Capítulo 85 :

971 72 27
                                    


O amanhecer trouxe consigo uma chuva fina e a temperatura um pouco mais baixa. Gemi ao despertar, levantando os braços acima da cabeça para esticar o corpo. Arthur já havia levantado e pelo barulho dentro do banheiro, ele estava se arrumando para o trabalho. Eu também queria ir para empresa, então afastei as cobertas e me levantei no momento em que ele vinha para o quarto usando apenas uma cueca boxer preta, com seus cabelos molhados e a barba feita com precisão. Fixei meu olhar rapidamente em sua tatuagem, detalhe que para mim o deixava ainda mais sexy e somente desviei minha atenção quando ouvi sua voz grave.

Arthur: De pé tão cedo, querida?

Carla: Eu estava pensando em ir à empresa. — respondi passando as mãos nos cabelos.

Arthur: Achei que quisesse ficar em casa. — ele me olhou levantando uma das sobrancelhas e em seguida abriu o closet para escolher um terno.

Carla: Eu me acostumei a trabalhar, ficar muito tempo afastada me deixa impaciente. — aproximei dele e o abracei por trás dando um beijo no meio de suas costas musculosas espalmando minhas mãos no seu peitoral — Pode me esperar até que me arrume?

Arthur: Claro. — ele se virou de frente para mim e cravou seus olhos nos meus — Só me prometa que não vai sair de lá sozinha. Tenho a leve impressão de que Matheus está esperando uma nova oportunidade para te abordar e fazer ameaças.

Carla: Tudo bem. Eu não vou sair. Até mesmo porque eu não quero passar por aquilo novamente.

Arthur me deu um beijo leve e em seguida fui direto para o banheiro. Tomei um banho rápido para não atrasar nossa saída e vesti uma saia lápis preta e uma camisa branca de seda, deixando a cor de destaque no meu sapato vermelho. Fiz uma maquiagem leve e ajeitei os cabelos. Dei uma olhada em Malu por alguns minutos antes de descer. Arthur já estava na mesa do café vestido com um terno cinza, camisa preta e gravata de seda da mesma cor. Ele era o retrato da elegância. Sentei-me puxando a cadeira para me ajeitar e olhei para ele que bebia seu café com calma.

Carla: Onde está a Dani? — perguntei notando a ausência dela.

Arthur: Acho que ainda está no quarto ou nem mesmo dormiu em casa, deve estar com Davi. — respondeu pegando um pedaço de sua panqueca.

Carla: Eles estão cada vez mais firmes.

Arthur: Minha irmã está feliz, eu também fico feliz em vê-la assim. — Arthur colocou sua mão quente sobre a minha — E também fico feliz por nós dois.

Carla: Me sinto incrivelmente bem ao seu lado, Thur.

Ele sorriu apertando minha mão devagar e a soltou. Comemos o café da manhã quase em completo silêncio e antes de sair para empresa, subi até o quarto de Malu para lhe dar um beijo na testa. Ela ainda dormia tranquila e eu saí torcendo pra que ela ficasse bem. Por passar aqueles dias perto dela, achei que voltando a trabalhar e passar o dia fora, ela pudesse estranhar.

Arthur me conduziu até a Mercedes e fomos até a empresa ouvindo uma música suave no rádio do carro. A mão dele algumas vezes agarrava meu joelho me tirando do meu mundo particular, onde em silêncio, eu apenas ficava olhando a rua molhada pelas fracas gotas de chuva enquanto um desfile de pessoas caminhava segurando guarda-chuvas evitando esbarrar uma nas outras.

Arthur: Hoje a Sarah vai novamente ao meu escritório, vou pedir para Olivia ligar para sua sala assim que a reunião começar. — ele me tirou do meu transe momentâneo.

Carla: Espero que ela tenha boas notícias. — mordi meu lábio inferior um pouco preocupada.

Arthur: Eu também. Estou determinado a resolver isso o mais rápido possível.

Chegamos à empresa alguns minutos depois e subimos até nossas respectivas salas. Dei-lhe um beijo nos lábios antes de sair do elevador e atravessei o corredor até meu escritório. Respirei fundo sentindo o cheiro do ambiente. Senti falta desse lugar. Eu conseguia me sentir uma pessoa útil, assim como era quando ainda morava em São Paulo. Sentei e liguei o computador. Enquanto esperava toda a tela carregar, peguei meu celular decidida a ligar para minha tia.

