Capítulo 24

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Mais uma vez o senti Arthur me conduzindo com a mão firmemente em minhas costas enquanto atravessávamos o jardim até nos aproximarmos de um homem loiro com os cabelos penteados para trás e enormes olhos verdes claros. Ele era bonito, mas lhe faltava algo. Faltava ser Arthur Picoli. Apesar da beleza, aquele homem não exalava o mesmo poder e a mesma virilidade que eu somente via em Arthur, ou talvez exalasse, mas o dono da mão que estava em minha coluna havia tirado de mim qualquer reação a outro homem.

Arthur: Gustavo.

Então aquele era o tal Gustavo com quem ele falava ao telefone no dia em que ouvi sua conversa? Fiquei ainda mais curiosa para saber quem era aquela mulher a qual Arthur sentia necessidade de compartilhar seu desejo com outra pessoa. Devia realmente estar levando-o à loucura, até porque, ele sempre se mostrou muito controlado.

Gustavo: Arthur, achei que tivesse se esquecido de vir falar com seu amigo. — ele abriu um sorriso mostrando belos dentes brancos.

Arthur: Eu precisei apresentar Carla para algumas pessoas.

Gustavo: Posso entender. — aqueles brilhantes olhos verdes me olharam de cima a baixo — Olá, Carla. — estendeu a mão de maneira cordial — Sou Gustavo Beats fui colega de quarto do Arthur na faculdade.

Carla: Muito prazer. — senti o beijo dele em minha mão e sorri de maneira simpática feliz por saber mais uma informação sobre Arthur: ele cursou a faculdade.

Gustavo: Eu estava ansioso para te conhecer. — o sorriso dele contrastava com toda a seriedade do amigo.

Carla: Por quê? — minha curiosidade cada vez aumentava.

Arthur: Porque Gustavo tem essa mania de querer ver sempre com os próprios olhos. — Arthur interrompeu a conversa.

Gustavo: Principalmente quando se trata de uma mulher bonita.

Arthur: Tenho certeza que sua noiva não compartilha da mesma opinião. — será que eu realmente senti uma pontada de irritação na voz dele?

Gustavo: Mas eu tenho certeza que ela não vai se importar se eu tirar Carla para dançar por 5 minutos. — Gustavo meneou a cabeça olhando para o amigo — E nem você, certo?

Sendo mais uma vez um cavalheiro, Gustavo estendeu o braço para mim e eu não tive como recusar. Ele parecia divertido e apesar da forma como Arthur falava, eu pude sentir que eram muito amigos. Afastei-me acompanhada por aquele charmoso homem virando para trás cruzando meu olhar com o de Arthur que permanecia no mesmo lugar olhando-me de maneira séria com aqueles profundos olhos claros. Eu queria voltar lá, eu queria sentir novamente a mão dele na base da minha coluna, mas tive que ceder ao pedido de Gustavo e me encaminhei até a pista de dança no meio do jardim onde alguns casais dançavam uma música lenta.

Posicionando-me de frente para ele, senti sua mão na base de minha coluna e não senti o mesmo efeito sentido com Arthur. Unindo nossas mãos, ele começou a se movimentar e eu me deixei ser levada pelos movimentos lentos. Ele tinha olhos bonitos, mas eu não conseguia deixar de pensar nos profundos olhos de Arthur, na maneira como me olhava, sempre parecia que estava vendo minha alma.

Gustavo: Arthur está nos olhando. — ele comentou com um sorriso parecendo se divertir com a situação.

Carla: Eu não entendo. — tentei olhar para trás, mas não conseguia vê-lo.

Gustavo: Eu sempre gostei de provocá-lo e sei que ele não está gostando nem um pouco da nossa dança.

Carla: Por quê? — cada vez que o ouvia, ficava mais curiosa.

Gustavo: Conheço meu amigo, dividimos um quarto na faculdade durante quatro anos.

Carla: Eu não sabia que Arthur tinha cursado faculdade.

