Capítulo 87 :

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Coloquei a caixinha de primeiros socorros sobre a mesa e comecei os preparativos para cuidar do machucado dele. Arthur não esboçou nenhuma reação, apenas um leve gemido quando toquei seu machucado com o algodão molhado pelo antisséptico. Fiz a limpeza do ferimento e agora só o que podia ser visto era um avermelhado que logo sairia.

Carla: Pronto, agora está melhor. — eu disse segurando seu queixo para avaliar o machucado.

Arthur: Obrigado, querida. — levantou-se e esticou o corpo, retirando o paletó — Preciso lavar as mãos.

Quando olhei para baixo, pude ver os nós dos dedos sujos de sangue. Assustei-me pensando que fosse mais um ferimento e ele pareceu notar meu espanto.

Arthur: Fique tranquila, esse sangue não é meu. — ele disse de imediato — Acho que o nariz daquele desgraçado vai demorar a voltar para o lugar.

Carla: Você foi tão corajoso de ter feito aquilo. Tenho medo das ameaças dele.

Arthur: Não se preocupe, Carlinha. — senti seu beijo em minha testa.

Arthur saiu em direção ao banheiro que ficava do outro lado da sua espaçosa sala. Demorou lá cerca de três minutos e eu me sentei no sofá no lugar anteriormente ocupado por ele. Quando voltou, ele estava com as mangas da camisa enroladas até os cotovelos e sua gravata afrouxada. Não pude deixar de notar o quanto estava sexy desse jeito mais despojado. Levantei-me e o abracei.

Arthur: Dá para ver que continua preocupada. — senti suas mãos grandes em meu rosto com o perfume do sabonete líquido penetrando minhas narinas, suspirei e sorri levemente.

Carla: Estou um pouco preocupada, mas não se incomode com isso, meu amor.

Arthur: Fico mais preocupado com você do que com a repercussão de tudo isso.

Senti seus lábios tocarem os meus num gesto carinhoso. Não era algo extremamente comum vindo dele, Arthur era mais intenso, todo seu corpo emanava um calor impossível de ser ignorado. Agora, ele parecia aguentar a dor em seu machucado, pois não fazia a menor menção de se afastar. Ele pousou a mão em minhas costas, descendo até a lombar e quando senti meu corpo ser pressionado no dele, o telefone tocou fazendo-o soltar um palavrão. Arthur beijou meus lábios devagar e se afastou, apertando o botão do aparelho de telefone em seguida.

Arthur: Diga, Olivia. — sua voz saiu firme.

Olívia: Sr. Picoli, sua advogada Sarah Andrade está aqui para falar com o senhor. — a voz dela encheu a sala pelo viva-voz.

Arthur: Pode mandá-la entrar.

No minuto seguinte, Sarah abriu a porta e entrou vestida de maneira elegante com uma saia lápis azul marinho e uma blusa de seda azul turquesa. Eu sempre sentia uma pontada de ciúmes lembrando que ela e Arthur já tiveram um caso.

Sarah: Boa tarde. — ela nos cumprimentou de maneira educada.

Arthur: Sarah o que tem de novo para nós? — Arthur deu a volta em sua mesa e se acomodou indicando a cadeira à sua frente para ela se sentar.

Sarah: Conversei ao telefone com as pessoas que a Srta. Diaz indicou e todas estão dispostas a colaborar no testemunho, assim será fácil provar que Matheus rejeitou a gravidez. Também é importante pegar a gravação das câmeras de segurança e ver através da linguagem corporal que ele a ameaçou.

Arthur: Agora tenho outro assunto que deve ser tratado. Eu acabei de agredi-lo em frente à empresa.

Sarah: Agredi-lo?! — ela levantou uma de suas sobrancelhas bem delineadas — O quão grave foi isso?

Arthur: Ele começou com ofensas e eu não me segurei, parti para cima dele com um soco, a partir daí nos agredimos mutuamente.

Sarah: Isso aconteceu aqui em frente. — Sarah disse mais para ela do que para nós — Obviamente havia um grande número de testemunhas, talvez o evento apareça nos jornais. Isso pode ser bastante prejudicial no processo.

Arthur: Eu sei. — Arthur apenas concordou com um aceno de cabeça.

Sarah: Vamos precisar agir com muito cuidado agora. Se Matheus está interessado em dinheiro, este será mais um motivo para conseguir uma boa quantia. Eu vou precisar das imagens da câmera de segurança para tentarmos trabalhar com o fato de que ele provocou a briga com ofensas.

Arthur: Certo. — devagar, ele se levantou e Sarah fez o mesmo. O gesto dava a reunião por encerrada. — Eu vou solicitar as imagens e peço para Olivia ligar caso eu esteja ocupado e lhe entregamos a cópia.

Sarah: Perfeito. — ela se encaminhou para a porta — Qualquer novidade eu entro em contato.

Arthur: Farei o mesmo.

Quando ela saiu, eu me levantei esboçando uma reação depois de ouvir toda a conversa. Senti meus olhos se enchendo de lágrimas pensando em todas as consequências daquilo e acreditando que era minha culpa. O peso da minha consciência era quase insuportável e cobri meu rosto com as mãos antes de ceder às lágrimas. Rapidamente senti os braços fortes dele envolvendo meu corpo e desabei em um choro ainda mais intenso.

Arthur: Carla, por favor. — ouvi seu tom de súplica.

Carla: É tudo culpa minha, Thur. Sua imagem vai ficar manchada por conta dos meus problemas. — minha voz saiu embargada entre soluços.

Arthur: Não é culpa sua. Olhe para mim. — senti as mãos com carinho tentando tirar as minhas que estavam sobre o rosto.

Olhei para ele e vi seus olhos brilhando de maneira intensa. Meu Deus, como eu amo esse homem! Pensei totalmente petrificada com sua beleza e meus sentimentos por ele. Arthur era maravilhoso em muitos aspectos e toda sua frieza de quando o conheci pareceu não ter existido.

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