Tia: Alô? — ela atendeu rapidamente e sua voz era reconfortante.

Carla: Tia! — exclamei animada em falar com ela novamente.

Tia: Carla, querida! Que alegria receber sua ligação. — ela também parecia bastante feliz e eu me recostei na cadeira girando-a um pouco até que pudesse ver os pingos de chuva escorrendo no vidro da janela.

Carla: Eu estava com saudades de conversar com você, tia. — eu segurava o celular com mais força que o normal, como se aquilo pudesse extravasar a vontade que eu tinha de abraçá-la — Como estão as coisas por aí?

Tia: Tudo maravilhoso. Agora temos uma novidade. A filha dos Hernández está grávida. Estão em uma correria só para celebrar o casamento antes que a barriga comece a aparecer.

Lembrei-me de como as pessoas na redondeza ainda tinham uma mente um pouco conservadora. Uma mulher ser mãe solteira causava neles certo desconforto e foi o que eu passei durante o tempo em que estive morando lá. Olhares atravessados cada vez que eu caminhava pelas ruas ou frequentava a igreja nos finais de semana. Com certeza eu sabia o que Laís estava passando.

Carla: Ela deve estar radiante. Pelo que me lembro, Laís sempre quis ter uma família grande porque achava injusto ser filha única. — respondi me sentindo cada vez mais nostálgica ao me lembrar de todas as vezes que sentava no sofá e conversava com minha tia.

Tia: Gustavo tem sido um bom rapaz. Ele acha que o bebê vai ser um menino, mas Laís insiste em dizer que será uma menina. Mas no fundo, acho que não se importam muito com o sexo do bebê. Eles estão animados mesmo para serem pais.

Carla: Já que você tocou nesse assunto, eu queria te dizer que Arthur está fazendo de tudo para resolver o caso em relação a Matheus. Está determinado a fazer todo o possível para que ele não se aproxime de Malu. Matheus só está interessado no dinheiro.

Tia: Eu ainda fico impressionada como ele mudou desse jeito. Ele parecia um rapaz tão legal. As aparências realmente enganam. Ainda bem que agora você tem Arthur e ele parece realmente gostar de você, já que está ajudando na luta contra Matheus.

Carla: Arthur está mesmo sendo maravilhoso comigo. Não sei o que seria de mim sem ele.

Continuamos a conversa, mas eu preferi não me aprofundar nesse assunto. Falamos um pouco sobre meu trabalho na empresa e em seguida desliguei prometendo ligar mais vezes. Durante toda a manhã tive pouco trabalho a fazer. Arthur me enviou dois relatórios antes de entrar para uma reunião demorada.

Como havia dito que não sairia para almoçar sozinha, marcamos um almoço juntos e bastava encontrá-lo no hall do edifício. Chequei as horas no relógio de pulso que ganhei de presente de Daniela. Era discreto e facilitava bastante não ter que pegar o celular dentro da bolsa para olhar as horas. Cinco minutos antes do almoço, peguei meu estojo de maquiagem e retoquei o batom antes de descer.

Já no hall do edifício, fiquei esperando por Arthur enquanto caminhava de um lado para o outro ficando impaciente. Estava ficando irritada quando as portas do elevador se abriram e ele surgiu me fazendo esquecer meu próprio nome. Magnífico em seu terno bem cortado, ele se despediu de um senhor baixinho com óculos de grau e me olhou de cima a baixo sorrindo de maneira a fazer meu coração praticamente saltar pela boca.

Arthur: Sei que estou atrasado, desculpe-me. — adiantou-se em se desculpar como se soubesse que eu estava irritada, o que já não era mais o caso —  Ricardo estava me contando sobre seu novo investimento no ramo de laticínios.

Carla: Está tudo bem, desde que me leve a algum daqueles lugares com uma sobremesa deliciosa feita com sorvete. — espalmei minhas mãos em seu peitoral lhe lançando um olhar quase suplicante.

Arthur: Será um prazer. — ele me deu um leve beijo nos lábios e apoiou meu braço no dele, me levando para rua em seguida.

Comentem

Quem é você, Arthur? Onde histórias criam vida. Descubra agora