Capítulo 19 :

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Arthur: A festa é um dos eventos mais esperados da sociedade, eu não quero nenhuma falha, vai ser um evento que me trará ótimos acordos futuros.

Carla: E você acha que eu possa fazer algo de errado que possa te envergonhar.

Arthur: Não. Na verdade, agora você é uma das peças principais da nossa empresa e quero falar detalhadamente sobre como será o evento e quem vai estar lá. — O vi olhar para o relógio.

O perfume dele dominou aquele quadrado fechado e eu tentei não respirar fundo para não me perder naquele aroma masculino. Na metade do caminho o elevador se abriu e duas mulheres entraram fazendo com que eu desse um passo para trás, em seguida mais pessoas foram entrando até que eu precisei me encostar em Arthur. Ele permanecia quieto e imóvel, mas eu senti minhas costas roçarem nos músculos de seus braços quando precisei dar mais um pequeno passo para trás quando um homem quase pisou no meu pé. Eu tentava não estremecer tendo plena consciência da presença de Arthur atrás de mim. Quando as portas se abriram, eu suspirei aliviada e saí para o hall do edifício completamente afetada pela proximidade enquanto Arthur continuava tranquilo e controlado.

Sair da empresa com ele fez com que quase todos ali no térreo olhassem para nós. Provavelmente estavam curiosos para saber quem eu era e porque estava saindo na hora do almoço com o todo-poderoso Arthur Picoli. A cada passo que eu dava, tinha total consciência da presença dele logo atrás de mim. Eu tentava caminhar com segurança e elegância, e acabei me assustando quando senti a mão firme segurar meu braço. O toque fez meu corpo se acender e eu precisei respirar fundo.

Arthur: Por aqui, Carla. — A voz dele era incisiva.

Eu apenas dei meia volta e paramos na entrada de um restaurante tailandês bastante espaçoso. A decoração oriental misturada com a madeira escura dava um ar mais acolhedor e eu fiquei perdida olhando para tudo à minha volta. As mesas eram de madeira escura combinando com as cadeiras, no centro um vaso listrado de azul e branco sustentava lindas flores alaranjadas. As paredes eram de textura cor de areia e tinham belos quadros decorando-as. As luzes baixas tornavam o ambiente aconchegante e até mesmo romântico, o que me deixava ainda mais apreensiva estando ali acompanhada por Arthur. O maître nos levou até uma mesa que ficava a um canto do restaurante e esperou que nos acomodássemos e entregou o menu.

Garçom: Com licença.

Ele disse se retirando e me deixando ali sozinha com Arthur que estava sentado tranquilo em sua cadeira. O vi abrindo o cardápio e passar os olhos pelos pratos totalmente em silêncio. Não perdi a oportunidade de admirar sua beleza masculina, os traços fortes e a barba bem aparada. Apertei minhas mãos imaginando como seria passar os lábios pelos dele enquanto notava sua boca bem desenhada.

Arthur: Que tal pedirmos um Pad Thai? É arroz frito com camarões, acho que você vai gostar. — ele me perguntou desviando sua atenção do menu.

Carla: Parece delicioso, eu vou aceitar.

Carla: Ótimo. — Decidido, ele fechou o cardápio e um dos garçons se aproximou para anotar o pedido que foi feito juntamente com um vinho.

Arthur era tão sexy tomando conta de toda a situação que eu não conseguia pensar em mais nada a não ser na presença dele ali comigo durante o almoço no meu primeiro dia de trabalho como sua secretária.

Arthur: Carla, quero conversar sobre a festa que vai acontecer na próxima semana lá na mansão. — ele voltou a se recostar na cadeira me olhando com intensidade — São cinquenta anos da empresa e vai ser nessa comemoração que quero te apresentar como acionista.

Carla: Está falando sério? — comecei a me sentir nervosa.

Arthur: Claro. — balançou levemente a cabeça — Você tem parte da empresa, quero que todos fiquem cientes disso.

