthur: Olivia vai te ensinar o que precisa, estou ocupado com alguns contratos, diga que não quero ser interrompido. — Eu apenas assenti e saí da sala sentindo todo o peso se esvair do meu corpo.

Respirei fundo devagar e me recompus imediatamente antes que Olivia percebesse que eu estava abalada por conta de Arthur. Aproximei-me devagar e ela me olhou direcionando um sorriso.

Olívia: O Sr. Picoli me disse que você vai ser a secretária temporária. — ela pegou seus óculos de grau sobre a mesa e colocou-os — Podemos começar com o básico?

Carla: Claro.

Olívia: Coloque sua bolsa aqui nessa gaveta inferior, é onde eu guardo a minha. — ela abriu uma gaveta funda na parte direita da mesa e eu coloquei minha bolsa lá dentro junto com a dela — Agora pode se sentar aqui na minha cadeira, eu vou explicar tudo enquanto você vai fazendo conforme minhas instruções. — levantou-se e ficou logo ao lado da cadeira — A propósito, sou Olívia Miyamoto.

Carla: Muito prazer. — sorri amigavelmente e logo me sentei.

Olívia: Bem, Carla... — A olhou um pouco insegura — Posso te chamar assim?

Carla: Claro. — balanço a cabeça.

Olívia: Vamos começar pelo telefone. O Sr. Picoli tem uma discagem direta para a sala dele, basta apertar o número um. — ela apontou para a tecla exibindo uma unha grande pintada de rosa — Esse papelzinho aqui na lateral do aparelho são outras discagens rápidas, para a sala de outros executivos ou a recepção. Está tudo escrito aqui, não tem como se confundir. Alguma dúvida?

Carla: Não, eu entendi perfeitamente. Está fácil. — olhei para o brilho da tela do monitor ligado — Eu acho que o computador vai ser a parte mais complicada.

Olívia: Você já trabalhou como secretária?

Carla: Não. Eu era professora do jardim de infância. — respondi sabendo que poderia provocar certo preconceito em relação ao fato de eu conseguir aprender a lidar com certos detalhes.

Olívia: Vou te ensinar como verificar a agenda do Sr. Picoli e marcar horários. Além do mais, todos os dias ao final do expediente eu envio para o celular dele a agenda do dia seguinte. E quando ele chega ao escritório, repassa a agenda comigo para confirmação dos horários. É bem simples. — Olívia apontou para a tela do computador — Clique neste ícone, eu vou te ensinar como organizar a agenda.

Passei toda a manhã recebendo uma grande quantidade de informações e cada vez que aprendia um pouco mais sobre como era trabalhar para Arthur Picoli, eu descobri várias razões para ele ser tão rico e poderoso. Aquele homem dirigia a empresa de maneira rígida e não permitia erros, por menor que fossem. Manter sua agenda organizada era o primeiro passo para ter sucesso em reuniões, nunca chegar atrasado e saber exatamente como dispor de seus horários livres. Apesar de muitos detalhes para absorver, eu consegui entender quase tudo. No dia seguinte eu iria praticar um pouco e ficaria por alguns momentos no lugar de Olivia.

Na hora do almoço, eu peguei meu celular correndo e liguei para Daniela para saber como estava Malu. Por sorte tudo estava bem, minha filha havia dormido grande parte da manhã e eu sabia que aquele era o horário em que ela costumava ficar mais calma. Charles estava com o carro em frente ao edifício da empresa vestido discretamente em seu terno preto e com eficiência, abriu a porta de trás da Mercedes para que eu pudesse entrar.

Charles: Como foi seu dia, Srta. Diaz? — ele me perguntou quando o carro já estava em movimento.

Carla: Muito produtivo, Charles. Acho que será bom voltar a trabalhar, só sentirei um pouco de saudades de Malu. — disse sentindo uma leve pontadinha no peito por ter de deixar minha filha tão cedo.

Charles: Eu entendo.

Carla: Posso lhe fazer uma pergunta, Charles? — eu não soube dizer o que me deu forças para deixar um pouco a timidez e o desconforto de lado e passar a interagir melhor.

Charles: Claro, Srta. Diaz. — ele me respondia, mas sua concentração estava toda no trânsito à sua frente.

Carla: Você tem filhos? — assim que perguntei, julguei que estava ultrapassando os limites, porém não tinha mais volta.

Charles: Tenho dois. O mais velho está na faculdade e mora em Boston, o mais novo ainda no Ensino Médio.

Carla: Deve se orgulhar bastante deles. — disse ajeitando a bolsa em meu colo.

Charles: Bastante. Minha esposa é a maior responsável pelo sucesso deles, eu sempre passei a maior parte do tempo fora de casa.

Carla: Sempre trabalhando para a família Picoli?

Charles: Faz dez anos que trabalho para eles. — o carro fez uma curva mais fechada e eu precisei me segurar no banco da frente — Me desculpe, eu acho que o tráfego aqui será mais tranquilo.

Carla: Não tem problema. — recostei novamente no banco de couro, eu estava começando a me acostumar com certos luxos — É bem mais legal conversar enquanto estamos no carro, faz a viagem parecer mais curta.

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