Capítulo 48 :

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A campainha tocou e eu notei Daniela ajeitar a postura e me olhar. Sorri para ela lhe passando confiança e notei o quanto Arthur estava relaxado ao seu lado apreciando sua bebida sem nem fazer ideia de que o namorado da irmã provavelmente tinha acabado de chegar. Beth apareceu na sala de estar trajando um uniforme preto que era sempre utilizado durante festas e jantares.

Beth: O Sr. Dutra chegou.

Quando ela anunciou o nome que para Arthur soou desconhecido, ele olhou para Daniela e em seguida para mim, mas eu mantive o olhar impassível. Com certeza ficou desconfortável e todos nós nos levantamos para receber o recém-chegado. Davi entrou na sala de estar e eu pude ver um homem elegante com cabelos castanhos bem cortados e olhos verdes brilhantes. Era bonito, mas em uma sala onde Arthur estava presente, ele não receberia tanta atenção. Vi Daniela se aproximar e fiquei parada, dando-lhe espaço para apresentar formalmente o namorado.

Daniela: Que bom que chegou, Davi. — ela tentou manter a voz firme e eu desviei meu olhar para ver Arthur que tinha adotado a postura de um CEO — Quero te apresentar à minha família. Este é meu irmão Arthur e esta é Carla Diaz, ela se tornou uma prima para mim. — ela bateu os longos cílios piscando de maneira afetiva — Esse é meu namorado Davi Dutra.

Davi: Muito prazer.

Davi se aproximou dele e ambos trocaram um aperto de mãos firmes, mas Arthur ficou em silêncio, provavelmente analisando o atual namorado da irmã. Ele era um homem avaliador, jamais deixaria que Daniela se envolvesse com alguém que ele não aprovasse. A tensão no ar era palpável, eu me sentei novamente no sofá dessa vez tendo a companhia de Arthur, que preferiu ficar do lado oposto à irmã e ao namorado, talvez para continuar avaliando o casal.

Senti seu perfume masculino penetrando minhas narinas e comecei a mexer no tecido da saia do meu vestido me sentindo um pouco tensa com aquela proximidade, como se nada tivesse acontecido entre nós. Por que eu agia dessa maneira? Eu conheço o corpo por baixo das roupas, ele conhece o meu, trocamos deliciosos momentos de paixão, por que não relaxar? Talvez porque Daniela estivesse ali e eu precisasse controlar meus desejos.

Arthur: Então, no que você trabalha, Davi? — Arthur perguntou girando no copo o resto de sua bebida, sua voz soou firme.

Davi: Sou dono de uma galeria de arte. — respondeu de maneira calma de mãos dadas com Daniela. — Faz quatro anos que estou nesse ramo, meu pai era dono de algumas antiguidades e foi o que comecei a expor, agora trabalho com artistas que estão começando a carreira. É como um incentivo, existem pessoas com muito talento.

Arthur: Entendo. Eu estava planejando convidar Carla para visitar uma galeria de arte, ela conheceu pouca coisa desde que chegou à cidade.

Daniela achou estranho ver o irmão falando que pretendia me levar para sair, mas se calou. Com certeza ela achava que não era o momento de perguntar nada a ele.

Beth anunciou a chegada de um casal. Ela era magra e esguia, com os cabelos ruivos cortados na altura do pescoço e o homem também era magro, completamente careca e com grandes olhos azuis. Estavam bastante elegantes e cumprimentaram a todos com simpatia. Fui apresentada a eles e descobri que eram um casal, Marta e Philipe haviam se casado há pouco tempo e ela estava esperando o primeiro filho, ainda no início da gravidez.

Enquanto Beth servia as bebidas, Arthur pediu licença e foi para o escritório alegando a necessidade de fazer uma ligação que já estava marcada em sua agente. Eu repassei os compromissos marcados mentalmente tendo certeza de que nada estava marcado naquele horário. Ou era uma ligação pessoal, ou ele estava mentindo. Pedi licença logo em seguida me justificando porque precisava ver Malu e aproveitei o hall de entrada, passando por uma das portas para chegar ao escritório de Arthur. Bati na porta, mas como não houve resposta, entrei devagar colocando apenas a cabeça para o lado de dentro. O vi sentado em sua cadeira de couro em completo silêncio, mas seus olhos se fixaram em mim e ele fez um leve aceno com a cabeça me dando permissão para entrar. Aproximei-me devagar até chegar perto de sua mesa e deslizei os dedos sobre a borda.

