Capítulo 2 :

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Xxx: Olá, seja bem vinda.

A mulher foi a primeira a esboçar alguma reação e desceu as escadas me enviando um sorriso de dentes perfeitos. A voz melodiosa dela chegou aos meus ouvidos, mas eu ainda estava sob os efeitos daquele homem que até agora estava parado no mesmo lugar. Ela deu alguns passos até mim e eu comecei a me sentir novamente diminuída. Eu usava uma calça jeans simples, sapatilhas cor de rosa e uma blusa cor de marfim com um decote em V.

Xxx: Eu sou a Daniela.

Aquela era a neta mais nova de Bairo. Eu me lembrei de algumas histórias que ouvi dele durante o tempo em que convivemos. Ele era um senhor bastante divertido e não se deixava abalar por conta da doença que estava enfrentando. Havia passado um mês desde que ele faleceu, mas eu ainda sentia muito sua falta, principalmente durante as tardes que costumávamos ficar conversando sobre o campeonato de futebol. Não que eu entendesse muito sobre o esporte, mas eu sempre lia as notícias do jornal e Bairo algumas vezes ficava indignado com os fatos. Percebi que precisava falar alguma coisa, minha mente estava divagando novamente e eu tinha que manter o foco.

Carla: Obrigada, sou Carla Carolina Diaz. — disse tentando manter minha voz tranquila.

Daniela: E essa pequenina como se chama? — os grandes olhos castanhos desviaram sua atenção para minha filha.

Carla: Maria Luísa. — respondi olhando para baixo vendo que ela ainda dormia tranquila. — Malu.

Daniela: É linda! — sorriu e me olhou novamente — Venha, Charles vai levar suas coisas para o quarto.


Daniela girou o corpo com graciosidade e começou a se encaminhar para a entrada da mansão onde o homem continuava parado, agora de braços cruzados. Aquela posição fazia com que seus músculos se acentuassem e a atração física começava a alcançar níveis ainda maiores. Quando subi os degraus, percebi o quanto eu era pequena. Sempre tive baixa estatura, mas estar diante daquele homem fazia com que eu me lembrasse daquilo imediatamente, eu batia mais ou menos na altura da base de seu pescoço o que indicava que ela tinha mais de um metro e oitenta. O perfume que penetrou em minhas narinas me obrigou a respirar mais fundo sentindo o aroma amadeirado que combinava perfeitamente com ele.

Daniela: Carla, este é meu irmão Arthur. — Ela me apresentou a ele e naquele momento tive a certeza de que o nome lhe cabia perfeitamente.

Carla: Muito prazer. — Malu acordou e começou a chorar. — Me desculpe, ela deve estar com fome. — olhei para os dois me desculpando.

Arthur não disse nada, apenas se limitou a girar nos calcanhares e foi em direção à porta deixando-me sozinha com Daniela. Charles passou do nosso lado carregando duas malas e sumiu no hall logo atrás do patrão. Eu estava bastante constrangida, ficou claro que Arthur estava incomodado com o choro de Malu e a ideia de viver naquela mansão começou a se tornar uma tarefa ainda mais difícil de aceitar. Daniela pareceu notar a falta de polidez do irmão e me deu um sorrio tranquilizador.

Daniela: Venha, você precisa amamentá-la e o seu quarto já está pronto.

Ela me chamou e eu a acompanhei notando o quanto aquela mansão era luxuosa. O teto era alto dando a dimensão de dois andares, as paredes eram pintadas em um tom claro de areia com colunas brancas de gesso. As escadas em forma de arco em cada uma das paredes subiam até se encontrarem no alto. Os corrimões pretos tinham ferros distorcidos de maneira clássica e os degraus de mármore davam um ar ainda mais aristocrata.

No centro do hall um grande tapete quadrado da cor da parede contrastava com o piso liso que até mesmo brilhava refletindo todas as imagens. O grande lustre de cristal pendia imponente acima da mesinha redonda no meio do tapete e dois conjuntos de cadeiras e mesas de chá estavam dispostos um de cada lado do ambiente. Daniela me conduziu pela escada e eu a segui até chegarmos ao grande corredor de quartos. Este seguia o mesmo estilo, as paredes eram da mesma cor e um longo tapete seguia até o final onde uma enorme janela eliminava a sensação de claustrofobia.

Eu pude ver que logo no final havia ramificações que provavelmente seguiam para outros corredores e eu me perguntei para que lado o quarto de Arthur ficava. Não foi difícil me ver imaginando aquele corpo grande deitado sobre os lençóis enquanto dormia dominando toda sua cama. Malu começou a chorar ainda mais e as imagens se dissiparam da minha mente como fumaça.

Virando à esquerda, logo no final havia uma porta branca entreaberta e foi até lá que Daniela me levou. Aproximamos-nos no mesmo momento em que Charles saía após deixar as minhas malas. Ele acenou levemente com a cabeça tocando a aba do quepe e caminhou de maneira silenciosa até sumir pelo outro corredor. Quando entrei no quarto, fiquei chocada com a beleza daquele cômodo. Se um quarto de hóspedes era decorado daquela forma, como seria o quarto de Daniela e principalmente, como seria o quarto de Arthur? Eu estava há dez minutos naquela mansão e só conseguia pensar naquele homem.

Daniela: Gostou? — a voz dela afastou meus pensamentos.

Carla: É lindo! — respondi com sinceridade, por alguns segundos fiquei em transe naquele lugar e tinha esquecido o choro da minha filha.

Daniela: Você pode mudar a decoração de acordo com seu gosto, a primeira porta à direita é o quarto da sua filha. Como não sabíamos se era um menino ou menina, o quarto está bem simples, todo branco, mas você também pode decorar à sua maneira. — explicou enquanto eu tentava acalmar Malu.

Carla: Obrigada, está ótimo. — Sorri olhando para Daniela em seguida.

Daniela: Eu vou te deixar sozinha pra você tomar um banho, cuidar da Malu e daqui a pouco eu subo para te mostrar o resto da casa. A janta será servida às oito, você deve estar com fome. — caminhou até a porta e me olhou — Até daqui a pouco, Carla. Seja bem vinda.

Assim que fiquei sozinha desabei na cama e senti o colchão extremamente confortável. Adiantei-me e levantei a blusa, abaixei um pouco o bojo do sutiã e comecei a amamentar minha filha. Ela parecia faminta, sugava meu seio com pressa e eu tentava acalmá-la fazendo carícias em sua cabeça.

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