Gustavo: Administração, é bem a cara dele.

Carla: E você?

Gustavo: Arquitetura. Projetar casas é o que gosto de fazer. Meu pai queria que eu o seguisse e assumisse a empresa, mas aquilo não é o que eu gosto. Já Arthur, parece que nasceu pra isso.

Carla: Ele realmente fica na empresa como se estivesse em casa. Parecem naturais todos aqueles compromissos. — Gustavo me virou e eu fiquei de frente para Arthur que continuava no mesmo lugar nos observando.

Gustavo: De alguma forma para ele é. — vi seu sorriso se iluminar — Não se preocupe comigo, Carla. Eu tenho uma noiva, ela está viajando no momento. É decoradora, nos conhecemos em um trabalho. Agora ela está em Brasília, trabalhando para uma família de políticos. — explicou e eu fiquei mais confusa — Sei que você está se perguntando por que Arthur está tão irritado, mas tenho certeza que em breve você vai descobrir.

A música acabou e Gustavo parou de me conduzir sorrindo de maneira simpática e me agradecendo pela maravilhosa dança. Ele era um ótimo dançarino, mas eu estava um pouco desnorteada em relação a Arthur.

Gustavo: Foi um prazer te conhecer, Carla. — Ele segurou minha mão e depositou um beijo sendo um perfeito cavalheiro.

Carla: O prazer foi meu.

Ele era agradável, totalmente diferente de Arthur que era sempre frio, sério e parecia controlar cada um de seus movimentos. Era engraçado pensar nos dois como amigos já que tinham personalidades bem distintas. Gustavo inclinou a cabeça para mim antes de se afastar e eu olhei para Arthur que continuava no mesmo lugar. Seu olhar penetrante fez com que eu me arrepiasse, eu pensei que ele iria se aproximar, mas não o fez.

Sentindo o peso de ser observada, me virei e decidi que o melhor a se fazer era subir até o quarto de Malu e ver se estava tudo bem. Beth estava parada no corredor como se estivesse montando guarda na frente do quarto da minha filha e eu me senti um pouco culpada por estar lá embaixo já que eu era mãe enquanto ela ficava aqui em cima parada sem fazer nada. Aproximei-me devagar me sentindo um pouco envergonhada.

Carla: Me desculpe, Beth. Eu vou ficar com Malu, você precisa descansar.

Beth: Não, Srta. Diaz, de maneira nenhuma. O Sr. Picoli me deu ordens expressas para vigiar o quarto da sua filha. — ela respondeu de maneira séria.

Carla: Foi Arthur quem pediu isso? — espantei já que ele nunca fez questão de notar a existência de Malu.

Beth: Sim, eu não posso desobedecer às ordens dele. — ela respondeu e eu assenti sabendo que Arthur era completamente rígido.

Em silêncio, entrei no quarto de Malu e me aproximei devagar consciente do silêncio ali dentro. Agradeci à acústica da mansão que impedia que a música do jardim atravessasse as paredes e perturbasse o sono da minha filha. Olhei para ela durante alguns minutos deixando de lado todos os meus questionamentos sobre Arthur. O amor maternal que nasceu em mim no momento em que descobri que estava grávida dissipou todos os medos e os problemas que tive que enfrentar não se tornaram significantes. Eu me desiludi com o amor, mas eu ganhei em troca um amor ainda maior e mais sincero. Malu era minha vida e cuidar dela sempre seria minha prioridade.

Depois de certo tempo, achei que era hora de voltar para a festa e abri a porta devagar. Dei de cara com Arthur parado no corredor, sozinho, olhando em minha direção como um falcão. Respirei fundo diante daquele homem, ele tinha o poder de mexer com toda minha sanidade e abalar minhas estruturas. Fechei a porta atrás de mim e mantive o olhar fixo ao dele, tentando não me intimidar com seu tamanho e o poder que exalava.

Arthur: Gostou da sua dança com Gustavo? — a voz saiu fria, carregada de maldade.

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