Carla: Mas eu sou sua secretária no momento, vai querer fazer isso? Não ficaria estranho?

Arthur: Você é minha secretária. — ouvi a ênfase na palavra — Se está fazendo isso é porque nós dois temos um acordo. Você está trabalhando para mim, mas para os outros funcionários você é superior porque tem parte na empresa. Eu quero que eles saibam disso.

Carla: Por quê? Não é mais cômodo para você que todos pensem que sou apenas uma secretária?

Arthur: Sim, mas eu não quero comodidade. Eu não escondi que não concordo com a decisão do meu avô, mas já que ela foi tomada assim eu quero que você faça como qualquer Picoli, mostre que você tem autoridade naquela empresa, faça jus ao lugar onde está. Eu prezo pelo poder da família.

Carla: Você parece querer sempre ser o melhor.

Arthur: Eu sou, Carla. — inclinou-se para frente — E se você entrou nessa, tem que dançar conforme a música.

Lembrei-me de Bairo me dizendo para nunca abaixar a cabeça, mais uma vez eu via como ele estava certo. Aquele mundo era uma disputa para ver quem era o melhor e Arthur obviamente queria sempre estar por cima. Concordei com a cabeça aceitando meu destino e pensando em como me manter naquele patamar se eu vim de uma família pobre. Eu ainda não havia me acostumado com todo o luxo e dinheiro que agora também era meu, me sentia constrangida de comprar alguma coisa como se eu estivesse pedindo dinheiro emprestado. Era estranha essa situação. Há três meses eu não era ninguém e agora estava usando roupas caras, lindos sapatos e sem ter a menor noção de quanto dinheiro eu possuía.

Arthur: O que houve? Você ficou calada. — a voz de Arthur me despertou dos pensamentos.

Carla: Só estava pensando no que houve com a minha vida. — ajeitei a bolsa no meu colo de maneira inquieta — Até pouco tempo eu não era ninguém, mas agora eu estou aqui nesse mundo prestes a ser vista como uma das acionistas da empresa. Eu ainda não me acostumei.

Arthur: Trate de se acostumar, Carla.

Carla: Eu ainda me sinto envergonhada por gastar dinheiro. — respirei fundo apertando as alças da minha bolsa.

Arthur: Pare com isso, eu quero que você entenda que agora faz parte desse mundo e faz parte da família Picoli. Deve estar à altura, o que significa que deve estar sempre com as melhores roupas. — sorriu de canto — Não há como negar a superficialidade da alta sociedade Carla, mas imagem nos negócios é tudo.

Carla: Estou percebendo.

Arthur: O que te fará procurar o melhor vestido para usar na festa. Fale com minha irmã.

O garçom trouxe o vinho interrompendo a conversa e enquanto ele servia, fiquei pensando no assunto que acabamos de discutir. Realmente era um mundo superficial, todos estavam preocupados com a imagem, porém a cada dia que passava eu conseguia entender o motivo. Trabalhar com Arthur estava me mostrando que o mundo dos negócios era um lugar surpreendente e se ele era um empresário bem sucedido, se devia ao fato de estar sempre se adaptando às oportunidades.

Apesar do pequeno desconforto que eu estava sentindo na presença desse homem, o almoço foi tranquilo. Meu corpo a todo o momento fazia questão de me lembrar do quanto me sentia atraída por ele e tentei me concentrar em minha comida, que apesar de parecer diferente no começo, achei deliciosa. Fiz uma anotação mental de voltar ali mais vezes.

Voltar para a empresa me fez lembrar a responsabilidade que eu tinha. Arthur era sistemático e perfeccionista, umas das características que o faziam um empresário de sucesso. Passei o resto da tarde sem vê-lo, apenas atendi algumas ligações e repassei, ouvindo sua voz atender ao telefone a cada chamada. Vez ou outra eu pensava no almoço, ter a companhia de Arthur me fez sentir que agora estava um pouco mais próxima, era como se não fossemos mais dois desconhecidos.

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