Capítulo 77 :

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Arthur me conduziu em silêncio até a varanda do quarto e me sentei em um dos sofás acolchoados debaixo da sombra de um toldo branco.

Carla: Quando você me disse que era uma advogada, eu não pensei que fosse tão jovem. — comentei vendo-o de pé enquanto abria alguns botões da camisa social.

Arthur: Sarah é filha do meu advogado Evandro Andrade. Ele não pode comparecer porque está na Alemanha com William Jones visitando as instalações da fábrica de cosméticos e agilizando a papelada para o aval de funcionamento.

Assenti e fiquei em silêncio admirando as folhas das árvores sacudirem com a brisa da tarde. Respirei fundo e mordi meu lábio inferior me perguntando se Arthur achava Sarah interessante e quantos casos ela resolveu para ele quando seu pai estava ocupado.

Arthur: Vá em frente, Carla. Pergunte o que você tanto quer saber.

Olhei rapidamente assustada como ele pareceu ler meus pensamentos, ou talvez, eu tivesse me questionado em voz alta. Seus olhos eram avaliadores e seu semblante calmo mostrava o quanto ele estava confiante em relação à minha dúvida. Desviei o olhar e voltei a colocar minha atenção em cima das árvores tentando parecer natural.

Carla: Você e a Sarah já tiveram um caso? — esforcei-me ao máximo para parecer tranquila e a pergunta soar apenas como uma curiosidade, não o indício de uma crise de ciúmes.

Arthur: Já. — assentiu de maneira tranquila cruzando os braços e deixando seus músculos ainda mais evidentes.

Carla: Faz tempo?

Arthur: Alguns meses, quando ela começou a trabalhar para mim. — seu tom de voz ainda era tranquilo — O pai dela sempre foi advogado da família e ela passou a substituí-lo quando ele estava ocupado lidando com outros casos. Ficamos juntos algumas vezes, mas nunca foi nada sério. Inclusive, isso nunca prejudicou nossa relação profissional.

Carla: Por que terminaram?

Arthur: Porque era para ser assim. Não era nada sério, ficamos com outras pessoas e fim. Sem ressentimentos. — devagar ele se aproximou e agachou na minha frente levando sua mão até meu rosto — Eu não quero que fique pensando nas mulheres com quem me envolvi, Carla. Tudo isso está no passado, você é meu presente e será meu futuro.

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O jato particular de Arthur ganhava mais altitude conforme cruzava o céu enquanto, na poltrona de frente para mim, ele tomava um copo de uísque com gelo saboreando sua bebida de maneira tranquila. Estávamos indo em direção ao Ceará aproveitar o verão nas praias hospedados em um dos hotéis luxuosos da Enterprises Picoli.

Arthur: Parece que a Malu não está sentido a altitude. — comentou enquanto eu ajeitava minha filha em seu bebê conforto que foi preso de maneira segura na poltrona de couro.

Carla: Ela está dormindo profundamente, tive medo que ficasse enjoadinha com a viagem. Quando fui para o Rio de Janeiro, ela ainda era muito novinha, chorou bastante. — coloquei a mantinha sobre ela e olhei para Arthur que tinha seu peitoral à mostra pelos botões abertos da camisa social.

Arthur: Espero que ela realmente se acostume, vai ter que fazer muitas viagens ainda. — ele apoiou o copo de vidro sobre a mesa de madeira — O futuro nos reserva muitas coisas boas, querida.

Carla: Ao seu lado tenho certeza disso. — sorri e estendi a mão para segurar a dele — Você me traz uma segurança que nunca senti antes. Sei que vou superar esse problema com Matheus.

Arthur: Claro que vai. Farei até mesmo o impossível.

Senti segurar minha mão com carinho e alisar passando o polegar até os nós dos meus dedos. Seu olhar estava fixo no meu e eu pude ver o brilho do desejo começar a acender na profundeza de seus olhos amendoados.

Quem é você, Arthur? Onde histórias criam vida. Descubra agora