Carla: Aconteceu alguma coisa, Arthú? — perguntei na esperança de que ele me dissesse alguma coisa.

Arthur: Dani, escondeu de mim que estava namorando, Carla. — sua voz saiu baixa com uma pontada de incredulidade — Ela deveria ter me dito, preciso saber se o cara que está com minha irmã não é nenhum canalha.

Carla: Tenho certeza de que não é. — dei a volta devagar em sua mesa e recostei-me na borda — Você viu como eles se adoram? A forma como ficam de mãos dadas no sofá, como sorriem, como gostam da presença um do outro. Está claro que sua irmã está feliz. Além do mais, ela está sempre dentro de casa, pouco vai à empresa, apenas sai vez ou outra para fazer compras ou visitar uma amiga. Deixe que ela aproveite mais a vida.

Arthur: É difícil para mim. Desde que nossos pais faleceram, e a mudança da nossa irmã mais velha para o Exterior, eu tenho sido uma espécie de pai para Daniela já que nosso avô morava em São Paulo. É normal que eu me preocupe.

Carla: Mas não existe motivo, ela está feliz. Os dois ficam juntos e trocam sorrisos, é lindo de se ver. Sinto até inveja.

Arthur: Inveja por quê? — uma de suas sobrancelhas se levantou.

Carla: Em ter alguém do lado, para poder andar de mãos dadas, essas coisas. — o vi se levantar e ficar de pé na minha frente exibindo seus mais de um metro e oitenta.

Arthur: Você não precisa ter inveja disso, nós dois em breve estaremos fazendo o mesmo. E não pense que esqueci que quero te levar à uma galeria, talvez seja uma boa ideia ir até a galeria desse tal de Davi.

Carla: Não fale assim. — segurei a gola da camisa dele e deslizei os dedos — Ele fará Daniela muito feliz. Por que não esquece isso por um momento e me faz feliz, hein?

Ele sorriu para mim e fez com que eu sentasse sobre a mesa e capturou meus lábios em um beijo sedento. Arthur me suspendeu e aproveitou as mãos em minha cintura para me manter o mais próxima possível. Era louco como nós nos completávamos, como nossas bocas se encaixavam e tudo era deixado de lado quando estávamos juntos. Senti uma das mãos dele deslizar até a minha lombar e senti que era inclinada pra trás. Arthur me beijava com paixão, sua língua explorava toda minha boca e eu soltei um gemido ao sentir sua ereção quando ele levantou meu vestido até que nossos quadris ficassem grudados.

Uma batida na porta não foi suficiente para que nós nos afastássemos, estávamos sedentos um pelo outro e meu corpo vibrava implorando por ele. Arthur seria capaz de transar comigo ali sobre a mesa, nossas respirações estavam ofegantes e nossos corpos ainda mais quentes. Agarrei seus cabelos com força e os apertei com vontade, mantendo o corpo perto do meu e sentindo a língua experiente explorar toda a minha boca. Senti o toque dele em minha coxa, deslizando até a mão o elástico da minha calcinha, agarrando-a sem nenhum pudor e puxando-a para baixo, porém algo o impediu de continuar. Uma voz assustada ecoou em nossos ouvidos e eu senti meu corpo todo tencionar.

Daniela: Arthur?! Carla?! — A voz de Daniela soou surpresa, como se tivesse visto um fantasma.

Arthur se afastou de mim com um evidente volume em sua calça que não fez questão de esconder, parecia estar chocado demais por ter sido flagrado como se fosse um adolescente e não um CEO de vinte e oito anos. Senti meu sangue esquentar e avermelhar minha face, me senti completamente errada por estar fazendo esse tipo de coisa às escondidas com ele. O que Daniela poderia achar? Que eu era fácil demais? Que tinha me jogado nos braços de Arthur? Que tinha me insinuado para ele?

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