Capítulo 9 :

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Carla: Preciso confessar que me sinto mais à vontade sem a presença do seu irmão. É como se ele me avaliasse o tempo todo, tenho vergonha de fazer algo errado à mesa.

Daniela:  Arthur é assim mesmo, muito metódico, gosta das coisas do seu jeito. Eu entendo como você se sente, mas com o tempo acho que você se acostuma. — pegou sua taça de vinho — Nem sempre ele janta em casa, no momento está saindo com uma tal de Carol. — revirou os olhos castanhos — Eu não a suporto.

Carla: Por quê? — aquela conversa começava a se tornar interessante, eu queria saber mais sobre Arthur, principalmente seu lado pessoal e isso incluía com quem ele saía.

Daniela:  Eu a acho muito antipática, às vezes a futilidade dela ultrapassa os limites. Por sorte meu irmão nunca traz as namoradas em casa, ele parou com isso desde que ele e a noiva terminaram. — ela deu de ombros — Bem, enfim, ele não gosta de falar disso, mas tive a oportunidade de encontrar Carol em algumas festas e jantares e a voz dela é irritante, o grude dela em Arthur é cansativo. Parece um carrapato. Sei lá, só sei que tento evitá-la o máximo que posso.

Carla: Entendo.

Limitei a dizer pensando sobre o fato de Arthur já ter sido noivo e curiosa para saber o motivo da relação ter terminado, deveria ser algo um pouco chato porque ele não gostava de comentar sobre aquilo.

Daniela mudou o assunto falando um pouco sobre as compras, perguntou quais peças eu mais tinha gostado e disse que com mais calma poderíamos sair para ver algumas roupinhas para Malu. Eu concordei, realmente precisava de algumas coisas novas para minha filha, incluindo sapatinhos, ela crescia rápido e eu não tive oportunidade de comprar mais nada, além do mais, o dinheiro era sempre muito restrito e não me dava muita possibilidade de exagerar. Sempre tive que tomar cuidado com minhas finanças, eu detestava ficar devendo, então fazia um controle rígido de tudo que gastava.

Quando terminamos o jantar e a sobremesa, decidimos ir até a sala de estar para Daniela me contar um pouco como seria a festa de aniversário da empresa. Sentamo-nos no sofá de couro e eu respirei fundo, adorava a maciez do estofado e peguei uma almofada para colocar no colo. Era uma de minhas manias. Antes de começarmos a conversar, fomos distraídas pela imagem de Arthur entrando vestido elegantemente com seu terno, mas com um semblante um pouco sério. Imediatamente senti meu corpo todo tencionar vendo o quanto ele era sexy, principalmente caminhando a passos largos. Ele foi até o bar no canto da sala de estar, pegou um copo e encheu com um líquido de cor de cobre e virou tudo de uma vez só.

Daniela: O que aconteceu, Thur? — Ela perguntou notando o irmão alterado — Achei que fosse chegar mais tarde, não foi sair com a Carol?

Arthur: Eu a levei para jantar, mas acabei de deixar ela em casa. Não estou com cabeça para encontros, só não cancelei o jantar porque já tinha cancelado o anterior. — ele virou o líquido dentro do copo novamente e colocou a garrafa em cima da bancada do bar, mas dessa vez não tomou tudo de um só gole.

Daniela: Algum problema na empresa?

Arthur : Minha secretária vai tirar férias na próxima semana e eu havia me esquecido completamente. — seus passos agora eram calmos, a bebida devia ter esvanecido um pouco a raiva — Preciso contratar alguém para colocar no lugar dela temporariamente, mas não tenho tempo para fazer entrevistas e Olivia precisa treinar a substituta para lhe ensinar como deverá ser o seu trabalho. — ele falava com a voz rouca que entrava em meus ouvidos me fazendo estremecer por dentro, aquele timbre era tão masculino.

Daniela: Entendi porque está parecendo tão estressado, mas tive uma ideia. — Ela disse sorrindo e bateu no sofá ao seu lado — Vem cá, sente-se porque precisamos conversar.

Arthur: Você teve uma ideia? — ele se aproximou carregando o copo ignorando totalmente minha presença ali — Como você pode ter uma solução para isso assim tão facilmente?

Daniela: Porque conheço uma pessoa maravilhosa que pode ser sua secretária durante esse período. — ela esperou ele se sentar ao seu lado e olhou para mim — A Carla.

Arthur: O quê? — Arthur franziu o cenho olhando para a irmã como se ela tivesse duas cabeças — O que está falando, Dani?

Daniela: Mas é claro, Arthur! — ela exclamou convicta do que estava dizendo — Você precisa de alguém rápido e a Carla precisa conhecer a empresa. É claro que ela tem parte na empresa, ser secretária não é o ideal, mas é um começo. — os grandes olhos castanhos dela olharam para mim e eu fiquei sem saber como reagir, ainda estava em choque — Você não se importa, não é?

Carla: Não... — respondi sem nem conseguir pensar direito — Mas eu nunca fui secretária, não tenho experiência. É um cargo de muita responsabilidade.

Daniela: Tenho certeza que Olívia vai te ensinar tudo e não haverá nenhum problema. — ela olhou novamente para o irmão que continuava com a mesma expressão incrédula — Não custa nada tentar.

Arthur: Essa ideia é insana, Dani. — Arthur negou com a cabeça.

Daniela: E você tem uma melhor?

Arthur: Certo. — ele suspirou e me olhou — O que acha de trabalhar comigo, Carla?

Carla: Na verdade eu adoraria ter uma ocupação, sempre trabalhei desde que entrei na faculdade, tenho sentido falta disso. — respondi sendo sincera, mas trabalhar com Arthur ainda parecia algo surreal para mim.

Arthur: Podemos fazer um teste depois de amanhã. — ele se levantou — Charles pode te levar até minha empresa e você pode observar como Olivia faz o serviço, ela pode te ensinar algumas coisas e na semana que vem você assume se achar que pode dar certo.

Carla: Eu vou tentar. — disse olhando para ele que me olhava fixamente com aqueles olhos profundos.

Arthur: Certo. Seu horário na empresa é às oito. — Tão rápido como havia entrado na sala de estar, ele saiu levando o copo consigo.

Eu ainda não conseguia acreditar que acabara de arrumar um emprego sendo secretária de Arthur. É claro que eu ia adorar ter responsabilidades e me sentir útil, mas trabalhar para ele era algo que me assustava. Arthur era sério, fechado e quando estava perto dele me sentia como se estivesse pisando em ovos. Não que eu tivesse medo, estava determinada a enfrentá-lo se fosse necessário, mas quanto mais pudesse evitar uma briga, mais fácil seria a convivência.

Daniela parecia satisfeita e continuava sorridente. Olhei para ela e sorri de volta, não muito convencida, mas determinada a fazer aquilo dar certo.

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